[Assista à palestra de Tal Ben-Shahar sobre e Ciência da Felicidade realizada no Fórum de Inovação de Alta Performance do Experience Club]:
Ideias centrais:
1 – Arquétipo de felicidade: pessoas felizes vivem seguras, sabendo que as atividades que lhes trazem contentamento no presente também guardam satisfações futuras.
2 – Por si mesmas, a riqueza e a fama não têm valor: não haverá razão para buscar a fama e a fortuna se elas não contribuírem, de alguma forma, à felicidade.
3 – As metas são meios, não apenas fins. Para a felicidade sustentável, precisamos mudar as expectativas quanto às nossas metas: em vez de percebê-las só como fins (realização que nos faça felizes), precisamos vê-las também como meios (prazer durante a jornada).
4 – Já que frequentemente temos melhor desempenho quando lidamos com as coisas com que estamos mais engajados, buscar atividades que nos dão mais significado e mais prazer leva a sucessos mais quantificáveis no longo prazo.
5 – Entender teoria da felicidade como prazer e significado não é suficiente para a felicidade duradoura. Se sentimos que não merecemos ser felizes, limitamos nossa aptidão a tanto. Não tenha medo de ser feliz.
Sobre o autor:
Tal Ben-Shahar é popular palestrante da Universidade de Harvard sobre psicologia positiva e psicologia de liderança. Tem Ph.D em comportamento organizacional e doutorado em filosofia e psicologia em Harvard.
Introdução
Como se pode explicar a procura pela psicologia positiva em Harvard e em outras universidades? Por que esse interesse crescente pelo estudo da felicidade, em escolas de todos os níveis, assim como entre a população adulta? Será porque, hoje em dias, as pessoas são mais deprimidas? Será algo ligado à educação do século XX ou ao nosso estilo de vida ocidental?
Felicidade x depressão. Nos Estados Unidos, as taxas de depressão são dez vezes mais altas hoje do que eram na década de 1960, e a idade média para a manifestação da depressão passou de vinte e nove anos para catorze anos e meio em quase cinquenta anos. Um estudo realizado em universidades norte-americanas indica que quase 45% dos estudantes eram “tão deprimidos que tinham dificuldade para estudar”. Outros países estão seguindo os passos dos Estados Unidos. Em 1957, na Inglaterra, 52% da população se declarou muito feliz; em 2005, esse índice caiu para 36% – apesar do fato de o país ter triplicado sua riqueza no último meio século. Com o rápido crescimento da economia chinesa, aumentou rapidamente o número de adultos e crianças que sofrem de ansiedade e depressão. E de acordo como o Ministério da Saúde da China, “a condição de saúde mental das crianças do nosso país é realmente preocupante”.
À medida que as pessoas acreditavam que suas necessidades materiais básicas tinham de ser atingidas para que se alcançasse uma vida satisfatória, era fácil explicar a infelicidade. Agora, porém, tendo sido atingidas as necessidades básicas de muitos, já não há uma resposta pronta para o descontentamento. Cada vez mais pessoas estão tentando resolver o paradoxo – de que o dinheiro, ao que parece, nos trouxe infelicidade – e buscam ajuda na psicologia positiva.
A psicologia positiva – geralmente definida como “o estudo científico do funcionamento humano ótimo” – foi oficialmente lançada como disciplina em 1998, por Martin Seligman, presidente da Associação Americana de Psicologia. Até então, o estudo da felicidade – do aumento da qualidade de vida – foi largamente dominado pela psicologia pop.
Parte I – O que é felicidade?
Capítulo 1 – A questão da felicidade
Embora as metas específicas dos estudantes mudassem quando deixavam a faculdade (a promoção no emprego substituía o sucesso acadêmico, por exemplo, a referência padrão de suas vidas continuava a mesma. Muita gente parecia aceitar situações emocionalmente pobres como o preço inevitável do sucesso. Seria possível, então, que fosse verdadeira a observação de Henry David Thoreau de que a maioria das pessoas leva uma vida de “silencioso desespero”? Conforme Tal Ben-Shahar, mesmo que fosse, eu me recusava a aceitar sua lúgubre visão como um fato necessário da vida e procurava respostas para as seguintes questões:
Como pode uma pessoa ser, ao mesmo tempo, bem-sucedida e feliz? Como se pode conciliar ambição e felicidade? É possível desafiar a máxima do “sem sacrifício não há ganho”’?
