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Entre a ordem e o caos – Compreendendo Jordan Peterson

Autor: André Assi Barreto

Ideias centrais:

1 – Jordan Peterson é um psicólogo e autor de Um antídoto para o caos, que vendeu mais de 5 milhões de exemplares em todo o mundo, e Além da ordem: mais 12 regras para a vida (o resumo desse livro pode ser lido aqui no [EXP].  Em Entre a ordem e o caos – Compreendendo Jordan Peterson, o autor André Barreto faz uma introdução às obras de Peterson e um aprofundamento das suas ideias.

2 – Para começar a entender o que é a ordem de que fala Peterson é preciso avaliar que há situações em que a ordem é boa e outras em que ela é ruim. Precisamos do caos para melhorar e nos aprimorarmos.

3 – Conforme o mito da caverna na filosofia de Platão, estamos todos presos no mundo sensível, então estamos todos dentro da caverna, mas precisamos trabalhar para nos desvincularmos desse mundo de engano e de sombras e buscar o mundo inteligível, que é o mundo verdadeiro, o mundo das ideias.

4 – Outro símbolo para compreender a tensão entre ordem e caos de Peterson é a dicotomia oriental yin e yang. Ela é representada por um círculo dividido em uma parte branca e outra preta, sendo que existe um ponto branco na parte preta e um ponto preto na parte branca. Por isso o par conceitual não é entendido como mera dualidade maniqueísta de bem e mal.

5 – Peterson encara a realidade do sofrimento e alega que existem duas alternativas para ele e para a realidade iminente. A primeira é o aumento da consciência e segunda o ressentimento, que produzirá revolta contra si e contra a sociedade, criando retorno ao caos.

6 – Primeiro devemos querer mudar a nossa realidade imediata, porque é isso que está ao nosso alcance. Quando desejamos apenas “salvar o mundo”, não conseguimos salvar nem o mundo (o que é impossível), nem a nossa própria realidade.

Sobre o autor:

André Assi Barreto é professor de filosofia nas redes pública e privada em São Paulo. Também atua como editor, tradutor e palestrante. É coautor de Saul Alinski e a anatomia do mal. Também é host do podcast OliverTalk.

Introdução

Nossa proposta é ficar um passo à frente de 12 Regras para a Vida e um atrás de Mapas de Significado, até mesmo servindo de ponte para os que desejarem saltar da primeira obra para a segunda e se aprofundar em definitivo no pensamento do psicólogo canadense Jordan Peterson, autor de ambos os livros.

A ordem e o caos que formam parte do título não são gratuitos; uma possível chave de compreensão das ideias de Peterson está justamente nessa tensão civilizacional entre os dois. Pensem em cordas de violão que, quando você as pressiona, as toca com veemência até o ponto delas quase estourarem. Isso gera uma tensão que, se levada às últimas consequências, pode fazer com que estourem mas, se você souber conduzir o processo, o resultado é a harmonia necessária para que o instrumento se torne afinado. No que concerne à tensão entre ordem e caos, a dinâmica é bem parecida.

A tensão é civilizacional porque podemos observá-la, expressa simbolicamente nos mitos de praticamente todas as civilizações. Não apenas a civilização ocidental, mas também alguns exemplos de fora.

A tensão civilizacional entre ordem e caos é definidora da realidade e por isso ela é tão essencial e importante, tão grandiosa e merecedora de atenção e de cuidadosa tentativa de compreensão. Por isso é expressa em quase todos os mitos, mesmo mitos de sociedades não ocidentais, porque representa algum elemento básico da realidade, se confundindo com a própria constituição da realidade. Essa tensão constante entre ordem e caos é expressa simbolicamente de diversas maneiras, nas mais diversas civilizações. O Yin e Yang é um exemplo. Um símbolo que provavelmente todos já viram: yin e yang, o claro e o escuro, um pouco de cada um dentro do outro. Ele também pode ser compreendido como uma representação simbólica da tensão entre a ordem e o caos.

O mesmo acontece em uma interpretação possível do Éden de Adão e Eva também. Como o próprio Peterson chama a atenção, Adão é a ordem e Eva é o caos. Ou o homem que mata o dragão e fica com o pote de ouro que ele escondia, que é uma metáfora de saída da ordem e enfrentamento do caos em busca de melhoria.

