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Sem esforço

Um guia para tornar mais fácil o que é mais importante e atingir o sucesso sem precisar morrer de tanto trabalhar

Ideias centrais: 

1 – Inverter significa virar um pressuposto de cabeça para baixo, perguntar “E se o oposto fosse verdadeiro?”. A inversão pode ajudar a perceber insights óbvios que você deixou passar porque via o problema de um único ponto de vista. 

2 – Quando estamos presentes com as pessoas, causamos impacto. E não só naquele momento. A experiência de se sentir a pessoa mais importante do mundo, mesmo que por breve momento, pode permanecer conosco por um tempo longo, desproporcional àquele momento. 

3 -Ter clareza de qual é o aspecto de um projeto a ser finalizado além de ajudar a terminar, também nos ajuda a começar. Com frequência, procrastinamos ou temos dificuldade de dar os primeiros passos num empreendimento, porque não temos uma linha clara de chegada. 

4 – A beleza do checklist é que o raciocínio foi feito com antecedência. Foi tirado da equação. Ou, melhor, foi embutido na equação. Assim, em lugar de acertar essas coisas essenciais de vez em quando, acertamos todas as vezes. E evitamos acidentes. 

5 – A confiança é a alma da equipe. Warren Buffett usa três critérios para determinar quem é digno de confiança para ser contratado ou para sentar à mesa de negociação com ele. Ele procura pessoas com integridade, inteligência e iniciativa. Mas com a falta da primeira, as outras duas vão pela culatra.

Sobre o autor: 

Greg McKeown dá palestras no mundo todo sobre a importância de viver e de liderar como um essencialista. Além da presente obra, ele é autor do best-seller Essencialismo. É um dos criadores do curso Projetando a Vida Essencialmente, da Universidade Stanford. Atua como jovem líder global pelo Fórum Econômico Mundial. 

Introdução 

De uma hora para outra, Patrick McGinnis, expert em trabalho e empreendedorismo e escritor, percebeu que o saldo do excesso de trabalho era negativo. 

O que poderia fazer, então? Havia três opções: poderia continuar do mesmo jeito e, provavelmente, morrer de tanto trabalhar; poderia diminuir suas expectativas e desistir de suas metas; ou poderia encontrar um jeito mais fácil de atingir o sucesso que queria. 

Ele escolheu a terceira opção. 

Pediu demissão da AIG, mas continuou atuando como consultor. Parou de trabalhar 80 horas por semana. Passou a voltar para casa às cinco da tarde. Não lia nem mandava e-mails nos finais de semana. 

Também parou de tratar o sono como um mal necessário. Começou a caminhar, a correr e a comer melhor. Perdeu onze quilos. Voltou a curtir a vida e a gostar do trabalho. 

Já sentiu que está correndo mais depressa, mas não se aproxima de seus objetivos? Quer dar uma contribuição, mas não consegue porque lhe falta energia? Tem a impressão de estar a um passo do esgotamento físico e mental? Percebe que a situação é muito mais difícil do que deveria ser? 

Se responder “sim” a qualquer uma dessas perguntas, este livro é para você. Não seria realista afirmar que este livro tem o poder de eliminar essas tribulações. Não escrevi Sem esforço para subestimar o peso de suas aflições, e sim para ajudar você a deixá-las mais leves. Ele pode não tornar todo fardo difícil mais fácil de carregar, mas acredito que possa descomplicar muitas coisas. 

Estranhamente, alguns reagem à exaustão e à sobrecarga prometendo trabalhar ainda mais. Em nada ajuda o fato de nossa cultura glorificar o esgotamento físico e mental – ou síndrome de burnout – como medida de sucesso e valor pessoal. A mensagem implícita é que, se não nos sentirmos perpetuamente exaustos, é porque não estamos fazendo o suficiente. Segundo esta mentalidade, grandes feitos estariam reservados aos que sangram, aos que chegam perto de um colapso. Um volume esmagador deveria ser a meta. 