Como posso saber se sou feliz ou não? Em que momento, eu passo a ser feliz? Existe algum padrão universal de felicidade e, caso exista, como posso reconhecê-lo? Ele depende de minha felicidade em relação aos outros e, se depende, como posso medir o quanto são felizes as outras pessoas? Não há forma confiável para responder a essas questões e, mesmo que houvesse, eu não seria mais feliz por isso.
Assim, em vez de me perguntar se sou feliz ou não, uma pergunta mais útil se impõe:
Como posso ser mais feliz?
Que rituais fariam você mais feliz? O que você gostaria de introduzir em sua vida? Por exemplo, fazer ginástica três vezes por semana, meditar por quinze minutos toda manhã, assistir a dois filmes por mês, sair com a esposa todas as terças-feiras, desfrutar de uma leitura por uma hora em dias alternados, e assim por diante. Adote não mais que um ou dois rituais de cada vez e certifique-se de que se tonaram hábitos, antes de adotar outros.
Capitulo 2 – Reconciliar presente e futuro
Os diferentes tipos de felicidade podem ser comparados a três tipos de hambúrguer.
O primeiro hambúrguer arquetípico é aquele que pode ser a saborosa junk-food. Comê-lo traria um benefício presente, que as pessoas apreciariam, e um dano futuro, porque depois as pessoas não se sentiriam bem. A experiência do benefício presente e do dano futuro define a arquétipo do hedonismo. Os hedonistas adotam a máxima do “Busque o prazer e evite o sofrimento”; eles valorizam o desfrute do presente e ignoram as potenciais consequências negativas de suas ações.
O segundo tipo que vem à mente é um hambúrguer vegetariano insosso feito com os ingredientes mais saudáveis, que traria um benefício futuro, já que depois a pessoa se sentiria bem e saudável, e um dano presente, uma vez que ninguém sentiria prazer ao comê-lo. O arquétipo correspondente é aquele da corrida do rato. O rato do laboratório, subordinando o presente ao futuro, sofre agora, antevendo algum ganho posterior.
O terceiro tipo de hambúrguer, o pior de todos, é ao mesmo tempo insosso e não saudável; ao ser comido, experimenta-se um dano presente, por não ser saboroso, e experimenta-se um dano futuro, já que faz mal. O correspondente a esse hambúrguer é o arquétipo do niilismo, o qual descreve a pessoas que perdeu o entusiasmo pela vida; alguém que nem desfruta o presente nem tem a noção de objetivos futuros.
Os três arquétipos não esgotam todas as possibilidades – há mais um a considerar. Que tal um hambúrguer que fosse tão saboroso quanto o primeiro rejeitado e tão saudável quanto o vegetariano. Esse hambúrguer exemplifica o arquétipo da felicidade. Pessoas felizes vivem seguras, sabendo que as atividades que lhes trazem contentamento no presente também guardam satisfações futuras.
Exercício
Lembre-se de um ou vários períodos em sua vida em que você desfrutou, ao mesmo tempo, de benefícios do presente e do futuro.
Capítulo 3 – A felicidade explicada
O filósofo inglês David Hume argumenta que “o grande objetivo de todo o esforço humano é a conquista da felicidade. Para isso, foram inventadas as artes, cultivada a ciência, ordenadas as leis e organizadas as sociedades”. A riqueza, a fama, a admiração e todos os outros objetivos são de segunda ordem e se subordinam à felicidade; sejam os nossos desejos materiais ou sociais, são meios em busca de um fim: a felicidade.