Capítulo 1 – O que é ordem e caos?

Para Peterson, essa ordem é o conhecido e não o bem, e pode, às vezes, ser representado por uma equivocada zona de conforto. Para começar a entender o que é a ordem de que fala Peterson é preciso avaliar que há situações em que a ordem é boa e outras em que ela é ruim. Precisamos do caos para melhorar e nos aprimorarmos.

Uma situação em que é possível interpretar um excesso de ordem como algo ruim seria, por exemplo, quando se atinge um certo ponto intermediário de sucesso em alguma tarefa e isso ocasiona um conforto a ponto de não querer sair deste ponto. Por que não melhorar mais? Se você tira uma nota 6, suficiente para aprovação, por que não ir além e buscar a nota 8 ou 9? Ainda que tirar 6 já proporcione um estado de ordem, por que não ir além disso? Por que não melhorar? Então, isso seria um exemplo de que uma certa ordem, meramente, também pode ser algo negativo, ou, ao menos, contextualmente negativa, posto que geradora de conformidade e de estagnação.

Se ordem é o conhecido, o caos é o desconhecido, mas não é o mal. Caso queiramos melhorar, precisamos enfrentar o caos, esse é a tendência normal. Talvez, sua busca para tirar uma nota 9 implique em, por exemplo, ficar acordado por mais tempo estudando. Isso pode ser um pouco caótico para você, mas ao final você vai ter notas melhores e isso pode te render uma boa proposta de emprego ou sucesso em uma análise de histórico escolar. Isso serve para ilustrar como as duas coisas precisam ser intermediadas e elementos dos dois são necessários.

Um outro exemplo, agora com sentido diverso. Suponha que você é membro de uma família de engenheiros e seus pais esperam que você siga a carreira na área de engenharia. É o previsível. O que é esperado? Que você siga na carreira como engenheiro. Isso é ordem. Mas você não quer essa escolha. Quer, por exemplo, psicologia. É ordem, mas é mau (pelo menos do seu ponto de vista).  Você está dentro do esquema ordenado e a expectativa é que você faça engenharia, mas você quer fazer psicologia. Para que você faça psicologia será necessário enfrentar atritos com os seus pais, sem saber exatamente se vai obter êxito. Isso é caos. Caso você consiga convencê-los satisfatoriamente, isso será bom. Há muitos filmes e até novelas que trabalham com situações como essas. De repente, seus pais de fato queriam que você fizesse engenharia, mas, ao ser firme e e posicionar, eles também veriam isso como algo virtuoso. Algo como “que bom, ele é independente, está ganhando independência, pensa com a própria cabeça”. Ou seja, a equação pendeu no sentido de “enfrentamento do caos resultando em algo bom”.

Tal como o caos, o profano não é necessariamente mau. Não se trata, até mesmo pensando mais uma vez o movimento realizado no começo do capítulo, de partir do que pensa o senso comum. Não é o profano no sentido da profanação, de pegar uma imagem sagrada e destruí-la, destruir uma igreja ou uma representação religiosa. Mas o sentido discutido no livro de Eliade, no sentido teórico e conceitual, vai além disso. O profano é simplesmente tudo aquilo que não é sagrado, uma caneta qualquer, por exemplo, é profana e não é preciso escrever uma profanação com ela para que seja profana. Pelo mero fato dela não ser sagrada, ela já é profana. Mas ela não é má, então o profano não necessariamente é algo mau ou ruim. Tal como o caos, o profano não é mau, mas simplesmente não é sagrado e faz parte das nossas vidas sem poder ser eliminado.

Capítulo 2 – A tensão entre ordem e caos na filosofia: o mito da caverna de Platão

É pertinente traçar aqui uma ilustração um pouco mais fundamentada de um exemplo da tensão entre ordem e caos na filosofia. O exemplo que será adotado é o do mito da caverna de Platão. A justificativa por essa escolha em específico ficará clara ao leitor no decorrer do capítulo.

O mito da caverna está no começo do livro VII, de A República, de Platão. A descrição do mito está num diálogo entre Glauco, irmão de Platão, e Sócrates que diz:

“Suponhamos, uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz que se estende a todo o comprimento desta gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente” (A República, editora Calouste Gulbenkian).