Eu me esforçava para ser um modelo de essencialista [escrevera o livro Essencialismo]. Para viver de acordo com o que ensinava. Mas não era suficiente. Sentia as falhas de pressuposto a que sempre me agarrara: que, para obter tudo o que queremos sem nos ocupar demais nem nos forçar ao impossível, bastava ter a disciplina de só dizer “sim” a atividades essenciais e “não” a todo o resto. Mas agora eu me perguntava o que fazer quando a vida já está reduzida ao essencial e ainda há coisas demais.

PRIMEIRA PARTE – Estado sem esforço 

O jogador de basquete com melhor aproveitamento nos lances livres não é Michael Jordan nem Steph Curry. É Elena Delle Donne. Sua taxa de sucesso na linha de lance livre durante sua carreira é de 94,4%. É a mais alta da história tanto da liga americana feminina (WNBA) quanto da masculina (NBA). 

E qual seria a parte mais importante do processo? “Não pensar demais. O mais importante na linha do lance livre é não deixar coisas demais entrarem na cabeça.” 

Em outras palavras, o segredo do sucesso de Elena é a capacidade de alcançar o que chamo de Estado Sem Esforço

Kim Jenkins queria fazer o que era realmente importante, mas estava sobrecarregada. Para começar, a universidade onde trabalhava passava por uma grande expansão. A base de clientes dobrara nos últimos anos, mas eles funcionavam praticamente com o mesmo número de funcionários e os mesmos recursos de antes. Em consequência, o esforço necessário para fazer seu trabalho se tornara hercúleo. 

Mas um dia a ficha caiu. Veio-lhe uma tarefa imensa. Gravar um semestre inteiro de um curso. 

Uma rápida conversa revelou que os vídeos seriam para um único aluno que não poderia ir às aulas por conta de compromissos esportivos. Ele não precisava de uma gravação muito bem produzida, cheia de recursos de som e imagem. Então, ela pensou: e se o professor simplesmente pedisse a outro aluno que gravasse as aulas com o celular? “Ele ficou satisfeitíssimo com a solução”, disse Kim. E isso só lhe custou alguns minutos de planejamento, em vez de meses de trabalho de toda a equipe de audiovisual. 

A linguagem também denuncia a nossa desconfiança da facilidade. Quando falamos de “dinheiro fácil”, insinuamos que foi obtido por meios ilegais ou questionáveis. Usamos a expressão “falar é fácil” como crítica, em geral quando buscamos invalidar a opinião de alguém. 

Inverter significa virar um pressuposto ou abordagem de cabeça para baixo, trabalhar de trás para a frente, perguntar “E se o oposto fosse verdadeiro?” A inversão pode ajudar a perceber insights óbvios que você deixou passar porque estava vendo o problema de um único ponto de vista. Ela pode destacar os erros do seu raciocínio. Pode abrir a mente para novas maneiras de pensar. 

A Comic Relief é mais conhecida pelos Red Nose Days (Dias do Nariz Vermelho), cuja primeira edição aconteceu em fevereiro de 1988. Mais de 150 humoristas e celebridades participaram do evento televisionado, que atraiu 30 milhões de espectadores: mais da metade da população. Gente de todos os cantos do Reino Unido comprou narizes vermelhos, e a renda foi para a caridade 

Doar para a caridade é importante. Participar de um dia de comédia é prazeroso. Ao juntar caridade e comédia, Jane Tewson facilitou o fato beneficente. Como resultado, as pessoas não só participam, mas realmente esperam ansiosas para participar de novo ano após ano. 

Mas o trabalho essencial pode ser prazeroso se deixarmos de lado a noção puritana de que tudo o que vale a pena fazer precisa exigir um esforço extenuante. Por que simplesmente suportamos as atividades essenciais quando podemos desfrutar delas? Ao combinarmos atividades essenciais a atividades divertidas, podemos tornar sem esforço a execução até das tarefas mais chatas e insuportáveis. 

