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Good Power – Leading Positive Change in Our Lives, Work, and World

Autora: Ginni Rometty

Ideias centrais:

1 – O poder pode ser bom quando: é exercido com respeito; une pessoas em torno de um propósito e as motiva a serem melhores; maximiza os impactos benéficos e evita, em vez de ignorar, as consequências prejudiciais; é inclusivo, compartilhado e distribuído.

2 – Toda pessoa pode criar oportunidades para si mesma e para os outros mesmo que se encontre em uma situação difícil.

3 – Ninguém precisa aceitar o status quo como destino. Pelo contrário, é possível enfrentar os obstáculos com graça e coragem.

4 – Aprender o máximo possível e atingir ou superar as expectativas com um alto nível de profissionalismo abre portas para mais oportunidades no ambiente de trabalho.

5 – É preciso abraçar o risco e o desconforto para desenvolver habilidades, progredir na carreira e ampliar seu impacto.

6 – Em certos momentos da vida e da carreira, é necessário mudar a atenção de si mesmo para os outros.

7- Estar a serviço dos outros é estar preparado e saber ouvir, sempre com o intuito de tomar melhores decisões.

8 – Autenticidade, honestidade, cocriação, personalização e boas ideias são vitais para atrair pessoas e conquistar seguidores.

9 – Para lidar com a mudança, é preciso evitar as alternativas óbvias – isso ou aquilo -, reunindo paciência e enfrentando o desconforto até chegar a uma terceira alternativa.

10 – Gerenciar a boa tecnologia significa assumir a responsabilidade pela criação e aplicação dela, tomar decisões baseadas em valores em um contexto de longo prazo, abordar as vantagens e desvantagens e considerar todas as partes interessadas.

11 – A resiliência ajuda a seguir em frente mesmo diante de decepções, conflitos, crises e críticas.

Sobre a autora:

Ginni Rometty foi a primeira mulher a ocupar o posto de CEO da IBM entre 2012 e 2020, onde se aposentou após uma carreira de quase 40 anos. No cargo, ela reinventou o portfólio da companhia, colocou a empresa na área de computação em nuvem e estabeleceu a liderança em Inteligência Artificial (IA) e computação quântica.

Ela aumentou a diversidade e inclusão na empresa e criou programas para conectar estudantes à companhia. É cofundadora da OneTen, uma coalisão de companhias e educadores empenhados em capacitar e contratar um milhão de negros americanos até 2030. Foi nomeada a mulher mais poderosa do mundo pela revista Fortune por três anos consecutivos.

Introdução: O Que é Possível

Ginni aprendeu pela experiência familiar – sua mãe teve que sustentar a casa e quatro filhos depois de ser abandonada pelo marido – que não importa quão desesperadora uma situação possa ser, todos nós temos o poder de criar oportunidades para nós mesmos e para os outros.

Foi a partir de sua vida pessoal e do trabalho que a autora desenvolveu o conceito de “bom poder”. “O poder pode ser bom quando exercido com respeito. Quando une as pessoas para um propósito comum e as motiva a serem a melhor versão de si mesmas. O poder pode ser bom quando procura maximizar os impactos benéficos e evitar, em vez de ignorar, as consequências prejudiciais. O poder pode ser bom quando é inclusivo, compartilhado e distribuído”, afirma.

Parte Um – O Poder do Eu: Mudando uma Vida

Na primeira parte do livro, Ginni fala sobre sua vida desde a infância até o início de sua carreira. Para ela, esse período mostrou que todos têm “o poder do eu” – a possibilidade de escolha de ativar talentos, sonhos e vontades. Isso significa que ninguém precisa aceitar o status quo como destino. Pelo contrário, é possível enfrentar os obstáculos com graça e coragem.

1 – Possuindo minhas Raízes

A história familiar de Ginni inclui as superações de sua bisavó, de sua avó e de sua mãe, que tiveram que se sustentar por conta própria após a perda dos maridos por morte ou pelo divórcio. Segundo o livro, elas descobriram a resiliência quando a tragédia as atingiu e se reinventaram por meio da coragem e da autodeterminação.

