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Uma solução para a saúde corporativa

Cerca de 70% dos beneficiários de planos de saúde no Brasil têm acesso à assistência médica privada por estarem vinculados à uma empresa. No entanto, o modelo atual de contratação e gestão de saúde não contribui para o equilíbrio financeiro, ao mesmo tempo que olha pouco para a prevenção e qualidade de vida do empregado. “A impressão que se tem é de que ninguém está sendo prejudicado pela forma como o sistema vem sendo conduzido hoje”, diz Sergio Cafalli, Diretor Executivo da Dasa Empresas. “Mas o empregador sabe o quão difícil é ter um reajuste de plano de saúde com valores muito acima do crescimento das empresas, ainda mais em um cenário de crise como o atual e que ressignificou a importância da saúde e do bem-estar de seus colaboradores”, explica.

Assistência médica é o segundo maior custo das empresas no país. A variável-chave dessa equação é o desperdício causado pelo uso desordenado do sistema de saúde, que contribui para uma inflação médica acima da inflação do país, ao mesmo tempo em que não gera mais saúde aos funcionários.

[Veja também: live exclusiva Saúde Corporativa 360 Graus]

Na entrevista a seguir para o Experience Club, a médica Ana Elisa Siqueira, CEO da GSC Integradora de Saúde, que faz parte do Grupo Dasa, e Sergio Cafalli, Diretor Executivo da Dasa Empresas, explicam o movimento que a Dasa está realizando para promover soluções integradas de saúde, por meio da união dos negócios do grupo (medicina diagnóstica, hospitais e a integradora de saúde). Em parceria com as operadoras, a proposta é que consigam contribuir para uma melhor gestão de saúde dos colaboradores das empresas. Confira:

O que está mudando no Grupo Dasa e como essa transformação vai impactar empresas clientes e colaboradores dessas empresas?

Ana Elisa Siqueira – Nosso grupo vem trabalhando de maneira sinérgica com os diferentes negócios, integrando a área de diagnósticos, a rede de hospitais e a integradora de saúde, que realiza coordenação de cuidado e atenção primária para apoiar o usuário do sistema a navegar no sistema de saúde de maneira facilitada, tendo melhor resultado assistencial possível e como consequência melhor custo-efetividade. Essa nova reestruturação nos permite cuidar de dois pontos: a fragmentação da assistência e a falta de foco em prevenção de doenças e promoção de saúde.

Sergio Cafalli – Hoje o sistema de saúde, da forma como existe, é insustentável. Trabalha com reajustes anuais de dois dígitos, o que tem impacto direto nas empresas, sem uma grande proposta de melhoria a curto prazo. O que a Dasa traz é uma solução racional, utilizando todas as forças do grupo, não de maneira fragmentada, mas sinérgica. A união dos hospitais que integram a Ímpar, mais as quase 900 unidades de atendimento dos laboratórios da Dasa, e o serviço de atenção primária e coordenação de cuidado da GSC, com experiência de mais de 20 anos, trazem um olhar para a gestão de saúde populacional como um todo, em parceria com as operadoras, focando no indivíduo para lhe oferecer a melhor experiência.

De que forma o modelo funciona?

Ana Elisa Siqueira – Do ponto de vista assistencial, a GSC executa a coordenação do cuidado ao longo de jornada do usuário, com a alavanca da atenção primária, apoiando as empresas na entrega de um benefício-saúde com o melhor custo-efetividade. Isso significa, olhar para o indivíduo não só quando ele fica doente, mas durante toda a sua vida, com foco em promoção de saúde, prevenção de doenças e coordenação do cuidado. A Dasa Empresas, em parceria com a GSC, proporciona uma estrutura assistencial robusta para seus clientes, apoiada em diferentes frentes. Trabalhamos com a nossa área de dados (analytics), gerando inteligência na navegação do usuário e permitindo a entrega do cuidado certo, na hora certa, no lugar certo.

Sergio Cafalli – Se você não estiver com a prestação de serviço médico, alinhada com a coordenação de cuidado, o cliente muitas vezes se depara com dois protocolos de atendimento. Um preconizado pela empresa que faz a coordenação de cuidado e outro pelo serviço médico que ele resolveu usar. Essa falta de alinhamento entre os protocolos contribui para o desperdício do que é consumido no mercado de saúde. Nosso diferencial é esse. A Dasa tem uma empresa de coordenação de cuidado, GSC, com uma expertise de mais de 20 anos, e agora acopla a essa estrutura uma rede assistencial para garantir que seus protocolos sejam cumpridos e as informações médicas disponibilizadas no momento do atendimento do cliente.

Como isso resulta em redução de custo?

Sergio Cafalli – Evitando qualquer tipo de evento desnecessário que acabe contribuindo para a inflação médica que temos no Brasil, assustadoramente maior do que em outros países do mundo. O maior desafio para a saúde corporativa é que quem paga a conta é o empregador. Então, toda essa fragmentação de informações tem este último como o agente financiador. A impressão que se tem é de que ninguém está sendo prejudicado pela forma como o sistema vem sendo conduzido, mas o empregador sabe o quanto é difícil ter um reajuste de plano de saúde muito acima do crescimento da empresa. É uma conta que ano a ano vem consumindo o seu resultado. Dessa forma também apoiamos as operadoras de saúde, ajudando o usuário a usar o sistema conscientemente, a ter mais saúde e combatendo o desperdício pela falta de integração dos protocolos e das informações do usuário.

