Startup, que começou a operar em fevereiro deste ano e já tem mais de 25 mil usuários, possibilita a busca de jurisprudência e faz planos para oferecer ferramentas de estatística processual
Fique ligado:
- Demorou, mas o mercado jurídico brasileiro vêm adotando de forma cada vez mais intensa soluções tecnológicas baseadas e inteligência artificial.
- Grandes escritórios podem desenvolver tecnologia própria, mas isso ainda é muito caro para escritórios menores.
- A BuscaJuris, assim como outras startups do setor, foi criada para atender o mercado no varejo, cobrando uma assinatura pelo serviço.
O mercado jurídico brasileiro vem passando por uma revolução tecnológica. Conservador por natureza, o segmento – que conta com cerca de 1,2 milhão de profissionais e mais de 80 milhões de processos em andamento -, demorou para aderir ao uso da inteligência artificial.
Mas, aos poucos, o movimento começa a ganhar força.
Se, por um lado, as grandes bancas estão à frente nesse caminho sem volta e, cada vez mais, utilizam sistemas que permitem trabalhar com maior rapidez e eficiência na prestação de serviços aos clientes, há, na outra ponta, um exército de advogados autônomos sem acesso adequado às melhores ferramentas tecnológicas.
E foi pensando nessa carência – e no gigantesco potencial de negócios desse setor –, que surgiu a BuscaJuris.
A startup, cuja plataforma passou a operar em fevereiro deste ano e já conta com mais de 25 mil usuários, possibilita a busca por jurisprudência.
“Há um claro gap de tecnologia por parte dos advogados autônomos. Daí nasceu a vontade de construir algo. E nós começamos por algo que todos eles presenciam, que é a busca de jurisprudência”, diz Fernando Xavier, CEO da empresa.
“Oitenta por cento dos processos são repetitivos. Desde o código civil de 2015, há uma maior relevância para a jurisprudência. Valorizar os precedentes evita sobrecarregar o Judiciário”, afirma.
Para dar maior abrangência às consultas, a BuscaJuris tem como meta adicionar cinco milhões de decisões e outros dez tribunais à base por mês. Assim, o objetivo é incluir todas as jurisprudências existentes no País no sistema.
Nos planos da BuscaJuris, no sentido de refinar os serviços vendidos, está oferecer também, em breve, ferramentas de estatística processual, conhecida como jurimetria.
Modelo de negócios
Para acessar a plataforma da startup, os advogados têm de pagar um valor mensal de assinatura. O valor, por enquanto, é de R$ 9,90.
A BuscaJuris tem uma parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o que abre a possibilidade de que advogados façam alguns tipos de consultas gratuitamente.
“Nosso modelo hoje é B2C. Vendemos assinaturas diretamente aos advogados que queiram acessar o plano premium. Também vamos entrar no B2B e começar a vender para escritórios de advocacia e departamentos jurídicos”, comenta Xavier.
Sistema não elimina profissionais
O especialista faz questão de ressaltar que o uso da inteligência artificial aplicada às atividades do direito não deve eliminar empregos de advogados.
“Pelo contrário: o profissional está, cada vez mais, no jogo. Ele só tem que entender melhor qual a forma de jogar. A tecnologia permite várias aplicações. Para fazer uma busca de dano moral, o algoritmo precisa ser ensinado por um especialista”, exemplifica.
“Os advogados são essenciais para treinar a tecnologia, para que ela se torne mais adequada às suas necessidades e ofereça dados que permitam decisões mais assertivas”, diz.
Novos investimentos
A startup levantou uma rodada de capital com investidores-anjo entre o fim do ano passado e o começo deste. E se prepara para outra para escalar.
“Ainda não decidimos se será com um fundo de investimentos ou crowdfunding, mas já conversamos com investidores e gestores e pretendemos usar os recursos para investir pesado em tecnologia”, projeta o executivo.
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