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Para onde os CEOs (não) estão olhando

Carta do CEO EXP

Observar o que os executivos deixam de fazer pode ajudar a identificar melhor as fragilidades corporativas e estabelecer formas de combatê-las

Por Ricardo Natale

A consultoria PwC divulgou recentemente a 25ª edição de sua pesquisa anual com CEOs, por meio da qual toma o pulso dos executivos acerca de suas perspectivas sobre crescimento, ameaças, prioridades estratégicas e compromissos ESG.

O estudo traz muitos pontos alentadores. Por exemplo: 77% dos CEOs no Brasil e no mundo apostam na aceleração do crescimento econômico global. O percentual é um recorde entre os líderes mundiais desde 2012. No Brasil, o otimismo em relação à economia global diminuiu, mas permanece elevado.

Mas acho importante chamar a atenção para outros dois aspectos que julgo relevantes:

1 – Para 50% dos CEOs brasileiros ouvidos pelo estudo, os riscos cibernéticos constituem grave ameaça aos negócios. Recorrendo à figura do copo meio cheio ou meio vazio, pode-se deduzir que metade dos executivos ainda não se deu conta da iminência do perigo.

Segundo a consultoria alemã Roland Berger, as perdas decorrentes de cibercrimes no mundo somaram US$ 6 trilhões em 2021, e o Brasil é o quinto alvo preferido pelos hackers, atrás dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Alemanha e da África do Sul. Quem ainda não dá muita bola para o problema deveria começar a se preocupar.

2 – Por mais que as organizações destaquem em seus planos de negócios estratégias de longo prazo que visem à perenidade da companhia, as pressões para a criação de valor no curto prazo falam mais alto. Ou seja, a manutenção do negócio hoje se impõe à transformação que será fundamental para liderar o futuro.

Outros dados da pesquisa mostram como a visão tradicional de gestão não deu espaço para os modelos que vão definir a próxima geração de negócios.

A maioria dos CEOs no Brasil e no mundo tem metas relacionadas à satisfação do cliente, engajamento de funcionários e automação ou digitalização incluídas em suas estratégias de longo prazo. Esses resultados não financeiros estão vinculados ao desempenho dos negócios.

Já as metas relacionadas às emissões de gases do efeito estufa (GEE), à representação de gênero ou à diversidade racial e étnica estão muito menos representadas nas estratégias e na remuneração variável: 13% ou menos dos CEOs no Brasil e no mundo têm metas alinhadas a práticas ambientais e de diversidade presentes em seu bônus anual ou plano de incentivos.

Curiosamente, apesar da baixa adesão do assunto às métricas de remuneração, a proporção de empresas com compromissos Net Zero e carbono neutro no Brasil supera a global: 27% das companhias sob comando de executivos brasileiros assumiram compromisso para zerar suas emissões, assim como 31% fazem isso com objetivo de neutralizar carbono. No âmbito global, os índices são 22% e 26%, respectivamente.

Do discurso à prática

Companhias que realmente incorporam a sustentabilidade ao seu DNA só têm a ganhar. Tome-se o exemplo da Schneider Electric, eleita pelo ranking Corporate Knights como a companhia mais sustentável do mundo em 2021, em uma lista de 100 grandes empresas, pulando do 29º lugar ao primeiro em apenas um ano.

Enquanto muitas empresas ainda buscam como atuar dentro das métricas ESG, a Schneider começou a trilhar esse caminho há 15 anos. Três anos atrás, criou um plano de incentivo de longo prazo para os líderes da companhia. Nesse modelo, mais de 3 mil de seus executivos em todo o mundo recebem ações por performance, 25% delas ligadas ao desempenho na sustentabilidade.

Como destacou no Experience Lab “Desvendando o ESG” realizado pelo Experience Club no ano passado o chief strategy & sustainability officer da Schneider Electric, Olivier Blum: “Uma atuação mais sustentável não apenas diminui riscos, mas aumenta oportunidades. Hoje, se uma empresa avança dentro das métricas ESG, ela atrai e retém mais clientes, funcionários, investidores e stakeholders”.

Enquanto as pressões do curto prazo turvarem a visão de longo prazo, o otimismo com o cenário global apresentado na pesquisa da PwC para 2022 não será suficiente para proteger os CEOs dos verdadeiros desafios do futuro.

Para saber mais sobre metas ESG, assine a [EXP] e assista a íntegra da palestra de Olivier Blum. Confira também nosso Report exclusivo com 5 tendências de oportunidades de negócios em ESG para 2022.

Entre em nossa seção de livros e leia do resumo de Economia Donut em 15 minutos.

Na questão de diversidade, leia também o Report CEOs Negros Importam.

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