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“No compasso do IoT, nós criamos o Outsourcing das Coisas”

Vittorio Danesi - Simpress - Experience Club

Se para muitas empresas a pandemia trouxe perda de clientes, receitas e adiou planos de expansão, para outras ela vem representando uma oportunidade única de diversificar linhas de negócio em meio às novas necessidades do mercado. A Simpress faz parte desse segundo time.

Com 19 anos de vida e uma carteira de mais de 1500 clientes ativos, a companhia – que se consolidou no segmento de outsourcing de impressão –vem ampliando sua atuação. O objetivo, agora, é ser vista pelo mercado também como referência na prestação de serviços e locação de equipamentos, uma nova tendência em tempos de redução de custos.

“Quando você olha para o segmento de PCs, notebooks e dispositivos móveis, estamos vivendo hoje o que vivemos há vinte anos no mercado de outsourcing de impressão. Naquela época, as empresas compravam as impressoras, como agora, em 99% dos casos, ainda compram PC, notebooks e dispositivos móveis”, compara Vittorio Danesi, CEO e fundador da empresa, nesta entrevista ao Experience Club.  Confira:

O principal negócio da companhia era o de outsourcing de impressão. Quando e como a Simpress se transformou numa plataforma de soluções e como a companhia se define hoje?

Durante os primeiros dezessete anos de vida, trabalhamos focados na oferta original, de outsourcing de impressão, que tinha ótimo retorno sobre o capital e propiciou resultados virtuosos. Mas, nos últimos quatro anos, conversando com clientes e observando o mercado, claramente percebemos que essa linha sofreria um ataque cada vez mais profundo da transformação digital. Desde então, procuramos identificar formas diferentes e inovadoras de fazer negócios para a próxima sequência de crescimento da companhia. Preparamos a empresa na virada de 2018 para 2019 para expandir, alargar nossa oferta de negócios. É aí que surge o conceito de outsourcing das coisas.

O que é exatamente o outsourcing das coisas (OoT) e como ele pode ajudar os clientes no seu dia a dia?

O conceito diz respeito a aliviar a área de Tecnologia da Informação para que ela possa focar nas atividades fim da empresa e deixar as atividades meio com empresas especializadas, que agreguem valor. Identificamos que nossa plataforma de processos e sistemas poderia ser utilizada para essas novas ofertas de serviços nos clientes. Daí foi um pulo para identificar que, se o mercado estava muito atento ao conceito de internet das coisas, o IoT, se a vibe era essa, tínhamos de criar o Outsourcing das coisas, o OoT.

Nos apropriamos desse carimbo para identificar a empresa dentro de um espectro mais abrangente de oferta de soluções. Dentro disso, hoje, nossas soluções são: outsourcing de impressão, outsourcing de PCs e notebooks, outsourcing de dispositivos móveis, outsourcing de impressão térmica e coletores de dados.

É um mercado bem mais amplo?   

Esse guarda-chuva nos habilita a entrar em várias ofertas de negócios do cliente. Uma vez que eu tenho o cliente, os processos e sistemas que amparam o delivery de serviços são os mesmos, conseguimos posicionar a Simpress dentro de toda e qualquer demanda de terceirização de equipamentos e infraestrutura de TI dentro do cliente. Esse foi o posicionamento que buscamos a partir de 2019.

Como a pandemia alterou os planos para 2020?

Tínhamos um plano de negócios bastante agressivo na virada do ano de 2019, mas a pandemia acelerou esse processo. A pandemia afetou de maneira frontal nosso negócio principal, histórico. Com escritórios, fábricas e lojas e companhias aéreas tendo de fechar, as empresas deixaram de imprimir. Nosso faturamento despencou.

Mas se, por um lado, vimos o faturamento caindo na nossa oferta tradicional, por outro, os clientes nos demandavam, rapidamente, os suportes dentro dessas novas ofertas, pois tiveram que operar no sistema home office.

Esse foi o maior desafio?

Foi. Sem dúvida. Aqui no Brasil só nos demos conta da gravidade da situação quando, no dia 12 de março, a OMS decretou a pandemia. Até então era algo muito distante. Na hora que houve a comunicação, dia 13 encerramos a operação física e migramos para regime de trabalho remoto. Isso comprovou a velocidade de reação e a rigidez de nossos processos. Temos 300 mil ativos no campo. Imagine a responsabilidade de mudar o modelo de operação numa hora tão delicada! Afinal, não poderíamos, de forma alguma, interromper o nível dos serviços prestados aos clientes.

Nesse sentido, queria que você nos falasse um pouco sobre os desafios que uma empresa como a Simpress tem do ponto de vista da logística para o cliente.

O processo logístico, quando se fala de outsourcing, significa que o cliente terceiriza para você, especialista, a entrega e o funcionamento de uma determinada infraestrutura. O cliente delega a você a responsabilidade de manter uma plataforma de hardware.

[Imagine só: impressoras na linha de produção, impressoras numa loja fazendo aprovação de crédito, notebooks fazendo um processo de teleatendimento para suportar num call center um cliente, dispositivos móveis para equipe de venda remota espalhada pelo Brasil, comenta Danesi]:

Passados mais de seis meses desde o surgimento da pandemia, fala-se muito sobre a adoção em grande escala do home office pelas empresas daqui para frente. Você aposta nisso ou em algo como, por exemplo, a adoção de um modelo de trabalho híbrido pelas organizações? O que isso muda para a Simpress como prestadora de serviços aos clientes?