Prazer e significado. Tal Ben-Shahar define a felicidade como “a experiência geral de prazer e de significado”. A pessoa feliz desfruta de emoções positivas, ao mesmo tempo que vê o significado em sua vida. A definição não se refere a um determinado momento, mas a um conjunto geral de experiências: uma pessoa pode às vezes suportar sofrimentos e ainda assim ser feliz no âmbito geral.
Podemos pensar nessa definição em termos de arquétipo da felicidade. O prazer se refere às emoções positivas aqui e agora, aos benefícios presentes; o significado diz respeito a ter um senso de propósito, dos benefícios futuros de nossas ações.
Capítulo 4 – A moeda definitiva
Em 1975, Marva Collins fundou a Escola Preparatória Westside, para as crianças da vizinhança, muitas das quais tinham sido rejeitadas por outras escolas por mau comportamento ou incapacidade de se integrar ao sistema escolar. A Escola Preparatória de Westside era sua última chance, antes de irem para a rua.
Felicidade e abnegação. Collins fundou sua escola com pouco dinheiro, inicialmente usando sua casa como sala de aula. Pelos vinte anos seguintes, continuou com dificuldades financeiras e esteve muitas vezes à beira de fechar. Hoje há escolas Marva Collins em diversos estados [EUA]; educadores de todo o mundo vêm a Chicago para conhecê-la, aprender seus métodos e receber inspiração. A experiência de Collins fornece uma percepção sobre as implicações de reconhecer a felicidade como a meta definitiva.
O dinheiro e a fama se subordinam à felicidade e não têm valor intrínseco. A única razão que pode tornar desejáveis o dinheiro e a fama é o fato de que possuí-los, ou a ideia de possuí-los, leva a emoções positivas ou a um significado. Por si mesmas, a riqueza e a fama não têm valor: não haveria razão para buscar a fama e a fortuna se elas não contribuírem, de alguma forma, para a felicidade.
A felicidade não é apenas um luxo, algo a ser buscado depois que todos os nossos males pessoais estão resolvidos. Aumentar os níveis de moeda definitiva melhora a qualidade de vida das pessoas e pode fazer do mundo um lugar melhor e mais seguro.
Capítulo 5 – Estabelecer metas
As pessoas que estabelecem metas são provavelmente mais bem-sucedidas do que as que não o fazem. Ter objetivos explícitos, que sejam desafiadores e específicos – com cronogramas claros e critérios de desempenho -, leva a resultados melhores. Estabelecer uma meta é como assumir um compromisso verbal, e palavras têm o poder de criar um futuro melhor.
Meta e a jornada da meta. A ênfase nesta abordagem não é tanto sobre a realização de metas quanto em ter metas. Em seu artigo “Afetividade positiva”, o psicólogo David Watson destaca o valor da jornada: “Pesquisadores contemporâneos enfatizam que é o processo de lutar pelas metas –e não apenas a realização dessas – que é crucial para a felicidade e a afetividade positiva”. O objetivo primário de ter uma meta – um objetivo futuro – é aumentar o desfrute do presente.
As metas são meios, não apenas fins. Para a felicidade sustentável, precisamos mudar as expectativas que temos quanto a nossas metas: em vez de percebê-las como fins (esperando que sua realização nos faça felizes), precisamos vê-las como meios (reconhecendo que podem aumentar o prazer que temos com a jornada). Quando as metas facilitam o desfrute de nossa experiência presente, elas levam indiretamente a um aumento dos nossos níveis de bem-estar a cada passo do caminho, ao contrário de um pico temporário que surge com a realização de uma meta.
Parte II – A felicidade aplicada
Capítulo 6 A felicidade na educação
Garantir que o processo de aprendizado seja em si mesmo prazeroso é responsabilidade, em parte, de cada estudante, sobretudo em faculdades e cursos de graduação, nos quais há mais independência. No entanto, na época em que estão maduros para assumir a responsabilidade por sua educação, os estudantes já quase internalizaram o caráter de ratos de laboratório. Aprendem com seus pais que as notas e os prêmios são a medida do sucesso, que sua responsabilidade é produzir boletins excelentes, em vez de aprender apenas com a finalidade de aprender. Educadores – pais e professores – que se preocupam em ajudar os jovens a levar vidas felizes devem eles mesmos acreditar,primeiro, que a felicidade é a moeda definitiva.
