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O Fenômeno Fintech

O Fenômeno Fintech - Bruno Diniz - Experience Club

Ideias centrais:

1 – As fintechs possuem um extremado foco no cliente, tratando-o como verdadeiro “rei” e entregando uma experiência de consumo que ele nunca havia acreditado ser possível vivenciar.

2 – O termo “bancarização” é novo na história bancária brasileira; vem surgindo desde a virada do século XX para o XXI e significa acesso a bancos para os mais pobres e, portanto, a contas correntes e demais produtos de instituições financeiras.

3 – Em 2017, a China revelou um ambicioso plano para liderar o mundo em pesquisa e implantação de Inteligência Artificial (IA) até 2030. O país é relevante competidor mundial.

4 – Brasil aberto a produtos fintech: 40% da população digitalmente ativa já utilizou algum tipo de serviço financeiro digital (segundo a consultoria EY, em 2017), percentual que fica atrás apenas da China, Índia e Reino Unido.

5 – Uma das ações pioneiras de aproximação entre corporações e o ecossistema de inovação no sistema financeiro foi realizada pelo SWIFT (gigante do mercado de mensageria e remessas financeiras), com a criação da Innotribe, em 2009.

Sobre o autor:

Bruno Diniz é sócio-fundador da Spiralem Innovation Consulting e professor no curso de fintech da FGV e de Novas Soluções Financeiras no MBA da USP-ESALQ. É presidente do Comitê de fintechs da ABStartups.

Capítulo 1 Contexto histórico: mercado financeiro, economia e consumo – o mundo mudou

No mundo, o movimento fintech – que abrange as novas empresas do setor financeiro que utilizam tecnologia de forma inovadora como meio para criar e entregar produtos e serviços –vem se consolidando há alguns anos em diferentes lugares. Países como Inglaterra, Estados Unidos e China lideram as iniciativas do setor. No Brasil, o movimento é mais recente e tem ganhado maior foco e estrutura desde 2015. Contudo, as mudanças têm acontecido de forma tão intensa e acelerada que é praticamente impossível prever o impacto dessa revolução nos próximos três ou cinco anos.

Nos primeiros anos desse milênio e, principalmente, após o sentimento de desconfiança no mercado financeiro ante a crise de 2008, vimos a disseminação, popularização e barateamento de novas tecnologias aliar-se à demanda dos usuários por melhores experiências de consumo e serviços menos burocráticos e mais transparentes.

De 2003 a 2010, assistimos ao acesso popular aos bancos, à abertura de contas correntes simplificadas, ao acesso ao crédito consignado, crédito e microcrédito aos consumidores, ao ganho de economia de escala.

As fintechs, que passaram a povoar o mercado financeiro a partir daí, possuem um extremado foco no cliente, tratando-o como um verdadeiro “rei” e entregando uma experiência de consumo que ele nunca havia acreditado ser possível vivenciar.

[Ver ilustração, pág. 11

Reação dos usuários ao serem apresentados, pela primeira vez, a um produto ou serviço de uma fintech]

Capítulo 2 A gênese fintech: origem, primeiros impactos e mudanças no sistema financeiro

O começo do movimento fintech, tal como contextualizado nos dias de hoje, aconteceu no final da década de 1990 com a criação do PayPal na Califórnia. O PayPal teve papel relevante na mudança do comportamento das pessoas com relação à experiência de pagamentos na internet, sendo considerada por muitos especialistas como a primeira fintech do mundo.

Além do gigante PayPal como precursor das fintechs (que tinha sua atuação na área de pagamentos e movimentação de recursos online), vale destacar a empresa inglesa Zopa (surgida em 2005). Também como fintech pioneira, porém com atuação no, então recém-inaugurado, segmento de empréstimos P2P (Peer-to-Peer lending, ou P2P lending).

Bolha especulativa. A crise financeira de 2007 e 2008 foi a maior da história do capitalismo desde a Grande Depressão de 1929. Teve início nos Estados Unidos, após o colapso da bolha especulativa no mercado imobiliário, incentivada pela desmedida expansão de crédito bancário. A crise se espalhou pelo mundo em poucos meses. Profissionais capacitados passaram, então, a empreender e aplicar seus conhecimentos em startups, fazendo com que se impulsionasse ainda mais o movimento fintech. As condições macroeconômicas da economia norte-americana e europeia, especificamente o ambiente com baixa taxa de juros, contribuíram para o desenvolvimento de inovações características das fintechs.