Quando associamos pequenos fragmentos de deslumbramento a tarefas corriqueiras, não ficamos mais esperando a época em que finalmente nos permitiremos relaxar. Essa época é sempre agora. 

Quando a diversão e as brincadeiras iluminam com mais frequência o nosso dia a dia, nos aproximamos mais do nosso Estado Sem Esforço natural. 

Vivemos numa cultura da reclamação que se inebria ao manifestar sua indignação – principalmente nas redes sociais, que parecem uma torrente interminável de queixas e rabugices sobre o que é insatisfatório ou inaceitável. Mesmo que não nos envolvamos nisso  diretamente, ainda assim pode nos afetar. Em grande quantidade, as lamúrias dos outros nos provocam um câncer emocional. Começamos a perceber mais injustiças em nossa vida. São os “fantasminhas” ocupando espaços valiosos no cérebro e no coração. 

A teoria ampliar e construir da psicologia explica como isso acontece. As emoções positivas nos abrem para novos pontos de vista e possibilidades. Essa abertura incentiva ideias criativas e promove laços sociais. Essas coisas nos transformam. Elas destravam novos recursos físicos, intelectuais, psicológicos e sociais. Criam uma “espiral ascendente” que aumenta a probabilidade de lidarmos bem com o próximo desafio que enfrentarmos. 

No entanto, Joe Maddon [treinador de beisebol] vê vantagem na arte de não fazer nada. Ele implementou essa ideia mudando a rotina de seus jogadores na “Semana da Legião Americana”, que acontece nos dias quentes de agosto, quando o desempenho dos jogadores costuma cair. Em vez de acumular horas de treino pré-jogo, ele diz a seus jogadores para só chegarem na hora da partida. Incentiva-os a dormir até tarde, a tirar cochilos e chegar descansados, do mesmo jeito que faziam quando eram adolescentes, como amadores. 

A abordagem de Maddon teve um impacto transformador não só nos Angels como nos outros times que treinou na última década.  

O jeito mais fácil é descarregar continuamente nossa energia física e mental realizando pausas curtas. Planeje esses intervalos ao longo do dia. Dessa forma, seremos como aqueles indivíduos de alto desempenho que tiram vantagem do ritmo natural do corpo. 

Para isso, procure fazer o seguinte: 

  1. Dedique as manhãs ao trabalho essencial. 
  2. Decomponha esse trabalho em três sessões de, no máximo, 90 minutos cada. 
  3. Faça um breve intervalo (10 a 15 minutos) entre as sessões para descansar e se recompor. 

Não existe relacionamento sem esforço, mas tem um jeito mais fácil de mantê-lo sólido. Não precisamos concordar em tudo com a outra pessoa. Mas temos que estar presentes com ela, realmente notá-la, dar-lhe toda a nossa atenção – talvez nem sempre, mas com a máxima frequência possível. 

Quando estamos totalmente presentes com as pessoas, causamos impacto. E não só naquele momento. A experiência de se sentir a pessoa mais importante do mundo, mesmo que por um breve momento, pode permanecer conosco por um tempo desproporcional depois que o momento passar. Há um poder curiosamente mágico na presença.

 

SEGUNDA PARTE – Ação sem esforço 

Larry Silverberg é um “dinamicista”, isto é, um especialista no movimento de coisas físicas. Por exemplo, ele estudou durante 20 anos o movimento de milhões de arremessos de lance livre de basquete. 

Uma coisa que Larry descobriu nesse período foi que o fator mais importante para o sucesso no lance livre é a velocidade com que se solta a bola. Atingir a condição sinestésica ideal exige treino e memória muscular. O objetivo é chegar ao ponto em que os movimentos se tornam fluidos, naturais e instintivos. 

É isso que significa Ação Sem Esforço. 

Quando passamos de determinado ponto, mais esforço não produz melhor desempenho. Em vez disso, o excesso sabota o resultado. 