Exercício
Pense no melhor professor que teve na escola. O que ele, ou ela, fez para despertar em você o amor pelo aprendizado?
A educação, em seu melhor desempenho, tem de ajudar os estudantes a crescer material e emocionalmente. Para isso, as escolas devem enfocar mais do que os aspectos técnicos da educação – devem ir além dos três aspectos básicos: escrever, ler e contar). Sugere-se um quarto item básico: alegria. Os professores precisam criar na escola as condições que permitirão que os alunos se divirtam ao aprender, ao crescer, na própria vida. Muitos de nossos hábitos e expectativas se estabelecem durante esses anos de formação.
Capítulo 7 – A felicidade no trabalho
No entanto, ser escravizados pelas exigências da vida e por nossa natureza não exclui a possibilidade de nos sentirmos felizes. Experimentamos a liberdade quando escolhemos um caminho que nos oferece significado e prazer. Ser ou não de liberdade a nossa experiência de trabalho depende de termos escolhido ser ou não escravos da riqueza material ou da prosperidade emocional, escravos das expectativas dos outros ou de nossas paixões.
Trabalho e felicidade. Ao colocar a série de perguntas genuínas, desafiamos pressupostos, formas convencionais de pensar o que é possível em nossa vida. Sou feliz no trabalho? Como posso vir a ser mais feliz? Posso deixar meu emprego e encontrar algo significativo e prazeroso? Se não consigo ou, por uma razão ou outra, não quero deixar meu emprego, o que posso fazer para torná-lo mais agradável?
Exercício
Lembre-se de algumas vivências favoritas em um projeto específico ou no local de trabalho que tornou a experiência positiva?
Tanto a moeda real quanto a moeda definitiva são necessárias para a sobrevivência e não precisam ser excludentes., Alem disso, já que frequentemente temos melhor desempenho quando lidamos com as coisas com que estamos mais engajados, buscar aquelas atividades que nos dão significado e mais prazer poderia realmente levar a sucessos mais quantificáveis no longo prazo. Naturalmente, trabalhamos mais pesado nas coisas que valorizamos e pelas quais nos interessamos – pelas quais temos paixão.
Capítulo 8 – A felicidade nos relacionamentos
Ter pessoas com as quais nos preocupamos e que se preocupam conosco e com as quais partilhamos a vida – partilhar eventos, pensamentos e sentimentos – intensifica os sentimentos de significado, consola as dores, aprofunda o senso de desfrute do mundo. Amizades íntimas, de acordo com o filósofo Francis Bacon, que viveu no século XVII, “duplicam as alegrias e cortam os pesares pela metade”. Sem amizade, diz Aristóteles, a felicidade não é possível.
O psicólogo Donald W. Winnicott observou que as crianças que brincam bem perto das mães apresentam um nível mais alto de criatividade em seus jogos do que aquelas que brincam distantes. As crianças são altamente criativas desde que estejam dentro de um certo raio de distância das mães, dentro de um círculo de criatividade, de contato mental. O círculo de criatividade é um espaço em que as crianças podem assumir riscos e experimentar coisas, cair e se levantar, errar e acertar – porque se sentem seguras e a salvo na presença de uma pessoa que as ama incondicionalmente.
Uma vez que os adultos são capazes de um nível mais alto de abstração do que as crianças, não precisamos estar sempre fisicamente perto de nossos entes queridos para estarmos dentro de seus círculos de criatividade. Saber que somos amados incondicionalmente cria um espaço psicológico de segurança e proteção.