Capítulo 3 Os subsegmentos fintech

Os consumidores começaram a testar as soluções ofertadas pelas fintechs e a escolher as diferentes formas com as quais gostariam de realizar seus investimentos, pagamentos, empréstimos, remessas internacionais de recursos, dentre outros, montando seus próprios portfólios diversificados de experiências financeiras.

Um dos segmentos mais vastos é o de pagamentos, que se compõe de quatro partes menores:

Backend para pagamentos: as empresas dessa categoria estão desenvolvendo infraestrutura que possibilita pagamentos, o que inclui tecnologias que afetam os emissores e adquirentes de pagamentos. Por aqui encontramos fintechs que atuam no segmento B2B (Business to Business), permitindo e facilitando o recebimento pela venda de seus produtos e serviços, principalmente na internet. Exemplos globais: Stripe e Klarna.

Pagamentos para consumidores (consumer payments): esse grupo é formado por soluções que trazem diferentes formas de pagamento para os consumidores pessoa física, abrindo novas interfaces tanto em transações entre pessoas quanto entre pessoas e empresas. Exemplos: Boku e M-Pesa.

Pagamentos no Ponto de Venda – PDV (Point of Sale –POS): nesse segmento encontram-se fintechs que fornecem soluções de pagamento no mundo físico para empresas, sendo utilizadas no ponto de venda, tais como terminais POS, scanners e tecnologia de pagamentos via QRCode, dentre outras inovações. Casos emblemáticos globais: Square, iZettle.

Remessas: aqui estão as fintechs que se propõem simplificar e baratear o ato de remeter recursos financeiros a empresas ou pessoas sediadas em diferentes países. Exemplos pioneiros: Payoneer, Rational FX (Xendpay) e TransferWise.

Especificamente no mercado de seguros, os consumidores passaram a exigir demandas similares àquelas apresentadas pelas fintechs: são as chamadas insurtechs, com as seguintes vantagens:

  • Acessibilidade financeira aos seguros (possibilidade de contratar bons planos com poucos recursos financeiros).
  • Burocracia praticamente zero.
  • Facilidade para entender o que está sendo oferecido.
  • Personalização dos serviços de acordo com seu perfil.

Capítulo 4 Inclusão em tempos de fintech

Segundo dados do Banco Mundial, em 2017, havia cerca de 1,7 bilhão de adultos sem acesso a contas correntes e serviços financeiros no mundo, contra 2 bilhões em 2014. Como esse acesso é quase universal em economias de alta renda, praticamente todos esses adultos excluídos do sistema financeiro vivem em países emergentes. De fato, quase metade vive em apenas sete economias em desenvolvimento: Bangladesh, China, Índia, Indonésia, México, Nigéria e Paquistão.

Bancarização: o termo “bancarização” é novo na história bancária brasileira, vem surgindo desde a virada do século XX para o XXI e significa o acesso a bancos e, portanto, a contas correntes e demais produtos tipicamente ofertados por instituições financeiras – empréstimos, cartões, financiamento de bens etc. O processo tem como objetivo encerrar a fase de distinção entre o “dinheiro dos menos afortunados” e o “dinheiro dos afortunados”, que vigorou fortemente entre 1964 e 1998.

O Banco Central (BACEN) entende como vantagens da bancarização maior facilidade para obter crédito, poupar e pagar despesas. No Brasil, a quantidade de contas bancárias, simplificadas ou comuns, vem crescendo a passos largos. De acordo com dados do Banco Mundial, no Brasil (juntamente com países como a China, Malásia e África do Sul), cerca de 70% da população adulta é bancarizada. Globalmente, 69% dos adultos possuem uma conta, sendo que 64% desse total foi provido por bancos tradicionais.

Uma das iniciativas, no sentido de facilitar a inclusão das pessoas de classes sociais de menor renda, deu-se a partir de 1974, com a introdução do conceito de microcrédito, através do economista de Bangladesh, Muhammad Yunus.

No Brasil, o modelo de microcrédito desenvolvido por Yunus não obteve o mesmo êxito. Não houve adaptação ao modelo, pois, ao contrário do Grameen Bank, muitas regiões pobres no Brasil exibiam fracos laços sociais entre os indivíduos, não havia o sentimento de grupo, de comunidade.

Pagamento em dinheiro. Alguns aspectos culturais também têm influenciado a forma como os brasileiros acessam serviços financeiros. Apesar de cerca de 70% da população ser bancarizada, 12 milhões de detentores de contas no Brasil recebem salários e pagamentos diversos exclusivamente em dinheiro. Pagamento por serviços de utilidade pública (utilities) em dinheiro ainda é alto em muitos países em desenvolvimento, de um modo geral.