O excesso de esforço ocorre quando forçamos a barra ou tentamos “demais”. Talvez você já tenha passado por isso. Esforçar-se demais em um ambiente de socialização impede você de se conectar autenticamente com outra pessoa. Esforçar-se demais por uma promoção pode parecer desesperado e, portanto, tornar você menos desejável. Esforçar-se demais para dormir pode tornar quase impossível relaxar. Esforçar-se demais para parecer inteligente raramente impressiona as pessoas que você quer impressionar. Esse é o problema do excesso de esforço. 

Ter clareza de qual é o aspecto de um projeto finalizado além de nos ajudar a terminar, também nos ajuda a começar. Com frequência procrastinamos ou temos dificuldade de dar os primeiros passos num empreendimento, porque não temos em mente uma linha de chegada clara. Assim que defini-la, você dará à mente consciente e inconsciente uma instrução inequívoca. As coisas vão se encaixar e você poderá mapear a trajetória rumo a esse estado final. 

O conceito era grande – enorme, na verdade. Era ambicioso e de longo prazo. Os fundadores sabiam como seria o “aspecto finalizado” – o imenso serviço global de streaming e biblioteca de conteúdo que a Netflix é hoje –, mas, em vez de mapear um plano complexo e detalhado para chegar lá, Reed Hastings e Marc Randolph procuraram o primeiro passo ridiculamente simples que lhes informaria se deveriam dar o segundo passo ou desistir. Enviar aquele único CD foi a maneira mais simples e mais óbvia de pôr em movimento sua ideia grandiosa. 

Você não precisa se sentir sobrecarregado pelos seus projetos essenciais. Concentre-se no primeiro passo óbvio e você evitará gastar energia mental demais pensando no quinto, no sétimo ou no vigésimo terceiro passos. 

Um princípio fundamental do pensamento do Vale do Silício – e, em termos mais gerais, do design thinking – é a prática de desenvolver um produto mínimo viável. Eric Ries, autor de A Startup Enxuta, define o produto mínimo viável como a “versão de um produto novo que permite à equipe coletar a quantidade máxima de aprendizado validado sobre os clientes com o mínimo esforço”. É um jeito sem esforço de testar uma ideia, porque só exige a construção da versão mais simples do produto, apenas o necessário para obter feedback confiável que os clientes querem. 

Bezos tinha convocado uma reunião porque estava pensando muito sobre as dificuldades enfrentadas no processo de finalização da compra em seu site de comércio eletrônico, que estava crescendo rapidamente. Para fazer um pedido, os clientes tinham que passar por uma longa série de etapas. Havia uma página para digitar o nome: clique. Uma página para digitar a primeira linha do endereço: clique. E assim muitos outros cliques. 

Em certo momento do almoço, Bezos disse: “Precisamos de algo que simplifique o processo, para que o cliente feche o pedido com o mínimo de esforço. Ele deveria ser capaz de clicar numa coisa e pronto.” Hartman, um programador capaz e inteligente, pesquisou e achou esse clique único. A Amazon conseguiu patente do processo de um clique, que durou quase 20 anos, e isso lhe deu uma vantagem imensa sobre os concorrentes online. 

Um dos 12 princípios do Manifesto Ágil [desenvolvimento de softwares] afirma: “A simplicidade, arte de maximizar a quantidade de trabalho que não precisou ser feito, é essencial.” Com isso eles queriam dizer que o objetivo deve ser criar valor para o cliente e, se for possível fazer isso usando menos código e menos recursos, é exatamente assim que deve ser. 

Na farmacêutica Pfizer, há um programa chamado “Dare to Try” (Ouse Tentar), que enfatiza sete aspectos específicos para promover inovações. Por exemplo, “frescor” incentiva os funcionários a encontrar ideias em lugares novos; “brincadeira” se inspira na curiosidade e na diversão das crianças; e “estufa” protege de críticas duras as ideias em fase inicial, por mais toscas que sejam, para que possam crescer. As pessoas mais perfeccionistas tendem a ter dificuldade com a ideia de começar com algo tosco; elas se exigem um padrão de perfeição elevado em todos os estágios do processo. Mas o padrão que procuram manter não é realista nem produtivo. 