Crescendo em um bairro pobre, com dificuldades financeiras, e tendo que ajudar a mãe a criar os irmãos, mas recebendo a ajuda de familiares e de amigos, a autora conta que desenvolveu um senso de independência, de dever e de responsabilidade. “Tantas pessoas na órbita da minha família se recusaram a ser espectadores, optando por gastar todos os recursos que tinham – uma toranja, uma hora, alguns dólares – para nos ajudar. Vejo suas escolhas como um bom poder em ação. Os gestos compassivos se somaram, preenchendo os vazios deixados por nosso pai para nos ajudarem a seguir em frente”, conta Ginni.

O exemplo da mãe, que buscou a independência por meio do trabalho e da volta aos estudos após ser abandonada pelo marido com os quatro filhos, permitiu que a autora e seus irmãos canalizassem suas energias para saídas saudáveis. “Eu me concentrei ainda mais em estudar porque estava determinada a ir para a faculdade, talvez até para o curso de medicina. Observando minha mãe, aprendi a nunca deixar ninguém definir quem você é; só você define quem você é.”

2 – Expandindo Meu Mundo

Inspirada por uma tia que foi a primeira pessoa da família a se formar na faculdade, Ginni se dedicou aos estudos e conseguiu chegar ao ensino superior. Foi admitida em duas universidades. Escolheu a Northwestern University. Iniciou o curso de medicina, mas desistiu e passou para engenharia. Pagou o ensino superior com diferentes bolsas de estudo, incluindo uma bolsa da General Motors (GM). Ela também trabalhava durante os verões para conseguir se bancar sozinha.

“Eu gostava de usar os dois lados do cérebro para entender as coisas a fundo ou para inventar uma maneira de chegar a um resultado. A engenharia também me ensinou como buscar soluções dissecando problemas em partes gerenciáveis e pensando em cada parte diferente”, afirma a autora no livro.

Formou-se em 1979 como bacharel em Ciências da Computação. Logo recebeu propostas de trabalho de grandes empresas, como Ford, Honeywell e Hewlett-Packard (HP), além da GM. Ginni escolheu o cargo de programadora júnior na GM. Ela conta que pesou na sua decisão a lealdade que tinha em relação à companhia, por ter investido nela durante a graduação. Além disso, ela conheceu um homem em Detroit e se apaixonou.

3 – Ouvindo Meu Coração

Ginni se casou com Mark Rometty, um profissional da área de marketing, meses depois do fim da faculdade. Após um período trabalhando na GM, a autora começou a se interessar por um tipo de trabalho que usasse suas habilidades de engenharia para resolver problemas, mas também que envolvesse seu coração.

Com o incentivo e a indicação do marido para um amigo, conseguiu uma entrevista de trabalho na IBM. Era 1981, quando a empresa havia acabado de lançar seu primeiro PC. Além disso, a companhia atendia diferentes tipos de grandes companhias, como bancos, universidades e operações governamentais.

“Fiquei intrigada com o fato de as tecnologias da IBM serem usadas para ajudar tantos tipos diferentes de grandes empresas a operar. Esse era um propósito com o qual eu me sentia bem; meu trabalho seria um meio para um fim que me engajava. Além disso, mesmo como uma engenheira iniciante, eu me reunia diretamente com os clientes para instalar, executar e até mesmo vender produtos, incluindo os novos PCs. Achei que ali poderia ter uma carreira”, diz Ginni.

4 – Aprendendo a Aprender

Nos primeiros anos de trabalho na IBM, Ginni se dedicou, trabalhou longas horas, procurou aprender em todas as oportunidades que tinha, com cursos e projetos, e cresceu. Entre seus mentores, estavam profissionais que lhe ensinaram a combinar estilos de liderança, às vezes suaves, às vezes mais rígidos, o que se mostrou “a essência do bom poder”.

Entre os cursos que frequentou e que fizeram diferença para a carreira dela estão o de comunicação e o de métodos de abordagem para visitas de vendas. Quando se tornou gerente, Ginni começou a ajudar a desenvolver as habilidades das pessoas que trabalhavam para ela. Teve ainda que aprender a ser menos controladora. Durante todo o tempo, atuou para aumentar sua rede de networking.

