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Web Summit Rio: inovação ou networking?

Ricardo Natale

Passei boa parte da semana passada no Rio de Janeiro. Fui para a cidade por causa do Web Summit Rio, um evento que reuniu dezenas de speakers, vários nomes internacionais, uma feira de startups e pelo qual passaram mais de 20 mil pessoas. Entre eles, muitos empresários e executivos de grandes empresas, que aproveitaram o evento para promover encontros menores, ativações para clientes e outros eventos exclusivos.

Conversei com muitas pessoas lá, e por isso sei que a minha impressão não é isolada. Houve muitos problemas de produção – dificuldade de chegar e especialmente de sair do Riocentro, muito isolado da cidade, filas imensas no credenciamento no primeiro dia e longas filas e especialmente falta de opções saudáveis nas praças de alimentação – mas, de um modo geral, o evento serviu para o que as pessoas estão mais buscando hoje em dia: a oportunidade de encontrar outras pessoas do mercado e de fazer conexões.

A programação tinha vários speakers de peso, tanto do Brasil quanto de fora, mostrando cases de empresas inovadoras ou discutindo assuntos do momento, o principal deles os usos atuais e potenciai da inteligência artificial. Mas o tempo curto das apresentações, de apenas 20 minutos no palco principal, não permitia um aprofundamento nos temas. Além disso, a obrigatoriedade de só falar inglês, mesmo para os speakers brasileiros e para um público majoritariamente brasileiro, tende a levar a discursos ensaiados e a um esfriamento das discussões.

Por isso, mais do que um evento de conhecimento, de insights ou de provocações para pensar o futuro, o Web Summit Rio foi um espaço para as pessoas se encontrarem, e se atualizarem das novidades podem mexer com o mercado nos próximos anos. Como a Jade Autism, startup criada em Vitória que promove inclusão de pessoas com espectro de autismo através da tecnologia e venceu o PITCH, competição com quase mil startups.

Com meus 30 anos de experiência no mercado de eventos e feiras, tenho dúvidas se este modelo de networking e de palestras pouco marcantes vai realmente prosperar, apesar do bom nome do evento internacional. Pelas conversas que tive com pessoas do mercado, várias empresas com estandes na feira não fecharam muitos negócios. E sabemos que eventos só para networking no Brasil não funcionam mais. É preciso oferecer mais.

O mais provável é que o Web Summit Rio se torne uma data no calendário dos executivos brasileiros, um ponto de atração em torno do qual vão se desenvolver outros projetos. Não necessariamente um lugar para se fazer negócio.

É preciso mais para trilhar o caminho do conteúdo e da inovação.

 

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