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Volatilidade puxa demanda por proteção com hedge cambial

O dólar, cuja cotação vem se mantendo acima do patamar dos R$ 4 nas últimas semanas, acendeu a luz amarela das empresas e já é uma das principais preocupações do mercado neste segundo semestre.

As mais receosas são exatamente aquelas que, pela natureza do negócio, precisam importar matérias-primas, máquinas e equipamentos ou outros produtos e, por isso, assumem dívidas futuras atreladas à moeda norte-americana.

Como a oscilação do câmbio é sujeita a fatores políticos – em especial o medo de uma recessão global e a duração da guerra comercial entre China e Estados Unidos –, especialistas recomendam que é hora de buscar proteção.

O objetivo é evitar que uma possível disparada do dólar atinja em cheio o balanço, o que diminuiria a margem de lucratividade ou, no limite, poderia até mesmo provocar endividamento e quebrar a empresa.

Uma forma de evitar que isso aconteça é utilizar algum tipo de hedge cambial. Em geral são produtos com regras claras, de custo mais competitivo e menos complexos que as operações de derivativos que as grandes empresas de capital aberto costumam operar pela bolsa. 

Companhias de médio porte, sem uma tesouraria ou mesa de câmbio estruturadas e com faturamento anual de até R$ 100 milhões, são o público típico do hedge.

“O hedge nada mais é do que uma espécie de trava. A empresa assina um contrato que estabelece o valor do dólar para um período. É uma forma de reservar o caixa para pagar algo que já esteja encomendado para o Natal”. [autor]Paulo Marcos Pereira, diretor comercial do Travelex Bank.[/autor]

O produto – conhecido como câmbio futuro ou trava de importação – é relativamente simples e customizado. Antes de adquiri-lo, a empresa recebe uma consultoria para saber quais são suas necessidades.

Outra vantagem desse produto é a customização. O derivativos cambiais registrados na bolsa normalmente são padronizados e não atendem às necessidades de operações de valor mais baixo.

Na contratação do hedge, o Travelex se compromete, diretamente com o Banco Central, a honrar e liquidar o valor estabelecido na data acordada.

Embora não abra valores, o custo varia de acordo com o volume financeiro a ser protegido. Não são cobrados tributos nesse tipo de operação.

“O valor é bem menor do que o cliente muitas vezes imagina e compensado pelo benefício de não ficar inadimplente com seus fornecedores em moeda estrangeira, o que poderia impossibilitar uma outra futura importação”, menciona Pereira.

A procura tem ocorrido, de acordo com o Travelex Bank, em diversos setores, como importadores de alimentos e peças e exportadores de móveis, apenas para ficar em alguns exemplos.

A crise de 2008, que pegou empresas de grande porte desprevenidas, teve papel educativo importante para o mercado como um todo.

“Hoje, os empresários sabem pelo noticiário político e internacional que têm de se prevenir contra a volatilidade ou podem ver sua margem financeira ser corroída”. [autor]Gilberto Rolha, head de vendas do Grupo Travelex Confidence.[/autor]

Receita protegida

Empresas que trabalham com comércio exterior na outra ponta – a da exportação -, também podem utilizar a trava ou câmbio futuro. Nesse caso, no entanto, o raciocínio deve ser o contrário: o de blindar receitas futuras contra a queda da moeda. Afinal, se o dólar cair, a companhia receberá menos reais na conversão da divisa.

“É sempre uma decisão da empresa saber se quer proteger seu caixa ou correr um pouco mais de riscos com a volatilidade do câmbio”, alerta Pereira. 

Texto: Luciano Feltrin

Imagens: Unsplash

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