Um de seus mentores na década de 1980 comentou que deveria ficar atenta à aparência dos executivos se quisesse crescer ainda mais. “Ele estava falando do meu peso”, conta a autora no livro. “Ganhei mais peso ao longo dos anos 1990. Isso atrapalhou minha carreira como Pat temia? Não tenho nenhuma prova disso. Mas ele estava certo sobre uma coisa: as mulheres no local de trabalho são julgadas pela aparência com mais severidade do que os homens – e de muitas maneiras isso não mudou.”

Ela resume seus primeiros dez anos na IBM como um período de grande aprendizagem. “Eu me sentia como na escola: se aprendesse o máximo que pudesse e atingisse ou superasse as expectativas com um nível de profissionalismo – talvez até seriedade, se tivesse sorte – teria acesso a mais oportunidades”, diz Ginni.

5 – Ficando Desconfortável

Nos anos seguintes, Ginni aceitou uma posição na nova área de consultoria da IBM. Ela hesitou no início. Temeu que a mudança pudesse atrapalhar sua trajetória na empresa, mas decidiu que deveria se desafiar. Aos 34 anos, embarcava no maior risco de sua carreira e se sentia bastante desconfortável.

Ela se deu bem no trabalho, os clientes começaram a pagar pelos conselhos dela e davam feedbacks positivos sobre sua atuação. “Adquiri novas habilidades e conhecimentos que poderia aplicar em diferentes funções dentro e fora da IBM. Mas ainda não estava claro para onde minha carreira estava indo”, questiona a autora.

Em seguida, foi trabalhar com Fred Amoroso na área de consultoria para empresas de seguros. Ele a inspirou com a paixão que mostrava no dia a dia. Além disso, começou a encorajá-la a estabelecer uma presença pública dentro e fora da empresa. “Comecei a escrever artigos, a ser citada em publicações comerciais e a falar em eventos externos”. Ele a colocou em contato com o CEO da IBM na época, Louis V. Gerstner Jr., a promoveu e aumentou seus rendimentos.

Em 1997, ela já dirigia todos os negócios de software e consultoria do setor de seguros da IBM em nível global. Naquele mesmo ano foi convidada por Amoroso para sucedê-lo no cargo de liderança da unidade global de seguros da companhia. Mais uma vez ela hesitou, mas acabou aceitando a proposta. “Se eu quisesse desenvolver minhas habilidades, progredir na carreira e ampliar meu impacto, teria de abraçar o risco e o desconforto. Correr riscos significava que eu estava fadada a aprender e crescer”, lembra Ginni no livro.

Parte 2 – O Poder do Nós: Mudando o Trabalho

Na segunda parte do livro, Ginni fala sobre a importância, em certo momento da vida e da carreira, de mudar a atenção de si mesma para os outros. Ela conta como usou princípios como “estar a serviço de”, “construir confiança” e “ser resiliente” para lidar com dificuldades, progredir, atender as necessidades de diferentes partes e ser otimista apesar dos contratempos.

6 – Estar a Serviço De

Para Ginni, estar a serviço de alguém ou de algo é ajudá-lo a realizar seu potencial. “Esta é a alma do bom poder – sua intenção fundamental”, afirma. No caso de um propósito, isso pode se manifestar no uso de recursos como tempo, energia, capital intelectual e dinheiro. A autora considera que a relação deve ser de ganha-ganha. Isso pode acontecer entre profissionais e seus clientes, colegas de trabalho, líderes e organizações, companhias e comunidades.

“Trabalhar na IBM era, para mim, estar a serviço da mudança da maneira como o mundo funciona. Sei que é um grande propósito, mas começou em um plano menos elevado – aprender a servir os clientes. Evoluiu a partir daí”, conta no livro.

Uma boa forma de estar a serviço dos outros é estar preparada e saber ouvir, segundo a autora, sempre no intuito de tomar melhores decisões. Ela também aprendeu a ser proativa nas suas pesquisas sobre as necessidades dos clientes, como uma maneira de criar valor para os negócios deles. Além disso, investiu na boa comunicação, buscando tornar simples temas complexos.

