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Designers apostam em tênis reciclados

Estimular o consumo consciente e dar um novo significado à profissão do sapateiro. Esses são os ideais do Sujo, projeto que restaura e customiza calçados usados e que vai na contramão do mercado massificado e padronizado da indústria calçadista. A iniciativa ainda é embrionária e a estrutura pequena, onde tudo é feito em um ate-

liêr residencial, mas o objetivo no mercado é enorme: fazer com que as pessoas optem pelo redesign do tênis, em vez de comprar um novo produto.

Hoje, uma simples avaria no calçado ou a chegada de um novo modelo nas prateleiras já faz consumidores irem às lojas em busca de um novo par. Esse era o perfil de Pedro Araújo, idealizador do Sujo ao lado da esposa Gabriela, que trabalhou por vários anos prestando serviço de design para grandes marcas de tênis. Após adquirir vários modelos por cair nas tentações do consumo, ele se deu conta de que aquele dinheiro gasto não justificava a qualidade do produto. “Juntei esse episódio com a vontade de resgatar o trabalho manual do design, que foi engolido por muitas horas no computador”, diz.

O projeto deve fechar 2018, seu primeiro ano no mercado, com cerca de 180 pares restaurados. Os pedidos são iniciados por apps e redes sociais (Instagram, principalmente), mas são finalizados por telefone para “firmar a relação de confiança”, como explica Araújo, já que a cobrança do serviço não é feita antecipadamente. O preço para o restauro de um par pode variar de R$ 100 a R$ 400, mais o frete, dependendo do modelo e trabalho realizado.

“Por mais que o cliente diga ‘façam o que quiser’, sempre tentamos entender o seu gosto e fazemos layouts para que ele participe e curta o resultado final”, afirma o idealizador do Sujo. Segundo ele, o projeto também abrange o que chamam de “minerar”, que é a busca por tênis usados na internet, feiras e brechós para realizarem trabalhos autorais, além de estimular o treinamento e a criação. “Queremos resgatar o interesse por novos designers para o ofício de construir calçados, assim como outros trabalhos manuais também estão ganhando outro significado, como é o caso dos barbeiros”, aponta Araújo. 

Passo a Passo

Quem: Sujo.

O que: Restauro e customização de tênis.

Idealizadores: Pedro e Gabriela Araújo.

Quanto: de R$ 100 a R$ 400.

Missão: Revalorizar o design “analógico”.

Texto: Fábio Vieira

Fotos: Ariana Lima e Gabriel Bertoncel

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