Startup Aceleraí, spin off da agência Pulse, cria modelo escalável de publicidade com famosos como Rodrigo Faro, Jojo Todynho e Fernanda Faveron por 1% do valor tradicional e cresce acima de 500%
Mesmo antes da pandemia de Covid-19, as pequenas empresas, em especial as de varejo, já haviam entendido que a publicidade digital era uma ferramenta fundamental para a escalabilidade e a sobrevivência do seu negócio. Mas elas tinham um dilema: usar o recurso para impulsionar a mídia ou para produzir conteúdo de qualidade? Foi desse impasse que surgiu a Aceleraí, uma startup fundada em 2019, dentro da agência Pulse – primeiro como produto, depois como negócio independente.
“Geralmente os anunciantes optam pelo impulsionamento de mídia, mas com conteúdo muito restrito”, explica Allan Barros, CEO e Founder da Aceleraí, que apesar de ser uma startup, faz parte do grupo Dreamers.gr, que engloba empresas como a Artplan e o Rock in Rio. “A gente queria ser o Netflix da publicidade. Nosso sonho inicial era democratizar o acesso ao conteúdo publicitário de excelente qualidade, com grandes celebridades, para que as pequenas marcas pudessem encurtar seu caminho de crescimento”, conta Barros.
Publicidade com celebridades por 1% do valor
Na plataforma da Aceleraí, o cliente escolhe a campanha e o artista que vai atuar nela. Toda a pré-produção do conteúdo fica a cargo da empresa. O enxoval já vem pronto, mas é possível customizá-lo com o logo da marca, as cores, informações e fotos de produtos do anunciante. “A gente trouxe a essência da economia compartilhada para o modelo de comunicação. A gente produz a identidade visual, as campanhas conceituais e os vídeos”, afirma Barros.
O processo de montagem das campanhas é quase todo automatizado, incluíndo a locução e montagem. A interação humana só costuma acontecer com novos clientes, que ainda não estão habituados com a plataforma. “É um mix de customização da informação comercial do cliente com informações de gatilho comercial pré-gravadas por uma celebridade”, explica Barros. Em seu pouco tempo de vida, a Aceleraí já atendeu mais de mil clientes e chegou a fazer 300 campanhas simultâneas, na época da Black Friday de 2021.
O grande diferencial do serviço é a possibilidade de contratar qualquer uma das celebridades da casa por 1% do valor que cobrariam para fazer uma campanha tradicional.
O primeiro a topar a ideia foi o apresentador Rodrigo Faro, mas a startup já trabalha com dez artistas, pretende ampliar para 20, até março, e tem como meta chegar a 50, até o fim de 2022.
“Eu otimizo a agenda da celebridade. A gente criou um modelo em que, em uma diária, eu gravo a possibilidade de mais de mil roteiros. Com essa diária o artista ganha royalties pelo resto da vida com tudo que for usado a partir desse conteúdo que a gente produziu. Isso possibilita que uma campanha que custaria R$ 300 mil saia por R$ 3 mil reais”, diz Barros.
De acordo com ele, a inteligência artificial da plataforma ainda impede que um mesmo artista esteja em campanhas de marcas concorrentes de uma mesma região. Evitando problemas para marcas e as celebridades.
Crescimento acelerado e próximos passos
Passado um período inicial de ajustes, a expansão da Aceleraí foi meteórica: de setembro para novembro de 2021, o negócio cresceu 500% e encerrou o ano com receita de R$ 8 milhões.
Até então, Barros confessa que não estava preparado. “Eu o estava gerindo a Aceleraí como se fosse um negócio tradicional, e ela era uma startup”, conta. Com ajuda de mentoria de fora, ele começou a estruturar o time e a reorganizar a empresa para se preparar para o crescimento exponencial, típico de startups.
Barros precisou criar verticais para atender às diferentes demandas dos diferentes clientes que foram surgindo, precisou abrir novas áreas e contratar novos profissionais. A expectativa, agora, é terminar o ano com 140 funcionários, ante os 102 de hoje. Até o momento, as mudanças têm surtido efeito, e a Acelerai já cresceu mais de 300%, entre novembro de 2021 e janeiro de 2022.
Com a mudança de mentalidade, conta o executivo, a startup também passou a sonhar mais alto. “Não temos concorrente direto. O produto mais próximo do nosso é o Canvas, que vale US$ 40 bilhões. E não entrega celebridades”, diz. Até agora, o dinheiro usado na expansão foi todo da Pulse. Mas, agora, a direção já estuda a possibilidade de atrair investidores, diz Barros.
Com ou sem dinheiro de fora, os próximos passos já estão sendo planejados. Como boa parte dos clientes estão fora das grandes capitais – 40% deles estão no interior, de acordo com Barros -, a startup terá um modelo de parceria com agências regionais. “As agências regionais conseguem uma qualidade de atendimento local que nenhuma agência aqui de São Paulo ou Rio de Janeiro conseguiriam. Então resolvemos transformar os parceiros regionais em ativos e estamos criando um modelo de franquias pelas cidades do país. A ideia é ter de três a cinco franqueados, de acordo com o tamanho da cidade”, conta.
Em 2022, Barros acredita que a Aceleraí já está mais preparada para encarar um crescimento escalável e trabalha com uma meta ousada: “O plano é crescer o negócio quase oito vezes”, afirma.
Texto: Juliana Destro
Fotos: divulgação