Desde o começo da jornada, Amundsen insistiu que o grupo avançasse exatos 24 quilômetros por dia, nem mais, nem menos. O último trecho não seria diferente. Fizesse chuva ou sol, Amundsen “não permitiria que os 24 quilômetros diários fossem excedidos”. Enquanto Scott só permitia que sua equipe descansasse nos dias “em que congelava” e forçasse o pessoal a um “esforço desumano” nos dias “em que degelava”, Amundsen insistia em bastante repouso e antevê um ritmo constante durante toda a viagem até o polo Sul. 

Essa única diferença simples entre as duas expedições explica por que a equipe de Amundsen chegou ao polo e a de Scott pereceu. Em última análise, estabelecer um ritmo firme e sustentável, foi o que permitiu ao grupo norueguês alcançar o destino “sem esforço excepcional”, como explica Roland Huntford, autor de um livro fascinante sobre essa corrida ao polo Sul. 

TERCEIRA PARTE – Resultados sem esforço 

Alguns conhecimentos só são úteis uma vez. Por exemplo, você decora um fato para uma prova e o esquece no dia seguinte. Passa os olhos por uma reportagem interessante no celular, mas uma hora depois o cérebro não reteve nenhum detalhe.

Outros conhecimentos são úteis inúmeras vezes. Quando você entende por que algo aconteceu ou como uma coisa funciona, pode aplicar esse conhecimento repetidamente. Por exemplo: 

  • O estudante que aprende os princípios fundamentais de qualquer matéria pode aplicar facilmente esse entendimento de várias maneiras, com o passar do tempo.
  • O gestor que aprende a unir sua equipe pode aplicar essa abordagem a muitas equipes futuras. 
  • A pessoa que entende como tomar uma decisão pode tomar boas decisões para sempre. 

Se você resumir os ensinamentos principais de um livro que acabou de ler, vai absorvê-lo mais profundamente. O processo de resumir, de extrair a essência das ideias, nos ajuda a transformar informações em entendimento e entendimento em conhecimento inigualável. 

Não há jeito melhor de ensinar que pelo poder das histórias. Uma boa história pode viver milênios. É só pensar nas fábulas de Esopo. 

Esopo era um escravo contador de histórias que viveu há mais de 2.500 anos na Grécia Antiga. Para compartilhar suas lições, ele contou histórias memoráveis. Elas eram tão fáceis de lembrar e passar adiante que foram transmitidas de boca em boca por gerações. 

O vasto corpo de conhecimentos que a humanidade adquiriu em tantas disciplinas alimentou um extraordinário progresso científico, tecnológico e humanista. Mas, como explica Atul Gawande, esse progresso tem um lado ruim. O volume e a complexidade estonteante do saber humano excederam a capacidade dos especialistas de gerenciar tanta informação. E é exatamente por isso que acontecem acidentes trágicos, como os do Modelo 299 da Boeing e outros. 

Gawande, autor de Checklist, defende que precisamos de uma ferramenta modesta, porém maravilhosa: o checklist, ou lista de verificação. 

Depois que os pilotos de testes da Boeing implementaram checklists e voaram muitas e muitas vezes sem incidentes, escreve Gawande, o Corpo Aéreo do Exército encomendou milhares de aviões. Rebatizado de B-17, o Modelo 299 despejou mais bombas que todos os outros aviões americanos na Segunda Guerra Mundial e ajudou a virar o jogo a favor dos Aliados. 

A beleza do checklist é que o raciocínio foi feito com antecedência. Foi tirado da equação. Ou melhor, foi embutido na equação. Assim, em vez de acertar essas coisas essenciais de vez em quando, acertamos todas as vezes. 

