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Startups brasileiras batem à porta do mercado americano

Em tempos de baixa atividade econômica, o jeito é olhar para novos mercados. A máxima que vale para a venda de qualquer tipo de produto também encontra respaldo na área de tecnologia. As startups brasileiras estão buscando atuar em outros países, principalmente nos Estados Unidos, para driblar a retomada lenta da economia no Brasil.

A análise é do economista espanhol Raimundo Díaz, Head para as Américas da TMF Group, multinacional de origem holandesa, presente em mais de 80 países, que atua na expansão de empresas nos mercados internacionais.

O trabalho com startups brasileiras e multilatinas, que têm operações em países como México, Colômbia e Argentina, tem se tornado um dos principais braços de negócios da TMF Group, além de empresas de agronegócio que buscam novos compradores externos. “Uma em cada duas empresas que se estabelecem nos Estados Unidos pela TMF são startups da América Latina”, comenta Díaz. As startups atuam em áreas variadas, como fintechs, blockchain, IoT (internet das coisas) e saúde.

O Brasil é o principal negócio da TMF Group no mundo, com cerca de 500 clientes no país e 750 colaboradores – globalmente são 7.500 funcionários. A empresa é uma provedora de serviços nas áreas administrativa, financeira, jurídica e de investimentos, que auxilia novas empresas a entrar no mercado brasileiro ou a se internacionalizar. Nos Estados Unidos, atende clientes como Uber, Netflix e Amazon.

MUITO COMPLEXO

Uma das funções da TMF é “decifrar” a complexidade do Brasil para empresas que querem trazer investimentos para o país. De acordo com o Índice de Complexidade Global do Grupo TMF feito anualmente pela empresa, o país está entre os mais difíceis para fazer negócios.

O Brasil é o terceiro país mais complexo para se fazer negócios no mundo, atrás apenas da Grécia, campeã do ranking 2019, e da Indonésia.

O índice classifica a complexidade e imprevisibilidade de 76 países e os resultados são baseados em três pilares de avaliação: regulação; normas contábeis e fiscais; e contratação, demissão e pagamento de funcionários. “O Brasil tem mais de 80 impostos, em nível federal, estadual e municipal. Bate todos os países do mundo. Porém, vale lembrar que o Brasil pode ser complicado, mas é um mercado atrativo”, reforça Díaz.

Dos outros nove países da América do Sul no índice, a Bolívia e o Peru não ficaram muito atrás do Brasil, ocupando o 5º e 10º lugares mais complexos do índice geral. Por outro lado, o Paraguai foi considerado um dos lugares mais fáceis de se fazer negócios (72º lugar no ranking de 76 países), atrás apenas de Tailândia, Jersey, Curaçao e as Ilhas Cayman.

“As reformas trabalhistas trouxeram algum alívio para os empresários com a flexibilidade da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e uma tendência mais favorável em relação à terceirização”, diz Rodrigo Zambon, diretor sub-regional do Grupo TMF no Brasil. “Mas o ônus sobre a folha de pagamento continua grande e há uma inércia institucional que pesa sobre as empresas, especialmente nos tribunais trabalhistas. O Brasil tem hoje um recorde mundial de processos trabalhistas”, comenta Zambon.

Texto: Andrea Martins

Imagens: Unsplash e Divulgação

 

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