No Brasil, algumas fintechs têm os olhos voltados para a população menos favorecida e excluída do sistema financeiro. Dentre algumas soluções que foram criadas com esse objetivo, destacamos: Acesso, Avante, Banco Digital Maré, Easycrédito, Ewally, Moneto e Simplic.

Capítulo 5 Fintechs no mundo – o novo momento do mercado financeiro

Entre os anos de 2010 e 2018, o investimento global em fintechs ultrapassou a soma total de US$150 bilhões, com as startups dos EUA dominando as rodadas de captação na maioria dos anos, sendo superados pela China em 218, cuja rodada de investimentos realizada pela Ant Financial, do grupo chinês Alibaba, impactou bastante e deu a liderança para o país naquele ano. O volume de negócios no setor desse período cresceu a uma taxa de 8,5% em 2018,com investimentos totais crescendo 107% relativamente a 2017, puxados principalmente pela rodada de US$14 bilhões da Ant Financial.

Cidades campeãs. Nos anos de 2017 e 2018 e durante muito tempo antes disso, as cidades de Nova York e Londres ficaram no topo do pódio (alternando o lugar) e Hong Kong vinha na terceira posição. No entanto, cidades como Cingapura e Xangai vêm subindo cada vez mais no ranking, apontando para um futuro, no qual a Ásia é cada vez mais relevante, sobretudo a China.

Capítulo 6 China: um mundo à parte

Não há que se compare ao que está acontecendo na China, não somente em relação às fintechs, mas também a tudo que envolve novas tecnologias e disrupção de antigos modelos de negócio.

Até meados da década de 1990, a China estava atrás do Brasil em termos econômicos. Segundo dados do Fundo Monetário Mundial  (FMI), em 1990, o PIB brasileiro foi de US$455 bilhões, enquanto o chinês era de aproximadamente US$ 295 bilhões. Passados seis anos, já em 1996, o Brasil foi ultrapassado e, a partir daí, a economia chinesa avançou e adquiriu novos contornos, crescendo fortemente e ocupando em 2018 o posto de segunda maior economia do mundo – atrás dos EUA.

Liberdade econômica. Depois da morte da Mao Tsé-Tung, coube a Deng Xiaoping a árdua tarefa de eliminar as travas e limitações que impediam qualquer ação de liberdade econômica da população. Evidentemente, ao liberar gradualmente as possibilidades de o cidadão ganhar seus próprios recursos, através de atividades até então inimagináveis, houve nesse princípio uma explosão de crescimento econômico, impulsionado em boa parte por pequenos comerciantes, produtores agrícolas e artesãos, antes impedidos de comercializar seus produtos diretamente aos consumidores.

O modelo adotado pela China priorizou dois fundamentos para os resultados alcançados pelas reformas:

  1. O crescimento exponencial da poupança interna.
  2. A decisão de centralizar no Estado (e não nas empresas privadas) os investimentos em infraestrutura necessários.

IA em destaque. O desenvolvimento de competências tecnológicas específicas também é vital para o progresso dessa nação no campo tecnológico. Em 2017, a China revelou um ambicioso plano para liderar o mundo em pesquisa e implantação de Inteligência Artificial (IA) até 2030. O país já é um relevante competidor global nesse ramo, tendo suas  maiores empresas como referência em implantação e desenvolvimento.

Pagamentos móveis digitais. Foi grande o salto que levou uma parcela dos chineses a ter seu primeiro contato já com o que há de mais moderno no mundo em termos de inovação. Aconteceu que eles saltaram diretamente para os meios de pagamento móveis digitais, que são amplamente utilizados pelos mais diferentes negócios do país, desde uma cafeteria até o vendedor ambulante. Para se ter uma ideia, foram transacionados, por meio das carteiras digitais móveis,, o equivalente a US$5,5 trilhões em 2016, através dos principais serviços utilizados no país – notadamente, o WeChat, da Tement, e o Alipay da Ant Financial, pertencente ao grupo Alibaba. Nos Estados Unidos, o total movimentado no mesmo ano, via serviços de pagamentos móveis digitais, foi de US412 bilhões.

Os campeões em fintech. O Brasil, pelas características que vem aproveitando ao longo do desenvolvimento de sua história, tem reunido condições favoráveis para o surgimento de empresas de tecnologia e das fintechs – grande mercado consumidor, sistema bancário centralizado e nas mãos de poucos players, alta penetração na internet e grande número de usuários de aparelhos móveis (celulares). Com este cenário, as fintechs começaram a surgir em vários segmentos, sinalizando o amadurecimento do mercado brasileiro e sua abertura cada vez maior às inovações. Para se ter ideia de como os brasileiros são abertos a produtos fintech, 40% da população digitalmente ativa já utilizou algum tipo de serviço financeiro digital (segundo estudo publicado pela consultoria EY em 2017), percentual que ficava atrás apenas de países como a China, Índia e Reino Unido.