Basicamente, ele está dizendo o seguinte, a imagem física do mito da caverna pode ser pensada dessa maneira: você tem uma entrada de luz para uma caverna a ponto de projetar sombras, de maneira que as pessoas que estão ali estão de costas para a entrada, conseguem observar na parede ao fundo da caverna a projeção destas sombras.

Imagine que um desses prisioneiros da caverna se soltou, subiu a parte íngreme da caverna em que ele estava e viu a realidade. Pela primeira vez ele viu uma iluminação muito forte, teve aquela reação física de quando você está no seu quarto escuro, alguém abre a janela e você é atingido pela luz plena do sol. Ele viu os objetos de que antes ele viu apenas a sombra. Num primeiro momento titubeia, acha que as sombras são mais reais que a própria realidade. Ou seja, precisa se habituar ao mundo propriamente real, fazer comparações etc.

O que Platão quis dizer com tudo isso? Dentro da filosofia platônica existe a distinção entre mundo sensível e mundo inteligível. Ou seja, o mundo sensível é o nosso mundo, o que conhecemos por meio dos sentidos, o que vemos, tocamos, cheiramos, saboreamos. Mas existe um mundo superior a este, que é o mundo inteligível, o mundo das ideias, conhecido apenas por meio da inteligência. O paralelo é: nós estamos todos presos no mundo sensível, então nós estamos todos presos dentro da caverna, mas precisamos ter o trabalho e o exercício de nos desvincular desse mundo de engano, desse mundo incompleto, e buscar o mundo inteligível que é o mundo verdadeiro, o mundo das ideias, o mundo que contém aquilo que de fato importa. Esse é o primeiro significado propriamente dito do mito da caverna e é muito importante para a filosofia platônica.

Segundo elemento: quem é essa pessoa, este indivíduo que se liberta das suas correntes, da prisão, que se liberta do engano e que vislumbra, que se depara com a realidade? É o filósofo. Por meio de quê? Por meio da filosofia. Inclusive, muitos especialistas falam que essa subida, o momento em que o prisioneiro está subindo para sair da caverna é o momento máximo da filosofia, em que você está brigando, está num estado intermediário entre o engano e a verdade, entre o erro e a certeza.

E qual é o ensinamento que podemos e devemos levar disso? Nós precisamos enfrentar o caos se quisermos buscar a verdade, alcançá-la, e o processo poderá ser caótico. Do mesmo jeito que para conseguir o pote de ouro no final do arco-íris temos de enfrentar o dragão. Dessa forma, como resultado, teremos a verdadeira ordem, a ordem da verdade. É nesse momento que isso vai acontecer. É muito importante que se compreenda isso, pois todos esses elementos importantes são trazidos à tona nesse instante.

Capítulo 3 – Como a dicotomia ordem e caos se expressa nos principais momentos da cultura ocidental? A questão dos símbolos e dos mitos.

Um dos símbolos para compreender a tensão entre ordem e caos é a dicotomia oriental yin e yang. É o círculo dividido em uma parte branca e outra preta, sendo que existe um ponto branco na parte preta e um ponto preto na parte branca. Isso tradicionalmente é o que se define por yin e yang. Talvez o par yin e yang seja um dos exemplos emblemáticos da nossa discussão, ainda que não seja natural da civilização ocidental, mas oriundo da sabedoria chinesa clássica. Ele é particularmente interessante, por quê? Porque ele trata do caráter dualista da realidade e como essa realidade não é maniqueísta. Assim, o yin e yang é uma representação da realidade dual, que é formada por dois grandes elementos. No caso do yin e yang, ou a questão da luz e sombra, segue a mesma lógica que está sendo discutida: ordem, caos, sagrado, profano, a mesma ideia de duplicidade. O que é muito interessante acerca do yin e yang é essa dualidade que ele expressa, que não é uma dualidade maniqueísta no sentido de, mais uma vez, bem e mal, de um ser o oposto do outro. Um concentra tudo de bom, o outro concentra tudo de ruim? Não. Tanto que um pouco de cada um participa do outro.

