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“Não há nada mais importante que melhorar a educação”

Experience Lab John Hagel

Único brasileiro à frente de dois unicórnios, iFood e Móvile, Fabrício Bloisi tem atualmente duas preocupações quando pensa no futuro. A primeira, afirma, é garantir que todos nas empresas que comanda como CEO e presidente do conselho mantenham a cultura de pensar grande e ganhar o mundo. A segunda, diz, é transformar as duas empresas em referências globais em impacto nas áreas de educação, meio ambiente e inclusão social. “O Brasil tem que estar na elite da educação mundial. Não há nada mais importante que melhorar fortemente a educação no país. E não é só educar como já funciona. O futuro está em como aprender através das redes sociais, dos smartphones e com ensino à distância”, diz o empresário. 

Bloisi foi uma das atrações principais da primeira edição do Experience Lab de 2021, ao lado de John Hagel, fundador e copresidente do Deloitte LLP’s Centre for the Edge e docente da Singularity University. Realizado nesta quarta-feira, dia 24 de março, o evento contou ainda com a participação de Jotapê Malara, fundador da New School, criadora de um aplicativo de educação voltado a jovens da periferia, com linguagem da “quebrada” – o projeto tem apoio do Experience Club. 

O evento teve como patrocinadores Master GenesysLG – Lugar de Gente e Nuvini. Contou ainda com patrocínio Premium de Home AgentLogMeInOpah IT e Simpress

ESG 

Em entrevista conduzida por Ricardo Natale, CEO do Experinece Club, Bloisi contou que o iFood tem programados para este ano fortes investimentos em ações ESG (a sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança). “O Brasil tem que ser líder global em meio ambiente. Vamos investir muito este ano não só para reduzir impacto, mas também para regenerar”, disse. “Além disso, pretendemos usar tecnologia para ampliar o acesso à educação. Tecnologia não serve só para fazer um aplicativo mais bonito, a gente precisa usá-la também para educar e criar novos empregos”. 

Novos mercados 

A investida acontece em paralelo a expansão da companhia de entregas no segmento de mercados, no qual entrou há cerca de um ano e meio e têm agora como foco principal, conta Bloisi. O passo seguinte, afirma, provavelmente será a expansão através de oportunidades em serviços financeiros para participantes do ecossistema da companhia, como meios de pagamento e crédito para restaurantes e entregadores. “Vale refeição é outra área de grande impacto. Temos um monte de possibilidades para conectar nosso ecossistema. É o nosso próximo foco”, diz Bloisi.  

Entregas em alta 

No segmento de entrega de comida, o empresário afirma que também há boas perspectivas de crescimento e que o foco continuará a ser na entrega de “comida melhor, mais barata e mais saudável”, com uso crescente de inteligência artificial. Hoje, de acordo com Bloisi, a companhia já atende cerca de 50 milhões de clientes por mês. Mas ele vê potencial para mais de 300 milhões de pedidos, na medida em que as pessoas se acostumarem a comodidade e os restaurantes se estruturarem melhor para atender no sistema de entregas. O iFood, porém, não pretende investir diretamente em cozinhas exclusivas para delivery, as chamadas dark kitchens. O que a companhia pretende fazer, diz, é oferecer ferramentas para que os empresários da área o façam.  

Economia do bico 

Uma das questões ainda em aberto para a empresa é como resolver a questão do modelo de trabalho dos entregadores. A forma atual, de pagamento por corrida, é alvo de críticas em várias partes do mundo e, no Brasil, deu origem a movimentos de paralização como o Breque dos Apps, no ano passado. Bloisi admite que este é um desafio importante para no qual a companhia vem trabalhando, mas para o qual ainda não tem uma resposta. “Precisamos de um modelo que de flexibilidade para os trabalhadores, que garanta a preservação de direitos como aposentadoria e segurança e, ao mesmo tempo, nos de flexibilidade para que possamos criar mais trabalho para todos. Porque o modelo de carteira assinada não funciona”, afirma o empresário. “É um super desafio para o mundo inteiro, e acreditamos que o iFood possa liderar na busca por uma solução”. 