Empréstimos digitais. A atividade de empréstimos digitais (conhecida como empréstimos P2P) surgiu pela primeira vez em Londres, no ano de 2005, com a criação da Zopa. Rapidamente, o modelo chegou aos EUA em 2006, com a fundação da Prosper, e se espalhou pelo mundo com a proposta de desintermediação bancária no imenso setor de crédito.

No Brasil, a empresa Fairplace foi uma das primeiras tentativas de revolucionar o mercado de empréstimos por aqui. O empreendedor Eldes Mattiuzzo lançou a empresa em abril de 2010 (após analisar essa tendência na Europa e nos EUA) e tinha como premissa ser um “lugar justo”, em que as partes interessadas em emprestar e tomar empréstimos poderiam se encontrar. A Fairplace possibilitava a conexão de pessoas que precisavam de recursos com pessoas que gostariam de financiá-las, por meio de um leilão de taxas.

A Fairplace foi acionada pela CVM e pelo Banco Central, porque fazer empréstimos era prerrogativa de instituições financeiras autorizadas. A fintech acabou tendo de cessar sua atividade. Assim, as empresas que quisessem atuar tinham que utilizar uma instituição financeira já autorizada. Elas trabalhariam como correspondentes bancários. A primeira leva de empresas de empréstimos P2P teve  nomes como: Simplic, Geru, Lendico Brasil, Biva, Nexoos.

Bitcoin.No Brasil, a primeira exchange de bitcoin fundada foi a Mercado Bitcoin, em 2011, que, logo após alguns problemas administrativos, foi adquirida pelos empreendedores Rodrigo Batista e Gustavo Chamati, em 2013. Depois da Mercado Bitcoin, outras corretoras passaram a povoar o recente ecossistema brasileiro, tais como a Bitcoin to You, Basebit (hoje extinta), Bitinvest (adquirida depois pela Foxbit), CoiBR (posteriormente rebatizada como Stratum), Foxbit, FlowBTC e mais uma dezena de outras nos anos seguintes. Além dessas exchanges, surgiram negócios que visavam maior adoção de criptoativos como: PagCoin, Pague com Bitcoin, Conversa.

Bancos digitais. Uma das primeiras fintechs do segmento de bancos digitais foi o Nubank, fundada em 2013 sob a liderança do empreendedor colombiano David Vélez. A primeira versão do aplicativo do Nubank foi lançado ao público em setembro de 2014, crescendo bastante bastante. Essa escalada levou a empresa a receber aportes de fundos como Tiger Global Management, QED Investors, Redpoint Ventures, Founders Fund e DST Global (investidor de Facebook e Twitter).

Capítulo 8 Open banking, criptoativos, blockchain e o mercado financeiro do futuro

 O open banking se baseia numa premissa inicial básica – a de que os dados de transações, histórico financeiro e informações gerais de um indivíduo são de propriedade dele e não da instituição financeira. Com esse conceito em mente, o cliente tem o poder de escolha em relação ao que deseja fazer com esses dados, podendo, por exemplo, compartilhá-los com provedores de serviços financeiros de sua escolha. Esse terceiro, provedor de serviços financeiros, poderia então utilizar os dados desse cliente para ofertar novos produtos e serviços inovadores e adaptados às necessidades do mesmo.

APIs abertas. Essa conexão e troca de informações  se daria através de interfaces de programação de aplicações, conhecidas como APIs. As “APIs Abertas” permitiriam que terceiros, desde que autorizados pelos clientes, acessassem informações importantes sobre produtos bancários, sendo elas taxas de juros, termos, condições de operações e também dados de contas de clientes, como histórico de transações e saldos de contas. Esse conceito é amplamente utilizado por grandes empresas de tecnologia (como o Google, Facebook etc.), que permitem que os desenvolvedores integrem aplicações da companhia (como o Google Maps) em serviços disponibilizados por outras (como o Airbnb, que facilita a localização disponíveis para aluguel no mapa do aplicativo).

Bitcoin e blockchain. O surgimento do bitcoin e seu princípio de funcionamento trouxeram à luz o mecanismo responsável pelos registros imutáveis de suas transações e características que o tornam descentralizado. Esse mecanismo ficou conhecido como blockchain e passou a ter seu conceito explorado por diferentes indústrias, principalmente a financeira.