Confesso que o desafio de migrarmos a empresa do ambiente físico para o de teletrabalho foi muito menos crítico do que eu imaginava. Não sofremos nenhum tipo de interrupção no trabalho. Sobre o home office, a pandemia nos deu a clara sinalização de que, sim, o teletrabalho é positivo, funciona e tem condições de ser incorporado ao regime de funcionamento da companhia. Mas não acredito que acontecerá uma ruptura radical do modelo de presença física no escritório para o de teletrabalho.

Acho que teremos uma combinação dos ambientes. Em que sentido? Você não cria engajamento nem paixão pelo regime de teletrabalho. Ele é digital, frio, a pessoa está sempre sozinha. É necessário contato e relação humana. Na Simpress, estamos criando essa combinação de ambientes, que mistura trabalho à distância com interações em grupo. Vamos aprender com ele e depois criar um modelo definitivo.

Você faz uma clara distinção entre os termos transformação digital e aceleração digital. Queria que explorasse um pouco mais esse ponto.

Na verdade, transformação digital se fez ao longo das últimas décadas. A área de Tecnologia evoluiu de maneira maravilhosa, brilhante e mudou o mundo. Então, transformação digital não é um privilégio de hoje. É uma característica inerente a uma área que inova permanentemente com novos produtos, sejam hardware, softwares e formas de utilizá-los. Portanto, se faz transformação digital na vida e nas empresas há muitas décadas.

[O que está vindo é uma mudança muito mais radical, aponta]:

No que diz respeito à inovação, é muito comum, no momento, o uso de incubadoras, do discurso de buscar fora da empresa… Não te parece que o mais importante continua sendo ter o apoio e o patrocínio da alta administração, do CEO e do Conselho de Administração, para levar à frente o processo de inovação?

O board da companhia é, para mim, a espinha dorsal de qualquer empresa inovadora. Primeiro, vamos separar startups de outras empresas. Startups começam do zero. Mas, saindo desse ecossistema para o das empresas já existentes e que precisam perenizar sua atividade ao logo dos anos, o ponto é: inovação e transformação dependem do patrocínio da alta administração. Sem isso, não adianta incubar, ter hub, planos mirabolantes que não vai. Sou cético quando se fala de inovação contratando diferentes times. Posso ter um provocador, um centralizador ou disseminador do processo e da cultura, mas isso tem de ser permeado na companha. E isso só acontece se a alta administração está antenada e comprometida com essa missão. Se a inovação for vista como custo e não como estratégia, não é sustentável.

A Simpress completa, em setembro de próximo ano, duas décadas de vida. O que já é possível projetar para 2021 dentro da atual realidade?

É como se estivéssemos nascendo hoje. Crescemos durante anos com um negócio atrativo e rentável, mas tivemos o privilégio de encontrar um novo posicionamento que reposiciona a companhia com uma oportunidade de crescimento exponencial, sem perder o que a gente tem. É uma conjunção muito positiva, pois conseguimos visualizar a manutenção do nosso legado de negócio como algo atrativo e com uma avenida maior de crescimento e de possibilidade de expansão.

Creio que 2021 será um ano maravilhoso, independentemente das dificuldades de mercado que continuarão a ser enfrentadas por causa da pandemia. Temos um privilégio. Não podemos nos deixar afetar pela crise. Claro que a pandemia é muito pior do que qualquer outra crise que já vivemos. Mesmo assim, só abril foi um mês em que as novas vendas foram muito fracas. O resto do ano foi muito bom. Vamos crescer também no nosso negócio tradicional. Já nos novos negócios, o de PC notebook é sete vezes maior, o de mobilidade, hoje tudo passa por esse caminho.   

A empresa pretende continuar crescendo organicamente ou fusões e aquisições estão no radar e podem acelerar o processo?

São situações distintas dependendo do segmento de mercado. Quando você olha para outsourcing de impressão, é um segmento maduro com tendência ao declínio. Ele é pulverizado e não há vantagem em buscar uma aquisição. Melhor buscar novos contratos. Quando você olha para o segmento de PCs, notebooks e dispositivos móveis, estamos vivendo hoje o que vivemos há vinte anos no mercado de outsourcing de impressão. Naquela época, as empresas compravam as impressoras, como agora, em 99% dos casos, ainda compram PC, notebooks e dispositivos móveis. Queremos mostrar para o mercado que terceirizar essa atividade é vantajoso. Essa, aliás, é a grande discussão do mercado: não comprar mais nada, contratar como serviço.

A Simpress tem alguma vantagem nesse mercado em relação a seus concorrentes?

O charme desse processo é que enxergamos esse movimento dezenove anos atrás. Estamos na hora certa e no lugar certo. Entregamos o serviço para 300 mil dispositivos. Para fazer para 500 mil, está fácil. Consigo. E quem tem que fazer isso agora, saindo do zero?

Texto: Luciano Feltrin

Imagens: Reprodução | Experience Club

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