A prática do tao se baseia em uma atividade holística de compreensão da ordem da natureza com seu despertar universal em vez de um despertar estático ou atomístico, que fazemos sozinhos, sem necessariamente vislumbrarmos uma totalidade. O tao não é apenas um caminho físico espiritual, é identificado com o absoluto, que por divisão gerou os opostos complementares yin e yang. O elemento da dualidade, então, vem à tona, a partir do qual todas as “dez mil coisas” que existem no universo foram criadas. O tao é o princípio fundamental do taoísmo filosófico e religioso fundado por Lao Zi.

Logo, trouxemos de volta para a civilização ocidental um problema cultural que enfrentamos e trouxemos até para uma das discussões públicas travadas por Peterson. Rememorando o capítulo anterior, é como se todos nós fôssemos habitantes do fundo da caverna de Platão: estamos todos, de certa maneira, em um caos confortável que se parece ordem. Essa é a situação do fundo da caverna. Ele está em uma situação aparentemente confortável, porque ele está lá no fundo da caverna vendo as sombras, ouvindo os sons e achando que aquilo é a realidade. Juntemos agora o mito da caverna com a questão do tao: o tao está lá fora e precisamos sair dessa zona de conforto para contemplá-lo, ou seja, enfrentar o caos em busca da ordem.

Tal como o habitante da caverna que sai e retorna, os relativistas negadores do tao insistem que a realidade são apenas aparências que veem e que falam e não as coisas como realmente são, que temos de enfrentá-los. Então, juntando essas coisas todas, quem são os relativistas nessa história, quem são os negadores do tao? Os habitantes da caverna que nunca saíram e que quando o sujeito que saiu afirma “isso é limitado, isso não é a realidade, existe uma coisa lá fora muito maior, muito melhor e verdadeira em comparação a essa”, então eles negam e matam esse sujeito que saiu. Esses são os relativistas e essa é a dinâmica tanto ontológica – de negação de uma realidade objetiva, ontologia tem a ver com isso, com a realidade, a sua natureza – quanto sociológica que vivemos, porque isso está espraiado pela cultura.

Capítulo 4 – Jordan Peterson entre a ordem e o caos: da organização da vida à organização do mundo

Uma das grandes influências de Peterson, por exemplo, é o psicanalista Carl Jung. Peterson é confessamente discípulo de Jung. Muitas vezes existe uma certa confusão na compreensão de algumas coisas porque Jung nunca expôs a doutrina, ele nunca parou para escrever um tratado, um livro doutrinário que explicasse suas ideias. O que se tem é acesso aos recortes de conferências, aulas, consultas e não um tratado organizado pontualmente. Porém, Jung de fato é uma das grandes influências de Peterson: talvez o elemento pelo qual ele seja mais conhecido seja a ideia do “inconsciente coletivo”. É um dos conceitos mais famosos de Jung e influencia profundamente Peterson na questão dos “arquétipos”.

Outras duas influências de Peterson: uma delas é Friedrich Nietzsche, filósofo alemão, autor da célebre frase “Deus está morto”. A outra é Fiodor Dostoievski. Um dos filósofos mais conhecidos, mais “pop” entre as pessoas de senso comum, que está sempre nas capas das revistas, aquelas que supostamente tratam de filosofia e encontramos nas bancas de jornal, porque transformaram Nietzsche em um filósofo “pop”, polêmico, que chama a atenção, que vende. Mas por que Nietzsche e Dostoievski foram colocados juntos? Porque são leituras que Peterson fez e que influenciam em suas análises, suas reflexões, principalmente naquilo que diz respeito à temática do sentido da vida. Esses dois autores também refletiram muito sobre isso, cada um no seu campo: Nietzsche na filosofia e Dostoievski na literatura. A temática do niilismo é algo que Peterson também combate nas suas reflexões.

Alexander Soljenitsin, autor de Arquipélago Gulag, também tem muita influência na temática do totalitarismo, a questão do gulag, e o sentido da vida em um gulag. Peterson também chama a atenção para a grandeza de Soljenitsin ao conseguir produzir uma grande obra literária que ele admira muito, mormente o Arquipélago Gulag, no contexto de opressão absoluta de um totalitarismo. Dentro dessa temática, não é possível deixar de citar Viktor Frankl, autor da obra Em busca de sentido, que foi escrito baseado nas experiências que ele teve em um campo de concentração nazista. Peterson, durante palestras e aulas, menciona Viktor Frankl, mas Frankl parece ser, dentre as influências citadas, uma figura menor que Jung, Nietzshe, Dostoievski e Soljenitsin para ele.