Visão global 

Pensar grande, em escala global, é uma das principais características da cultura da empresa, segundo Bloisi. Para ele, hoje, a cultura, as pessoas e os modelos de gestão os únicos diferenciais realmente importantes do iFood e da Movile. “Nossa primeira característica é pensar grande, sonhar em ter um grande impacto. Tudo nosso começa com pensar grade”, diz. As outras, continua, são o empreendedorismo das equipes, incentivadas a criar, tomar riscos e fazer; a busca “fortíssima” pela entrega de resultados imediatos; a inovação, garantida pela licença para errar, inventar, testar; e o trabalho em equipe formadas de formas com atenção à diversidade, afirma.  

Veja a seguir outros destaques da participação de Bloisi no Experience Lab: 

1 – “A gente é uma empresa liberal, capitalista, quer ganhar dinheiro. Mas queremos muito gerar impacto e fazer a diferença. Só gerar lucro não é o suficiente”. 

2 – “Frequentemente me perguntam onde estudei para montar a Movile e me tornar CEO do iFood. Mas a resposta é, o que eu estudei não, eu continuo a estudar. Nunca parei. 

3 – “A gente existe porque a gente pensa grande o tempo inteiro. Primeiro pensar grande no sentido de ser uma empresa realmente grande, com sucesso global. O iFood está no Brasil e na Colômbia. E a Movile tem produtos em mais de 100 países. 

4 – “Cultura, pessoas e modelos de gestão são os únicos diferenciais importantes do iFood e da Movile”. 

5 – “A AI vai mudar radicalmente seu negócio. Eu não iria dormir hoje sem responder essa pergunta: como a IA vai mudar o meu negócio?” 

Futuro do trabalho 

A apresentação de Bloisi foi seguida da do pensador e consultor do Vale do Silício, John Hagel, principal speaker do primeiro Experience Lab de 2021. Partidário da visão de que o futuro do trabalho certamente será mais humano (leia entrevista recente no site), Hagel defende que são justamente as capacidades e habilidades humanas como a criatividade e paixão que irão criar valor para as organizações.

Confira alguns insights de John Hagel no Experience Lab: 

1 – “As pessoas podem se mover pelo medo, mas essa não é uma motivação sustentável.” 

2 – “O líder não é aquele que sabe tudo, mas quem faz as melhores perguntas e pede ajuda.” 

3 – “As pessoas precisam ser motivadas por suas paixões. Só assim elas vão gerar valor.” 

4 – “Identificar os problemas não óbvios, é isso que vai diferenciar quem gera valor” 

Educação inclusiva 

Em sua apresentação, que abriu o evento, Jotapê Melara, fundador da News School, contou um pouco sobre a morte violenta do irmão mais novo. A revolta com a tragédia o levou a criar um app de educação feito na “quebrada”, com linguagem da “quebrada”, para ampliar as oportunidades de vida de outros jovens das periferias do país.  

Veja alguns dos destaques da apresentação de Jotapê Malara: 

1 – “Na tecnologia, eu vi a possibilidade de mudar não só a realidade da minha favela, mas das favelas do Brasil”, Jotapê Malara, fundador da New School.  

2- “A gente tem um departamento de P&D formado por jovens da quebrada. Para isso, ninguém melhor que eles, que sabem os medos, os anseios, os desejos que de quem vive na quebrada”, Jotapê Malara, fundador da New School. 

3- “O P&D da quebrada apartar a tecla SAP da democratização do conhecimento”, Jotapê  Malara, fundador da New School. 

4- “Na New School, temos quatro pilares da transformação. Primeiro a gente transforma o sócio emocional. Depois, a gente transforma o ensino. Depois a gente vai plugar esse jovem no mercado de trabalho. E, no final do dia, nosso objetivo é esse jovem se tornar a referência que esse jovem não teve”, Jotapê Malara, fundador da New School. 

5 – “A gente não quer competir com a escola, a gente quer somar. A escola prepara a gente para uma prova. A gente quer preparar o jovem para a vida”, Jotapê Malara, fundador da New School. 

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