Esse é um dos atributos do blockchain. Uma lista de transações, potencialmente de qualquer natureza, podendo ser de dinheiro, produtos, serviços etc. – controlada não de maneira centralizada por um banco, uma agência ou uma instituição, mas de forma descentralizada, guardada em milhares de computadores e com milhares de cópias, todos escolhidos aleatoriamente.

A revista Forbes, em 2018, citou as cinco principais áreas potenciais para o uso do blockchain:

  1. Gestão de contratos e contratos inteligentes.
  2. Processamento de pagamentos e moedas.
  3. Supply Chain.
  4. Proteção de ativos.
  5. Identificação, sistemas de registro pessoal e senhas.

Capítulo 9 Corporate venture – o movimento das grandes instituições financeiras

Existem diferentes formas de executar ações que promovam inovação dentro das grandes corporações, e cada uma delas envolve níveis distintos de investimento, comprometimento de tempo e potencial de retorno. Agrande maioria está pautada no conceito de open innovation (inovação aberta), que compreende a participação de agentes externos à organização para buscar soluções sob novos pontos de vista e perspectivas.

Open innovation.  O termo foi criado por Henry Chesbrough, professor da Universidade de Berkeley. Em suma, trata-se de uma abordagem mais distribuída, participativa e descentralizada à inovação, baseada no fato de que hoje o conhecimento útil é amplamente distribuído e nenhuma empresa, por  mais capaz ou grande que seja, poderia inovar efetivamente por conta própria. Assim, a empresa utiliza ideias internas e externas para complementar o processo de inovação, trabalhando intensamente as cocriações.

Innotribe.Uma das ações pioneiras de aproximação entre corporações e o ecossistema de inovação no sistema financeiro foi realizada pela SWIFT (gigante do mercado de mensageria e remessas entre instituições financeiras) com a criação da Innotribe em 2009, uma instituição que buscava estabelecer um ponto de conexão entre fintechs e provedores  de serviços financeiros tradicionais, através de eventos, competições entre startups e divulgação de relatórios e pesquisas sobre o segmento.

Nomes do corporate venture. A partir de 2010, houve também uma intensificação na criação de estruturas de corporate venture capital pelas principais instituições financeiras globais, tais como o Citi Ventures (criado em 2010), American Express Ventures (2011), Bloomberg Beta (2013), BBVA Ventures (em 2013, sendo substituído pelo fundo Propel Ventures artners em 2016), Santander InnoVentures (2014), Allianz Life Ventures (2015), Liberty Mutual Strategic Ventures (2015), Munich Re/ESB Ventures (2016), ABN AMRO Digital Impact Fund (2017), dentre outros.

Bradesco e InovaBRA. Um dos movimentos pioneiros nesse sentido partiu do Bradesco que, sob o comando de Maurício Minas, diretor vice-presidente da instituição à época, lança em outubro de 2014 o programa InovaBRA. Essa foi a primeira iniciativa aberta da instituição, que, até aquele momento, tinha como principal característica o desenvolvimento interno de soluções, que consistia em uma chamada aberta a startups (escolhidas após um processo de quatro meses de duração) que teriam seis meses para criar um novo produto ou serviço e integrá-lo à tecnologia do banco. Após alguns anos, o nome InovaBRA passou a ser utilizado para designar uma estratégia mais ampla de corporate venturing do banco, em que estão agrupadas diferentes iniciativas: InovaBRA Startups, InovaBRA Ventures, InovaBRA Inernational, InovaBRA Lab, InovaBRA Hub, InovaBRA Inteligência Artificial e InovaBRA Habitat.

Itaú e Cubo. O ano de 2015, por sua vez, foi marcado pela etapa brasileira do Masters of Code (hackathon global da MasterCard), em abril, e pela inauguração do Cubo, hub de inovação do Itaú, criado em conjunto com o fundo de venture capital, Redpoint Ventures, em setembro. O Cubo foi o primeiro espaço do tipo criado na América Latina, possuindo 5 mil m², áreas para evento e coworking para startups residentes, que precisavam passar por um processo de seleção.

Santander. O Banco Santander entrou também no circuito, em 2016, criando o The Code Force, que consistia numa maratona de desenvolvimento de projetos para o mercado financeiro, no qual quatro equipes vencedoras passariam por uma aceleração de curta duração e apresentariam novamente as soluções, já refinadas.

Resenha: Rogério H. Jönck

Imagens: Reprodução e Unsplash

Ficha técnica:

Título: O Fenômeno Fintech

Autor: Bruno Diniz

Primeira edição: Editora Alta Books

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