Com suas equipes, Ginni buscou ensinar o que pudesse para vê-los se desenvolverem e concluiu: “o que torna o poder bom versus ruim é ver outras pessoas experimentarem nossa influência de maneira positiva”.

7- Construindo Confiança

Ginni teve duas grandes oportunidades de construir confiança na IBM. A primeira delas foi quando liderou a compra da unidade de consultoria da PricewaterhouseCoopers (PwC) pela IBM em 2002. A segunda foi quando foi escolhida para ocupar o cargo de CEO em 2012.

O processo de compra da PwC Consulting (PwCC) envolveu muitos desafios e situações desconfortáveis, em que o sucesso não era garantido. Para Ginni, o momento podia fazê-la crescer mais ou acabar com sua carreira.

Após a compra, a empresa passou por dificuldades para bater suas metas, mas em 2008 o negócio de serviços de consultoria obteve US$ 2,7 bilhões de lucros. “Mesclar consultoria com tecnologia foi uma estratégia copiada por muitas companhias”, conta a executiva. Depois disso, Ginni tornou-se vice-presidente de vendas globais em 2009.

No final de 2011, chegou a oportunidade de se tornar CEO com a saída de Sam Palmisano. Ela foi a escolhida e chegou ao cargo em janeiro de 2012. Na primeira conversa com os funcionários, sugeriu que a empresa aspirasse “Ser Essencial” para os clientes e para o mundo. Ela também incluiu “Três Crenças Estratégicas” como propósito: 1- que uma nova era da computação já havia começado e que a empresa tinha que ser uma parte importante dela; 2 – que os clientes estavam mudando; 3 – que os próprios funcionários teriam que evoluir.

“Olhando para trás, para esses dois grandes eventos na minha carreira, a fusão da PwCC e meus primeiros dias como CEO, espero ter transmitido como autenticidade, honestidade, cocriação, personalização e ideias fundamentais são vitais para atrair pessoas e ganhar seguidores. Eles nos permitem unir emoção e execução”, diz Ginni.

8 – Sabendo o Que Deve Mudar, o Que Deve Durar

Durante sua gestão como CEO da IBM, Ginni teve que tomar importantes decisões para o presente e para o futuro da empresa, como o que fazer com o negócio de semicondutores. Após muitas discussões, a solução encontrada foi a de manter a inteligência e a ciência por trás dos chips, mas deixar de produzi-los fisicamente. “Foi difícil, mas foi o passo mais saudável para a empresa”, conta a autora.

“Uma boa abordagem de poder para a mudança não se contenta com alternativas óbvias como ou isso ou aquilo. É preciso estar disposta a reunir paciência, enfrentar o desconforto e pensar no impossível, mantendo a tensão entre duas opções indesejáveis e incompatíveis até que a situação possa ser reformulada e uma terceira alternativa seja encontrada”, afirma Ginni.

Em seguida, a CEO anunciou sua estratégia de investimento de longo prazo nas áreas de Inteligência Artificial (IA), serviços em nuvem, segurança cibernética e computação móvel. As mudanças reduziriam o retorno aos acionistas, mas manteriam o compromisso de pagar e aumentar os dividendos a eles. As mudanças na atuação da empresa exigiram investimentos no treinamento de seus trabalhadores.

Para melhorar a qualidade das experiências dos clientes, a empresa passou a adotar a ferramenta chamada Net Promoter Score (NPS), com perguntas simples enviadas logo após a utilização de um produto ou serviço. “Usar os dados para ir atrás dos problemas mais difíceis foi fundamental para melhorar a forma como atendemos os clientes em escala”, conta Ginni.

Em 2020, a autora decidiu que era o momento de se aposentar. O novo CEO escolhido foi Arvind Krishna. “As transformações pelas quais a IBM passou durante meus anos como CEO exemplificam o poder do nós e ilustram tantas tensões inerentes a saber o que deve mudar e o que deve durar: equilibrar as expectativas com a realidade”, diz Ginni.

