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Permuta online entre empresas cresce no Brasil

Saiba como a startup XporY quer liderar um mercado de troca de produtos e serviços por crédito que movimenta US$ 14 bilhões ao ano lá fora

A preservação de caixa costuma ser uma das principais preocupações das empresas em momentos de crise. Outra é a ocupação da capacidade instalada. Criadas para minimizar os dois problemas, plataformas de permuta multilateral começam a ganhar espaço no Brasil, impulsionadas pela transformação digital das empresas durante a pandemia e pelo momento econômico difícil.

Há pelo menos quatro empresas do ramo no país. Em linhas gerais, todas seguem um modelo similar. Para participar, as empresas se cadastram em uma plataforma e oferecem seus produtos e serviços, como em outras plataformas de e-commerce. Mas, em caso de venda, recebem os créditos em uma moeda virtual, com a mesma cotação do real, para compra em outras empresas associadas.

Fique ligado:

  1. A participação em plataformas de permuta multilateral pode ser uma forma de preservar caixa e transformar capacidade ociosa em crédito.
  2. O modelo ainda é relativamente novo no Brasil, mas já é bastante conhecido em mercados como o dos Estados Unidos e da Austrália.
  3. Trata-se de um tipo de plataforma que funciona melhor em cidades onde a densidade de empresas participantes é maior. Hoje, nenhuma delas têm densidade em escala nacional.

Uma das principais startups do ramo no país é a XporY – há também a Via Permuta, a Clube de Permuta e a Permute. Fundada em 2014, a empresa adotou o modelo em 2017 e, desde então, vêm crescendo principalmente através de parcerias com entidades de apoio ao empresariado, como o Sebrae. Com a estratégia, que começou a dar resultados mais concretos em 2021, o plano é dobrar de tamanho, e liderar o processo de expansão do modelo no Brasil, nos próximos anos.

A empresa já fechou com a entidade em Goiás, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Amazonas, e está em contato outras nos demais estados, diz Rafael Barbosa, fundador e CEO da empresa, em entrevista ao EXP. “Antes, muitos eventos da entidade colocavam executivos de venda para negociar com executivos de vendas e não dava negócio”, diz o empresário. “Nós ampliamos as possibilidades com a permuta multilateral. Hoje, somos a plataforma do Sebrae de SP e estamos abrindo outros estados.”

Modelo de negócio

No caso específico da XporY, as empresas não pagam nada para se cadastrar e oferecer produtos e serviços na plataforma. Mas, em caso de venda, a startup recebe o equivalente a 10% do valor da transação, em reais. Quem paga é a empresa que compra. A que vende, recebe em créditos.

Planos de expansão

Segundo Barbosa, até o final de 2023, a meta da XporY é chegar a 30 mil clientes ativos e ao menos dobrar o volume transacionado mensalmente, de R$ 10 milhões mensais, para R$ 20 milhões.

Hoje, a plataforma tem 12 mil usuários, a maioria no Distrito Federal e nos estados de Goiás e São Paulo. O momento atual da empresa é o de terminar de conquistar a capital paulista e o interior do estado, diz Barbosa. No segundo semestre, os planos são de ir para o Paraná e para Minas Gerais. “Estamos crescendo a um ritmo de entre 20 e 30 novas empresas por dia”, afirma o empresário.

As empresas participantes são principalmente empresas de serviço, de áreas como mídia, hotelaria e de serviços de alimentação. Mas, com o crescimento, o efeito de rede começa a atrair também mais empresas de outros segmentos, que vendem produtos e outros tipos de serviços.

“Tudo que tem margem alta e é perecível, não tem porque não permutar”, diz Barbosa. “Porque a ociosidade pode matar a empresa e a permuta multilateral é uma forma de transformar a ociosidade em créditos que podem fazer a diferença na preservação do caixa da empresa.”

Desafios

A aceleração do negócio, porém, vai depender agora de investimentos em tecnologia, marketing e comercial.

Segundo o empresário, o plano em marketing é intensificar as campanhas digitais e os incentivos para que os próprios clientes convidem clientes e fornecedores a aderirem a XporY.

Na área comercial, o investimento é em gente para bater de porta em porta, participar de rodadas de eventos e eventos de negócios, e convidar novas empresas a aderirem à plataforma em cidades nas quais a XporY já está presente, para aumentar a densidade de ofertas. “A força do modelo vem muito das permutas dentro de uma mesma cidade. É o que acontece em 97% dos casos”, diz.

Na área de tecnologia, os focos são segurança, desempenho, usabilidade e inteligência artificial para melhorar as recomendações de negócios e facilitar o alinhamento de interesses entre as empresas. O problema é o custo e a dificuldade crescentes para na contratação de desenvolvedores, diz. “Os salários subiram no mínimo 50%. Alguns profissionais dobraram ou triplicaram os ganhos.”

Investimentos

Segundo Barbosa, a empresa, que inicialmente se estruturou com capital próprio e aportes a fundo perdido da Financiado de Estudos e Projetos (Finep) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), já alcançou o equilíbrio financeiro entre 2017 e 2018 e trabalha no azul. Mas, agora, pretende captar dinheiro de investidores para acelerar seu processo de expansão no país.

O empresário afirma que já tem assinado um NDA (contrato de não divulgação, em tradução livre) para um aporte “na casa das dezenas de milhões”. Mas, pela natureza do acordo, não pode revelar o valor, nem os investidores interessados. A ideia, diz, é oficializar o aporte antes de julho.

O dinheiro extra, diz, permitiria acelerar o processo de expansão comercial alcançar o Brasil inteiro, até o final de 2023. Com isso, afirma, a startup tende a se beneficiar “de um grande efeito de rede”. “Quando dobra o número de clientes, quadruplica a de possibilidades de negócios”, afirma.

Regulamentação

Em paralelo à expansão, Barbosa diz que vêm participando ativamente de discussões para a regulamentação da atividade. Segundo ele, não e trata de um negócio ilegal. Mas não existe atualmente no Brasil uma legislação específica sobre ele. “Estamos buscando isso agora”, diz.

“Estamos validando agora o modelo de negócios. O volume com o qual lidamos, ainda é insuficiente para movimentar um processo de regulamentação”, afirma. Nesse sentido, diz, as criptomoedas estão bem na frente na agenda do Banco Central. Mas o assunto, afirma, já está no radar.

Lá fora, em países como Estados Unidos e Austrália, o mercado já é regulado e movimenta bilhões de dólares. Segundo a International Reciprocal Trade Association, as estimativas mais atuais apontam para algo por volta de US$ 14 bilhões por ano. “Nos Estados Unidos, teríamos umas 30 concorrentes”, diz Barbosa. “Aqui, está começando. E temos um cenário muito bom para crescer”.

Texto: Dubes Sônego

Imagem: Divulgação

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