Ana Elisa Siqueira – É importante falar do custo social da saúde. Como a despesa com assistência médica é o segundo maior custo das empresas, dá para imaginar quanto disso, dentro da cadeia produtiva, chega na conta final. Esse é um custo social que temos que tomar conta, porque o Sistema Único de Saúde não suporta uma maior demanda. Além disso, as empresas têm o papel social de subsidiar esse benefício e garantir que seu colaborador não sobrecarregue o SUS. Temos de olhar para a possibilidade de reorganização dessa cadeia, de maneira que consiga impactar a sociedade como um todo.

Vocês podem se aprofundar nessa questão do desperdício de recursos?

Ana Elisa Siqueira – O sistema de saúde entrega o que a gente fomentou. O modelo foi constituído com base em dois pilares. O primeiro, do ponto de vista do usuário, é um modelo que se alavancou dentro do princípio do consumerismo. A pessoa vai consumindo o serviço de maneira desorganizada, sem entender o que, de fato, precisa fazer para ter saúde. Muitas vezes deixa de utilizar por um tempo e, quando doente, volta a usar sem critérios. Por exemplo, utilizando pronto-socorro como se fosse consultório. O segundo aspecto, que parte do ponto de vista do prestador de serviço, é um sistema que se sustenta por meio da produtividade. Quanto mais consultas fizer, mais eu ganho. Quanto mais exames fizer, mais eu ganho. É o modelo de pagamento de fee for service, insustentável e sem valor. A gente está fazendo um movimento para promover a mudança. É difícil, porque há uma barreira cultural tanto do lado de quem consome como de quem presta o serviço. Essas duas alavancas, do consumo e da produção, não geram nenhuma sincronicidade entre elas para criar valor para o sistema como um todo. A Dasa e a Ímpar estão promovendo modelos de pagamento, junto às operadoras baseados em medicina de valor, com ganhos que não visam o consumo de mais exames ou mais internação, por exemplo.

[Conforme Ana Elisa Siqueira explica, ninguém está satisfeito com a equação: nem o usuário do sistema, nem os prestadores de serviços e nem as operadoras]:

Qual é o tamanho do desperdício e qual é o papel da Dasa nesse processo de mudança?

Sergio Cafalli – Se falarmos em 10% de desperdício, por essa falta de integração das informações, isso significa que, dentro do sistema de saúde [privada], que hoje tem 47 milhões de beneficiários, poderia haver 52 milhões de brasileiros sendo atendidos. Com a mesma quantidade de exames, com a mesma estrutura que existe hoje. Com a abrangência que temos – são quase 900 unidades de atendimento diagnóstico que compõem a Dasa e sete hospitais que integram a rede Ímpar –, é possível manter uma rede integrada trabalhando para o ecossistema de saúde. E não individualmente para cada um dos agentes. Com isso, entregamos valor não só para o beneficiário, como também à empresa em que ele trabalha, já que a conta fica mais barata. E, para as operadoras, a partir do momento em que o cuidado é dimensionado de acordo com o risco real do usuário, sem ter nenhum tipo de desperdício, elas conseguem trabalhar com um resultado melhor. Consequentemente, repassam um reajuste menor para os seus clientes, aumentando o nível de retenção. Entregamos valor para a cadeia como um todo. Somos parceiros estratégicos das operadoras e temos uma solução para resolver a fragmentação de informações. É possível criar valor para todo mundo, sem precisar de nenhum investimento adicional. Simplesmente coordenando o cuidado das pessoas.

Vocês criaram uma solução para apoiar as empresas clientes no momento do retorno dos colaboradores ao trabalho presencial. Como isso funciona?

[Sergio Cafalli explica que apenas testar para Covid-19 não basta, é preciso ter coordenação de cuidado]:

Sergio Cafalli – Não basta ter acesso a um teste. Eu preciso ter alguém que me oriente: que teste devo fazer? Em que momento? A partir dessa necessidade de coordenação, junto com a demanda pelos testes, a Dasa Empresas identificou a oportunidade de criar a Solução Covid Empresarial, que apoia as empresas na retomada e na manutenção das atividades, de acordo com os protocolos. Temos testes in company, em domicílio e disponibilizamos também a testagem em nossas unidades espalhadas pelo Brasil.

É possível, portanto, ter uma figura como a do médico de família no plano de saúde?

Ana Elisa Siqueira – Esse é o médico que conhece o histórico, a vida do usuário, entende as condições de saúde dele, para que navegue pelo sistema sem desperdício. É o que era chamado de médico de família – importante para que você não fique passando com diferentes profissionais sem ter a solução dos seus problemas. Nesse aspecto, entram os dados que, para a Dasa, são ativos super importantes, pois permitem que o usuário seja visto o tempo todo por meio do grande data lake [repositório de dados armazenados em estado bruto] que nós temos para, com analytics, direcionar esse usuário para o melhor cuidado. Dessa forma, o usuário pode, de fato, ter mais saúde e não apenas alguém que cuide dele quando ele está doente.

Texto: Alexandre Teixeira

Imagens: Reprodução

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