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“Reputação atrai os melhores talentos”

Remuneração e benefícios flexíveis, ambiente de trabalho híbrido, gestão sólida, protocolos de saúde física e mental. Cada vez mais estes fatores atraem mão de obra qualificada e os melhores talentos do mercado, além de construir uma marca empregadora forte nas companhias.  

Os processos seletivos também são até duas vezes mais rápidos nas empresas “objeto de desejo” e não é preciso pagar acima dos valores de mercado para atrair e reter profissionais de alta performance. Pesquisas mostram que as empresas estão pagando 10% a mais em salários se não tiverem uma marca forte.  

“Um dos maiores bens de uma empresa é a reputação”, explica Fabio Battaglia, CEO da Randstad Brasil, líder global de soluções em recursos humanos, presente em 38 países. O executivo tem longa experiência em consultorias, com passagens pela McKinsey e A.T. Kearney, além de companhias tradicionais, como a BRF. 

De acordo com o estudo Marca Empregadora 2021, realizado pela Randstad com mais de 190 mil pessoas entrevistadas em 34 mercados, mais da metade (52%) dos candidatos procuram primeiro o site da empresa e as mídias sociais para saber mais sobre um empregador. E 96% concordam que o alinhamento dos valores pessoais com a cultura da empresa é um fator-chave para a satisfação de trabalhar naquele local. 

Já o sonho do home office integral, tão atraente antes da pandemia, parece ter sido abalado pelos desafios do trabalho remoto adotado nos últimos 15 meses. A pesquisa Workmonitor 2021 realizada pela Randstad, que entrevistou mais de 27 mil trabalhadores globalmente, mostra que 78% dos funcionários gostariam de retornar ao local de trabalho parcial ou totalmente e 75% querem ser vacinados contra a Covid-19.    

“Um dos maiores bens de uma empresa é a reputação”,
Fabio Battaglia, CEO da Randstad Brasil

Para trazer os principais insights destas duas pesquisas, o Experience Club conversou com Fabio Battaglia, que assumiu o comando da Randstad Brasil em 2019 com o objetivo de manter o crescimento da operação brasileira e reforçar o posicionamento Tech and Touch da marca.  

“O Tech and Touch é um posicionamento global da Randstad que visa combinar o poder da tecnologia com a paixão pelas pessoas. A tecnologia pode proporcionar experiências e eficiência no processo de recrutamento e seleção, mas sozinha não é capaz de dar todo viés humano que inclui intuição, inteligência emocional e empatia”, comenta Battaglia. Em 2020, a Randstad foi a empresa do segmento de R&S (recrutamento e seleção) que mais contratou mão de obra temporária no Brasil, gerando mais de 30 mil oportunidades de emprego, além de 20 mil posições efetivas. Confira os principais trechos da entrevista.  

Como a pandemia encontrou a Randstad Brasil posicionada em 2020 e qual a expectativa para 2021?  

Como somos uma empresa global, já vínhamos acompanhando a tendência da pandemia na Europa e nos preparamos para este movimento de transformação digital e de trabalho remoto. Temos mais de 650 pessoas trabalhando remotamente há quase um ano e meio e conseguimos, combinando a tecnologia e a expertise dos nossos consultores por todo o Brasil, apoiar nossos clientes e ser o maior recrutador de mão de obra temporária no Brasil no ano passado, com mais de 30 mil oportunidades de emprego. Isso foi um evento totalmente atípico. As companhias, dentro da falta de previsibilidade, da volatilidade de mercado e das incertezas, optaram pela contratação de mão de obra temporária, que é uma solução mais flexível e ágil no processo de contratação e também de desmobilização desta força de trabalho. Este volume de mão de obra temporária segue forte ao longo de 2021, justamente pelas empresas terem adotado esta solução e entendido que faz sentido neste momento que ainda segue com incertezas e volatilidades em relação ao futuro. Mas ao mesmo tempo, o mercado de mão de obra permanente começa a voltar. Com o crescimento da vacinação e a retomada da economia, as empresas começam a colocar em prática seus planos de negócio e expansão.  

Quais os principais insights da pesquisa Workmonitor que avaliou o sentimento da força de trabalho durante a pandemia? Como as empresas podem dar respostas satisfatórias aos anseios dos funcionários? 

É importante ter as duas perspectivas. Do lado dos profissionais notamos que existe uma certa ansiedade e cansaço de trabalhar todo o tempo de casa e sem uma perspectiva de retorno. Por outro lado, o cansaço começa a ser aliviado pelo otimismo com o avanço das vacinas. Grande parte dos profissionais sinaliza o desejo de voltar ao local de trabalho, embora nem todos o queiram totalmente. O modelo híbrido tem predominância nas respostas das nossas pesquisas. As pessoas aprenderam a conciliar o lado profissional e pessoal, ter tempo em casa com família e para o trabalho, compartilhar as responsabilidades. Aqueles que, obviamente, podem trabalhar de casa, se sentem mais tranquilos em seguir neste modelo. Mas temos um grande contingente que não pode trabalhar de casa, cujo trabalho exige a presença física. Estes estão com grande expectativa em relação à vacinação, para terem segurança no ambiente de trabalho. Do lado das empresas, o retorno ao escritório está sendo planejado de forma muito cuidadosa. É importante que as companhias mantenham um canal aberto de comunicação com suas equipes, entendendo estas aspirações e anseios, para balizar as expectativas e controlar a ansiedade. As pesquisas identificaram que várias companhias mantêm fóruns de comunicação frequente e abrangente com todas as equipes, cuidando da saúde mental dos colaboradores e até provendo serviço de escuta com psicólogos, momentos de relaxamento, descontração e meditação. Isso tem ajudado os colaboradores a se sentirem mais acolhidos e perceberem que as empresas dão prioridade alta à questão da saúde.  