Voltemos uma vez mais ao livro 12 Regras para a vida e a série que realizei, OliverTalk, a respeito deste livro, porque no fundo, no fundo, o 12 Regras para a Vida é uma versão simplificada do mapa do Significado com essa “casca” de “autoajuda’, que é justamente colocarmos isso em prática. Como é que esse conhecimento, esses saberes podem nos ajudar? Como pôr isso na prática? Pois bem, a aplicação de todo esse background teórico nas seções anteriores está inteira no livro 12 Regras para a Vida, um antídoto para o caos. Ou seja, é justamente isso, vamos obter um antídoto para o caos, vamos ordenar as nossas vidas.

Um outro ponto a ser examinado é que o sofrimento é o ponto de partida para a compreensão da realidade, uma visão trágica da vida e da existência oferecida tanto por Nietzsche quanto por Dostoievski. Isso é um fator importante para Peterson, pois o sofrimento é visto como ponto de partida para a compreensão da realidade, a vida é sofrimento, a vida é queda. Existem caminhos possíveis para reagir ao sofrimento, um deles é o aumento da consciência com fins de ordenar a própria vida, e para isso é preciso estar no controle.

Então, percebamos: a vida é sofrimento. O que pode ser feito para melhorar, para amenizar isso? É necessário tomar a frente, tomar o controle, quando se toma consciência disso você pode buscar soluções, tentar ser ensinado, tentar aprender sozinho algumas maneiras de superar esse fato. Ainda que não seja possível superá-lo inteiramente, ao menos podemos amenizá-lo. E uma postura nobre e confiante na própria existência, produzindo a moralidade. A alternativa é o ressentimento, a revolta “contra o Ser”, que é um tema também muito presente na obra de Peterson, que nada mais é que a revolta contra a realidade, esse ressentimento contra tudo que existe, e é o caldo para a mentalidade revolucionária.

O assassino em massa pensa: “eu não mereço existir e ninguém merece, então vou matar todo mundo”. Essas são as duas alternativas diante do sofrimento: aumento da consciência ou ressentimento e amargura, que produzirão revolta contra si, contra a sociedade e contra a realidade criando o retorno ao caos, gerando revoltados contra a ordem do real. Portanto, essa última postura seria a postura do niilista anteriormente citado.

É melhor sermos modestos e mudarmos paulatinamente o que pode ser mudado, isto é, nossa realidade mais imediata, do que arrogantemente pretendermos que somos capazes de corrigir o mundo inteiro. Primeiro devemos querer mudar a nossa realidade imediata, porque é isso que está ao nosso alcance de fato. E quando desejamos apenas “salvar o mundo”, nem salvamos o mundo – porque é impossível – nem arrumamos a nossa própria realidade. O que é o pior dos resultados, é um jogo de “perde-perde”, perde a sua realidade próxima e perde, por consequência, o mundo.

Obra complementar à de 12 Regras para a vida: um antídoto para o caos (2018):

Além da ordem: mais 12 Regras para a vida (2021)

Na presente obra o propósito foi explicar alguns elementos do pensamento de Jordan Peterson a partir do par conceitual ordem e caos, da tensão entre os dois, de seu simbolismo e do emprego deste por parte de Peterson para explicar a realidade. E não é apenas nos títulos dos dois livros que os conceitos aparecem; organizacionalmente cada volume se dedica a um desses conceitos. O livro de 2018 se dedica a explicar como podemos lidar com o caos em nossas vidas, o de 2021 a lidar com a ordem. E lembrem-se: apenas ordem ou apenas caos não são desejáveis, também o desequilíbrio em favor de um ou de outro, a meta é encontrar equilíbrio nessa tensão primordial.

 

Ficha técnica:

Título: Entre a ordem e o caos – Compreendendo Jordan Peterson

Autor: André Assi Barreto

Primeira edição: Armada

Resumo: Rogério H. Jönck

Edição: Monica Miglio Pedrosa

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