Acreditar no engajamento e na criatividade são um bom ponto de partida aos profissionais que desejam crescer empreendendo dentro da organização.
Por Ana Fontes*
Muitas pessoas me perguntam se o empreendedorismo está diretamente ligado à falta de emprego ou à limitação de crescimento profissional dentro de uma empresa. Sem dúvida, esses dois cenários contribuem para que homens e mulheres acabem investindo tempo e capital financeiro, criando dessa forma seus próprios negócios.
Contudo, o empreendedorismo é muito mais do que isso. Costumo dizer que empreender não é apenas uma atividade econômica e produtiva. Mais do que isso, é um comportamento pessoal e profissional, cujas atitudes e características são inatas ou podem ser adquiridas e desenvolvidas com estudo e orientação.
Nas duas últimas décadas, principalmente, muitas empresas vêm investindo no intraempreendedorismo, que, como o nome sugere, é o ato de motivar as habilidades empreendedoras dos colaboradores para solucionar um problema, desenvolver uma ideia ou inovar processos, serviços e produtos.
Embora esse conceito seja relativamente novo, a ideia em si é bem antiga e, provavelmente, nasceu daquela iniciativa das caixinhas de sugestões que procurava compartilhar um problema com todos os funcionários, premiando uma ou mais soluções que pudessem ser aplicadas na empresa.
Diferentemente do empreendedor, que assume os riscos financeiros de uma empresa, o colaborador intraempreendedor tem a responsabilidade de promover inovação a qualquer momento e em qualquer área ou departamento, sem o ônus da administração do negócio.
Isso não quer dizer, no entanto, que estamos falando de um profissional alheio aos riscos produzidos ou desengajado com o resultado de sua ideia. Muito pelo contrário. O intraempreendedor não apenas colabora com sugestões, como muitas vezes faz parte da implantação da ideia e do desenvolvimento do projeto, medindo posteriormente os resultados. E ele é remunerado ou premiado por isso.
Mas quem pode ser um intraempreendedor? Qualquer profissional engajado e criativo. Porém, costumo listar algumas características essenciais:
1. Visão 360 — Medir causas e efeitos é importante na hora de propor uma ideia. Por isso, é imprescindível estabelecer as interdependências de todas as áreas da empresa; avaliar o impacto na cultura interna e nos objetivos corporativos; além, é claro, de conhecer o negócio e o mercado.
2. Análise estratégica — Empreender também é pensar no futuro, antecipando problemas e aproveitando oportunidades. Um profissional analítico, observador e estratégico costuma ter alta capacidade para construir cenários e traçar caminhos.
3. Trabalho em equipe e relacionamento interpessoal — Em uma empresa nada se desenvolve ou se sustenta sem a colaboração de pessoas. Isso quer dizer que uma ideia, por melhor que seja, precisará da aceitação geral e do engajamento de todas as áreas envolvidas. O sucesso de qualquer projeto exige o comprometimento e a participação de outros profissionais. Em outras palavras, a política da boa vizinhança cabe bem aqui.
4. Perseverança — Poucas ideias e iniciativas alcançam seus objetivos logo de cara. Muitas, aliás, nem saem do papel. Aceitar o fracasso, contudo, nem sempre é a melhor atitude. Acreditar em um projeto bem avaliado e que faz sentido para o negócio às vezes requer paciência do intraempreendedor. Ajuste o que for necessário e tente de novo.
E aí? Pronto para encarar esse desafio?