Dados da pesquisa Workmonitor mostram que, globalmente, 78% dos funcionários gostariam de retornar ao local de trabalho parcial ou totalmente. É o fim do sonho do home office?  

Há o anseio de retorno, mas não significa o fim do home office. As pessoas entenderam que também existe o lado bom de poder evitar o trânsito, de usar o tempo de forma mais produtiva, seja para atividades profissionais ou para cuidar de si mesmo, na academia, fazendo meditação, ou uma hora a mais com os filhos e com o cônjuge. As empresas perceberam que a produtividade também se manteve em níveis satisfatórios no trabalho remoto. No Brasil, o modelo híbrido é a tendência no retorno pós-pandemia, mesmo com a vacinação implementada. Percebemos também que quase 60% das pessoas sentem falta de interagir com os colegas, mas 75% dos entrevistados não voltariam para o ambiente de trabalho sem ter a certeza de que todos foram vacinados. Querem voltar, mas têm receio do contágio. Esse ponto é importante para que os empregadores deem a visibilidade e a transparência em relação à estratégia de retorno para proteção de sua mão de obra. A grande parte das empresas não vai forçar o retorno, dando para os colaboradores a liberdade e a flexibilidade de escolher. Existe um interesse legítimo pelo bem-estar e saúde do colaborador e isso faz toda diferença quando se quer uma força de trabalho leal e produtiva.  

Por que é importante para o empregador fortalecer e tornar sua marca mais atrativa para os funcionários e quais os principais insights apontados pela pesquisa Marca Empregadora 2021? 

Um dos maiores bens de uma empresa é a reputação. Essa pesquisa mostra que mais de 90% das pessoas que pretendem mudar de emprego ou participam de um processo seletivo pesquisam a reputação desse potencial novo empregador na internet, em sua rede de relacionamentos, na mídia. Empresas com uma boa marca empregadora — seja por sua imagem, por iniciativas sociais que envolvem a sociedade, o ambiente e as pessoas, por tudo aquilo que ela consegue gerar de valor, pelo cuidado que tem com toda a cadeia ao seu redor e a busca pelo desenvolvimento mais sustentável que gera oportunidades de forma abrangente  – ganham mais visibilidade e passam a serem vistas como empresas dos sonhos. No caso de talentos e atração de pessoas, uma marca empregadora forte despende menos esforço em atrair pessoas de alta performance e com potencial de crescimento sem ser necessário pagar mais por isso. Se o mercado vê uma empresa X como dos sonhos, a sua proposta de engajamento e de desenvolvimento de carreira é aquele cartão de visita que você fala: esse eu queria ter, é pesado! Tem também a questão da retenção. Numa empresa líder de mercado, objeto de desejo, raramente o funcionário tem a intenção de sair. Os colaboradores trabalham mais engajados, ajudando nos processos de eficiência, rendimento e geração de resultados. É um círculo virtuoso de estar sempre com os melhores talentos, que vão ajudar a gerar mais inovação, mais crescimento, mais negócio e oportunidade. 

Para os funcionários, especialmente no Brasil, quais são os fatores mais importantes na escolha de um empregador, de acordo com a pesquisa Marca Empregadora 2021?  

Os principais motivadores não mudaram nos últimos anos no Brasil, embora tenha havido crescimento de alguns mais específicos. Por ordem: salários e benefícios continuam a ser o principal elemento de avaliação de uma oportunidade pelos colaboradores. Não só o quanto vou ter de upgrade, mas também um pacote flexível de acordo com o momento de vida e de carreira. Um exemplo: um pai jovem quer turbinar o plano de saúde para ter os melhores hospitais para o filho recém-nascido. Ou um jovem solteiro talvez queira tirar do plano de saúde e alocar mais em patrocínio de academia e programas de saúde. As empresas que oferecem pacotes de benefícios flexíveis acabam sendo muito atrativas para o mercado. Na sequência vem o ambiente de trabalho agradável, que agora passa a ser híbrido. Outro tema importante é a gestão sólida, com uma liderança bem estruturada e com um quadro de gestores bem preparados, que tenham visão de crescimento, além de trajetória e credibilidade no mercado. O quarto ponto passou a ser um dos mais importantes: o desenvolvimento na carreira e o treinamento que a empresa propicia. Estamos na era da informação e precisamos nos atualizar o tempo todo. Falamos do upskilling (aprimoramento) e do reskilling (requalificação) para trabalhar em outras áreas da mesma empresa ou em outras indústrias. O quinto elemento, que não aparecia nas pesquisas anteriores, é a segurança no ambiente de trabalho. Existe uma preocupação legítima das pessoas de que a empresa tenha os protocolos adequados e tenha a saúde do colaborador na sua agenda estratégica.  

Programas de diversidade e inclusão são importantes para a reputação da marca empregadora? 

É uma das tendências do mercado de trabalho cada vez mais acentuada em 2021. As empresas precisam ser mais inclusivas e abrangentes nas suas ideias e modelos de negócios. É comprovado que uma equipe diversa traz mais discussões, inovação e visões distintas de como abordar um problema, de como se aproximar de um determinado mercado fornecedor, de como desenhar uma solução. Temos ferramentas que propiciam o recrutamento e seleção de pessoas de forma “blind”. Neste caso, o recrutamento é feito às cegas, que não permite que se veja o candidato ou escute a voz real. São recursos tecnológicos que ocultam a fisionomia e fazem com que a voz seja um pouco distorcida para tirar algum viés que o recrutador possa ter. Isso porque, infelizmente existe o viés inconsciente e se ele não for isolado nos processos, acaba não dando espaço para quem poderia fazer a diferença na empresa.

Texto: Andrea Martins

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