9- Gerenciando a Boa Tecnologia

No período em que foi CEO da IBM, Ginni trabalhou em prol do uso da tecnologia para a melhoria da sociedade em geral. Em 2014, a empresa lidou com as discussões sobre o tema após o vazamento de documentos do governo americano que mostravam acesso a dados de cidadãos por meio de companhias da área. A IBM divulgou uma carta em que garantiu que o governo não tinha qualquer tipo de acesso a seus dados.

De acordo com a autora, gerenciar a boa tecnologia significa assumir a responsabilidade pela criação e aplicação dela, tomando decisões baseadas em valores em um contexto de longo prazo, abordando as vantagens e desvantagens e considerando todas as partes interessadas.

Sob o comando de Ginni, a empresa divulgou em 2018 uma carta chamada “Princípios de Confiança e Transparência da IBM” com três pontos: 1- que o propósito da tecnologia era ajudar a humanidade; 2 – que os dados e seus insights pertencem ao criador; 3 – que a empresa seria sempre transparente.

Para a autora, administrar a boa tecnologia inclui manter os mais altos padrões de diversidade e inclusão. “Devemos acreditar autenticamente, com o coração e com a cabeça, que a inclusão cria melhores produtos e torna as empresas mais competitivas”, afirma. Com o objetivo de criar mais oportunidades na empresa, a empresa se uniu a uma escola no Brooklyn, em Nova York, chamada P-TECH, para ensinar jovens a trabalhar com tecnologia.

10 – Sendo Resiliente

Ginni considera que a resiliência foi uma característica fundamental para seu sucesso profissional e pessoal. Apesar de ter sofrido com o abandono do pai na adolescência, ela, seu irmão e suas irmãs tiveram grandes conquistas pessoais e profissionais.

“A resiliência me permitiu seguir em frente quando enfrentei contratempos decepcionantes, conflitos, crises e críticas. Na minha experiência, a resiliência resulta de vários fatores, mas dois em particular: relacionamentos e atitude. Ambos estão sob nosso controle”, explica a autora.

A executiva aposentada também aprendeu a se relacionar bem consigo mesma. Após anos trabalhando longas horas, encontrou tempo para se dedicar aos exercícios físicos, à saúde e a outras atividades. Ginni aprendeu cedo a tomar responsabilidade pelas suas atitudes, mesmo que isso fosse desconfortável. Optou ainda por encarar os conflitos ao invés de fugir deles. “Ir em direção ao conflito exige coragem e muitas vezes humildade, mas é mais produtivo”, afirma no livro.

Durante os anos de transformação que liderou na IBM, Ginni procurou atuar com convicção, calma e confiança no futuro, comportamentos que sabia que eram esperados dela. “Com tanto em jogo, invoquei minha própria resiliência, bem como o trabalho de minha vida, para enfrentar os desafios”, conta.

Parte Três – O Poder do Nós: Mudando o Mundo

Na terceira e última parte do livro, Ginni fala sobre a ambição de aumentar o bom poder. Isso a ajudou a criar a crença no movimento de contratação e treinamento de profissionais com foco em habilidades e não em diplomas, chamado SkillsFirst.

11- Vislumbrando um Futuro Melhor para Mais Pessoas

Ginni acompanhou a transformação da mãe ao voltar a trabalhar e a estudar após vinte anos longe da escola. Ela conta que a experiência adicionou dimensão, significado e dignidade à vida da mãe. Com esse exemplo em casa, a autora buscou o mesmo para a própria vida e atuou para melhorar as condições de estudos de pessoas que poderiam começar a atuar na área tecnológica.

“Quando a IBM começou a empregar alunos da P-TECH, foi inspirador vê-los preencher algumas das nossas necessidades de talentos e, ao mesmo tempo, dar aos jovens acesso à educação de qualidade, habilidades e melhores empregos”, lembra. O modelo de escola voltado à tecnologia, construído em parceria público-privada, se espalhou por outros estados dos EUA e por outros países.