Amor e dedicação. A noção equivocada de que encontrar o amor garante a eterna bem-aventurança leva os parceiros a negligenciarem a jornada – as questões, as atividades e os eventos que moldam o relacionamento. Será que alguém sustentaria seriamente a noção de que uma vez que encontre emprego de seus sonhos, o local de trabalho ideal, não precisaria trabalhar mais duro? Não é diferente quando se trata de relacionamentos; o trabalho árduo começa depois que nos apaixonamos.
Parte III – Meditações sobre a felicidade
Capítulo 9 Primeira meditação: autointeresse e benevolência
A maior parte dessas filosofias e religiões que advogam o autossacrifício como fundamento da moralidade, a exemplo do que faz Kant, presume que, se agirmos por autointeresse, estamos inevitavelmente agindo contra os interesses dos outros – que, se não combatemos nossas inclinações egoístas, feriremos outras pessoas e não levaremos em conta suas necessidades.
Ajuda a si e aos outros. No entanto, o que essa visão de mundo deixa de reconhecer é que não precisamos fazer uma escolha entre ajudar os outros e ajudar a nós mesmos. Não são possibilidades excludentes. De fato, como explica o filósofo Ralph Waldo Emerson, “uma das mais belas compensações desta vida é que ninguém pode sinceramente tentar ajudar outra pessoas sem ajudar a si mesmo”. Ajudar a si mesmo e ajudar os outros são ações contrabalançadas: quanto mais ajudamos os outros, mais felizes nos tornamos, e quanto mais felizes nos tornamos, mais vontade temos de ajudar os outros.
Capítulo 10 – Segunda meditação: indutores de felicidade
Pesquisas realizadas por Kennon Sheldon e Linda Houser- Marko mostram que perseguir metas autoacordantes – engajar-se em atividades que são pessoalmente significativas – impacta a nossa experiência em outras áreas diretamente relacionadas com essas atividades: “As pessoas que podem identificar conjuntos de metas que representam bem seus interesses e valores implícitos são realmente capazes de funcionar de forma mais eficiente,flexível e integrativa através de todas as áreas de suas vidas”. A confiança, a paixão, o senso de plenitude que ganham dessas experiências se espalham sobre outras áreas da vida.
Os indutores de felicidade podem nos inspirar e revigorar, agindo como um puxão e um empurrão motivacionais. Para o pai sozinho, um incentivador de felicidade na forma de um passeio de fim de semana com o filho pode mudar toda a sua experiência de vida – inclusive as horas passadas no trabalho. Para o jovem empregado de banco de investimentos, duas horas por semana ajudando centros comunitários com suas finanças e uma tarde com os amigos podem ajudá-lo a aguentar, e mesmo a apreciar, os dois anos de trabalho duro e altamente insatisfatório de aprendiz.
Capítulo 11 – Terceira meditação: além da alta temporária
Examinando a literatura sobre a felicidade, Sonja Lyubomirsky, Kennon Sheldon e David Schkade mostram como o nível de felicidade de uma pessoa é basicamente determinado por três fatores: “um ponto decisivo determinado geneticamente para a felicidade, fatores circunstanciais relevantes para a felicidade e atividades relevantes para a felicidade”. Embora não tenhamos controle sobre a predisposição genética, e algumas vezes pequena influência sobre as circunstâncias em que nos encontramos, usualmente temos muito mais controle sobre o tipo de atividades e práticas que procuramos. A terceira categoria, de acordo com Lyubomirsky e seus colegas, “oferece a melhor oportunidade para a felicidade sustentável crescente”. Buscar atividades significativas e prazerosas eleva os níveis de bem-estar.
Felicidade sólida. Nossa busca pela moeda definitiva pode ser um processo infindável de florescimento e crescimento; não há limite para o quanto de felicidade que podemos conseguir. Buscando trabalho, educação e relacionamentos que ofereçam significado e prazer, nos tornamos cada vez mais felizes, desfrutando não apenas de uma alta efêmera que murcha com as folhas, mas de felicidade duradoura , com raízes profundas e sólidas.
