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Viena, Dubai e Calgary são as primeiras “criptocidades” do mundo

Alta volatilidade, receio em relação a fraudes no mundo digital ou até mesmo desconhecimento sobre o mercado. Sobram motivos para as criptomoedas ainda terem uma rejeição do sistema financeiro tradicional com uma regulação de suas emissões pelos governos e sua integração ao mercado de capitais. Entretanto, já há iniciativas pelos quatro cantos do mundo para a adoção de moedas virtuais por cidades ou mesmo bairros para estimular as pessoas a investirem localmente e dar os primeiros passos na integração da comunidade à economia digital.

As cidades de Viena (Áustria) e Calgary (Canadá) e Dubai (EAU) são alguns dos locais que estão com projetos avançados para implementar suas moedas virtuais para que seus habitantes possam pagar contas, bens e serviços. Na capital austríaca, por exemplo, vai muito além da realização de simples transações monetárias. A moeda que está sendo desenvolvida em conjunto entre a administração local e a Universidade de Economia e Negócios de Viena pretende criar um ecossistema sustentável para a cidade. A ideia visa agregar valor à cidade ao recompensar as pessoas por iniciativas simples como deixar o carro em casa para ir de bicicleta ao trabalho, fazer coleta seletiva do lixo ou mandar voluntariamente feedbacks sobre os serviços da capital.

A criação de uma moeda virtual ainda é algo novo no que diz respeito a estabelecer um meio de pagamento que seja aceito amplamente e com amparo legal. Porém, se pensarmos em uma moeda de âmbito social, poderia ser algo muito inovador para circular apenas em um bairro ou em uma cidade”, avalia Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper.

À frente dessa tendência, a canadense Calgary lançou, no início de dezembro do ano passado, o Calgary Digital Dollar. Situada na província de Alberta, a região já tinha um pé nesse mercado pois também sedia uma das maiores instalações de mineração de criptomoedas do Canadá, que fica na cidade de Drumheller, a 135 km de Calgary. Além de não ter restrições legais para iniciativas digitais como essa, o governo da província de Alberta prevê sinergias entre a moeda virtual e o dólar canadense para incentivar a economia local.

“Se pensarmos em uma moeda de âmbito social, poderia ser algo muito inovador para circular apenas em um bairro ou em uma cidade” [autor]Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper[/autor]

Durante o lançamento da Calgary Digital Dollar, o ministro das Finanças de Alberta, Joe Ceci, utilizou o aplicativo da moeda virtual para pagar uma xícara de café e afirmou que o governo “não se preocupa em iniciativas locais que levem as pessoas a ganharem dinheiro” e que apoia a criptomoeda em todos os sentidos. O serviço permitirá ainda a compra de bilhetes de transporte público e também realizar doações a instituições de caridade locais.

O professor do Insper cita a preservação das informações como diferencial para os projetos. “A tecnologia do blockchain deve sim ser usada por governos pela segurança na transmissão e arquivamento dos dados”, diz Rocha, que complementa apontando áreas que o sistema pode ser empregado. “Já existem diversas iniciativas. Isso, por exemplo, poderá rapidamente tornar o trabalho que é realizado por cartórios mais seguro, rápido e barato. A própria justiça para transmissão e arquivamento de dados”.

Entre esses exemplos está Dubai. O emirado árabe pretende ser o primeiro governo blockchain do mundo já em 2020 em um projeto que abrange o lançamento da EmCash, moeda estatal que está sendo desenvolvida em conjunto pelas empresas Object Tech Group e Emcredit, e o Departamento de Desenvolvimento Econômico de Dubai.     

Uma boa notícia para os governos que têm apostado nesses projetos foi que as criptomoedas voltaram a atingir altos níveis de transações depois de quase um ano em baixa, período que gerou preocupações em seus investidores. A virada foi no dia 8 de fevereiro de 2019, quando o mercado ganhou US$ 10 bilhões em apenas 2 horas. Além disso, especialistas avaliam que as criptomoedas terão alta com a recessão econômica global que está prevista para os próximos dois anos.

Moedas virtuais pelo mundo

Calgary (Canadá) – denominada “Calgary Digital Dollar”, foi lançada no início de dezembro de 2018 para fortalecer o comércio local.

Viena (Áustria) – moeda está sendo desenvolvida em conjunto entre o governo da capital austríaca e a Universidade de Economia e Negócios de Viena, e pretende recompensar os cidadãos que realizarem iniciativas em prol da sustentabilidade da cidade, como deixar o carro para ir de bicicleta ao trabalho e realizar coleta seletiva do lixo.

Dubai (EAU) – O emirado árabe está desenvolvendo o EmCash, moeda digital que poderá ser usada para pagar contas, bens e serviços, e que integra o projeto do governo local de se tornar o primeiro governo blockchain do mundo em 2020.

Berkeley (EUA) – Em desenvolvimento desde fevereiro do ano passado, o projeto visa arrecadar fundos para iniciativas de assistência comunitária com a venda de títulos municipais por meio da moeda digital aos cidadãos.

Orania (África do Sul) – A comunidade de apenas 1.600 pessoas já está testando a E-Ora, moeda virtual que é emitida pela Câmara de Comércio local tendo como um dos benefícios a diminuição nas taxas de transação em relação às moedas tradicionais.

Suécia – O Banco Central sueco pretende lançar a moeda digital e-Krona para ser mais uma opção de pagamento para os cidadãos. Um projeto piloto está previsto para ser lançado neste ano, com implementação oficial para ocorrer em 2021.

Irã – O país pretende lançar a Crypto Ryal, moeda digital emitida pelo Banco Central. O projeto foi apresentado no final do ano passado em Teerã durante conferência voltada ao sistema bancário.

Texto: Fábio Vieira

Foto: Unspash

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