A empresa também investe em programas de estágios, pagando para os participantes aprenderem. Ela defende que haja mais investimentos neste tipo de educação em seu país. “Em 2022, programas em 16 estados haviam produzido um canal de talentos de mais de 500 pessoas, 90% dos quais se tornaram nossos funcionários em tempo integral”, afirma Ginni. O grupo inclui diferentes tipos de pessoas, com ou sem diploma, desde adolescentes até avós, com todo tipo de experiência profissional anterior.

A empresa criou ainda um programa para trazer de volta ao trabalho mulheres que deixaram a carreira para cuidar dos filhos ou dos familiares. Apenas em 2022, 150 pessoas participaram do programa em 11 países, sendo que a maioria conseguiu um emprego.

12 – Pensando Sistematicamente

Ginni decidiu enfrentar a dificuldade de contratação de profissionais na IBM com mudanças nos requisitos solicitados. Ela constatou que pedir formação superior à maioria dos postos de trabalho eliminava a possibilidade de participação de muitos candidatos. A empresa começou a revisar suas descrições de vagas e alterar os pré-requisitos, enfatizando habilidades como conhecimento crítico, mentalidade de crescimento, criatividade e experiência.

Cerca de três milhões de pessoas se candidatam a empregos na IBM todo ano, segundo o livro. “Vimos um aumento de 63% nos candidatos sub-representados em 2019, e muitas vagas abertas foram preenchidas mais rapidamente que o normal”, conta a autora.

Com isso, o movimento SkillsFirst, que valoriza mais as habilidades das pessoas do que seus diplomas, começou a crescer. Segundo Ginni, isso beneficia trabalhadores, empresas e a sociedade. Para isso, governos, educadores e desenvolvedores de talentos podem trabalhar em parceria com as empresas para criar caminhos alternativos para a força de trabalho.

Uma das realizações da autora foi participar das discussões que levaram a uma mudança na legislação americana para aumentar o financiamento a mais tipos de aprendizagem e educação, além das faculdades e universidades.

Para ela, é preciso ainda haver: 1- acesso universal e conexão confiável à internet; 2 – mais serviços que facilitem a vida dos trabalhadores, como transporte e creches de qualidade; 3 – mais transparência nas oportunidades educacionais e de emprego.

Ginni defende ainda a criação de um sistema nacional de credenciamento, que forneça uma forma padrão de compartilhamento e de reconhecimento de habilidades obtidas por meio de aulas e aprendizagem experimental, além de certificados e diplomas. Aliado a tudo isso, os incentivos ao acesso à educação superior devem aumentar. “Pensar sistematicamente e através das lentes do bom poder pode desencadear mudanças significativas em escala”, afirma o livro.

13 – Criando um Movimento

Após o assassinato de George Floyd por um policial nos Estados Unidos em 2020 – caso que chocou o mundo pela brutalidade policial contra um homem negro -, Ginni decidiu se unir a outros executivos de grandes empresas para criar um programa de contratação de negros para melhorar os postos de trabalho para eles.

A organização foi criada com o nome de “Coalition of Employers for Economic Racial Justice (CEERJ)” – Coalizão de Empregadores pela Justiça Econômica Racial, em uma tradução literal -, e depois foi renomeada para OneTen. O objetivo é contratar e promover, em dez anos – um milhão de indivíduos negros nos Estados Unidos sem formação superior para empregos capazes de sustentar suas famílias. “Há muito tempo digo que a diversidade é um fato, mas a inclusão é uma escolha”, afirma Ginni.

Para a executiva, os princípios do bom poder podem ajudar a lidar com as tensões inerentes à liderança, à solução de problemas e à tentativa de dar vida a grandes ideias. “Seja qual for a mudança que você busca – para sua vida, seu trabalho ou nosso mundo – você se sentirá desconfortável às vezes, mas não deixe que isso te impeça de continuar. Vá em frente agora! Nosso mundo precisa que você ‘seja a tempestade’”, finaliza.

 

Ficha técnica:

Título original: Good Power – Leading Positive Change in Our Lives, Work, and World (apenas em inglês)

Autor: Ginni Rometty

Primeira edição: Harvard Business Review Press – março 2023

Resumo: Fernanda Nogueira

Edição: Monica Miglio Pedrosa

 

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