Capítulo 12 – Quarta meditação: deixando brilhar nossa luz
Entender a teoria da felicidade apresentada aqui – a necessidade de prazer e de significado – não é suficiente para garantir a felicidade duradoura. Se sentimos – em algum nível – que não merecemos ser felizes, encontraremos meios de limitar nossa aptidão para tanto. Podemos ser negligentes ou falhar na apreciação das fontes potenciais da moeda definitiva, podemos concentrar nossa energia em atividades que nos fazem infelizes, podemos banalizar a felicidade que sentimos ou podemos nos lembrar constantemente de todas as coisas que nos fazem sentir infelizes.
Medo de ser feliz. As hipóteses que nos sustentam não são apenas aquelas que absorvemos de nossos predecessores. Muitos de nós temos limitações autogeradas. Quando não sentimos que somos merecedores de felicidade, não é possível que nos sintamos merecedores das coisas boas, as coisas que nos trazem felicidade. Porque não acreditamos que realmente as merecemos, que elas podem ser nossas, temos medo de perdê-las. O medo de sofrer perdas provoca perdas reais; os sentimentos de que não somos merecedores de felicidade nos levam de fato à infelicidade.
Capítulo 13 – Quinta meditação: imagine
Faça o exercício como descrito. Imagine que você tem cento e dez anos, ou seja, é significativamente mais velho do que é hoje. Tire quinze minutos para aconselhar a si mesmo sobre como ter mais felicidade, começando do ponto em que está. Faça o exercício por escrito. Tanto quanto possível, ritualize o conselho. Se, por exemplo, o seu eu mais velho o aconselha a passar mais tempo com a família, comprometa-se com mais uma saída semanal ou bissemanal com a família.
Seja persistente. Retome o exercício regularmente – leia o que escreveu, acrescente coisas e se pergunte se você seguiu o conselho de seu eu mais velho.
Capítulo 14 – Sexta meditação: não tenha pressa
Henry David Thoreau, no século XIX, alertava seus contemporâneos para que reduzissem a complexidade na rotina: “Simplicidade, simplicidade, simplicidade! Digo-lhes que deixem seus afazeres serem dois ou três, e não cem ou mil, em vez de milhões, conte meia dúzia”. As palavras de Thoreau são ainda mais pertinentes hoje, à medida que nosso mundo se torna mais complexo e a pressão parece aumentar a cada nanossegundo.
Embora o trabalho duro com certeza seja necessário para o sucesso, trabalhar duro de modo excessivo provavelmente trará danos, e não ajuda, àquele sucesso.
Aprenda com o vinho. Um connoiseur de vinhos não bebe uma taça inteira de uma vez; para apreciar completamente a riqueza da bebida, os aromas e os gostos, ele prova, saboreia, não tem pressa. Para ser um connoiseur da vida, para desfrutar da riqueza que a vida tem para oferecer, nós também precisamos não ter pressa.
Capítulo 15 – Sétima meditação: a revolução da felicidade
A alternativa para a percepção material, a crença de que o material ocupa a posição mais importante na hierarquia das coisas, é a percepção da felicidade, que significa se afastar da visão de que o material é o objetivo mais alto, nossa busca central.
Percepção de felicidade. Quando as questões que guiam a nossa vida visam encontrar mais significado e prazer (percepção da felicidade), em vez de perseguir mais dinheiro e posses (percepção material), temos muito mais probabilidade de tirar benefícios tanto da jornada quanto do destino. Hoje, com a prevalência da percepção material, muitas pessoas estão fazendo a pergunta errada. Os estudantes muitas vezes querem saber como a faculdade pode ajudá-los a ganhar mais dinheiro; quando escolhem a profissão, perguntam primeiro sobre prestígio e enriquecimento. Não é de espantar que os níveis de depressão estejam subindo.
Resenha: Rogério H. Jönck
Imagens: Reprodução e Unsplash
Ficha técnica:
Título: Ser mais feliz
Título original: Happier: learn the secrets to daily joy and lasting fulfillment
Autor:Tal Ben-Shahar
Primeira edição: Academia