Existe um jeito mais fácil de realizar tarefas em equipe. Quando você tem confiança em seus relacionamentos, eles exigem menos esforço de gestão e de manutenção. Você pode distribuir rapidamente o trabalho entre os membros da equipe. As pessoas podem falar aberta e sinceramente os problemas que surgirem e compartilhar as informações valiosas em vez de guardá-las para si. Ninguém tem medo ou vergonha de fazer perguntas quando não entende alguma coisa. A velocidade e a qualidade das decisões aumentam. 

Ao contratar alguém, é preciso ter certeza de que se trata de uma pessoa honesta e decente, que manterá o padrão alto quando ninguém estiver olhando, que cumprirá o que prometer e fará bem-feito. Se o profissional é digno de confiança, não é necessário microgerenciar, você sabe que ele entende as metas da equipe e que se preocupa tanto quanto você com a qualidade do trabalho essencial a ser feito. 

Warren Buffett usa três critérios para determinar quem é digno de confiança para ser contratado ou para se sentar à mesa de negociações com ele. Ele procura pessoas com integridade, inteligência e iniciativa, embora acrescente que, sem a primeira, as outras duas podem sair pela culatra. 

É a chamada “Regra dos Três Is”. 

No entanto, se a gente olhar a equação pensando em um prazo mais longo, o cálculo muda. Quando somamos o custo cumulativo de tempo e irritação de hoje, amanhã e em uma centena de dias posteriores, de repente faz sentido investir em resolver o problema de uma vez por todas. Nesse sentido, ajeitar a gaveta representaria uma grande economia: dois minutos de esforço para prevenir centenas de irritações futuras. Um ganho de tempo impressionante. 

É o que chamo de cauda longa da gestão de tempo. Quando investimos nosso tempo em ações com cauda longa, continuamos a colher os benefícios por um longo período. 

Mas o que geralmente deixamos de reconhecer é que algumas tarefas que no momento parecem “não valer a pena” podem nos poupar 100 vezes o tempo e a irritação no longo prazo. 

Para romper esse hábito, pergunte-se: 

  1. Tem algum problema que me irrita repetidamente? 
  2. Qual o custo total de administrar isso durante vários anos? 
  3. Qual é o próximo passo que posso dar de imediato para avançar rumo à solução? 

Vários anos atrás, os hospitais australianos criaram um sistema para aproveitar essa janela de oportunidade e identificar possíveis paradas cardíacas antes que acontecessem. Foram criadas equipes de resposta rápida (ERR), que incluíam um enfermeiro emergencial, um terapeuta respiratório e um médico. Em todas as unidades, foi distribuída uma lista dos gatilhos que poderiam sinalizar uma parada cardíaca, com limiares para a ação. Por exemplo, o enfermeiro deve chamar a ERR quando a frequência cardíaca do paciente cai abaixo de 40 batidas por minuto ou sobe acima de 130 por minuto, mesmo que os sinais pareçam normais. 

Esse sistema logo foi adotado por hospitais nos Estados Unidos e resultou numa redução de 71% dos códigos azuis e de 18% das mortes. Um médico explicou por que as ERRs se mostraram bem-sucedidas: “O segredo do processo é o tempo. Quanto mais cedo se identifica um problema, maior a probabilidade de se evitar uma situação perigosa.” 

Assim como você pode encontrar pequenas ações que tornarão sua vida mais fácil no futuro, pode procurar pequenas ações que vão evitar que sua vida fique mais complicada. Esse princípio se aplica a todo tipo de empreendimento. 

Lembrete 

Se você extrair uma única lição deste livro, espero que seja esta: a vida não precisa ser tão dura e complicada quanto a tornamos. Cada um de nós, como escreveu Robert Frost, tem “promessas a cumprir e milhas a percorrer antes de dormir”. Não importam os desafios, os obstáculos ou as dificuldades que encontramos pela frente, sempre podemos procurar o caminho mais simples e mais fácil.  

Resenha: Rogério H. Jönck 

Fotos: reprodução e Philipp Cordts on Unsplash

Ficha técnica: 

Título: Sem esforço – Torne mais fácil o que é mais importante 

Título original: Effortless 

Autor: Greg McKeown 

Primeira edição: Sextante 

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