Ligar e desligar a TV com um toque dos dedos, acender as luzes de casa com uma simples palma e aumentar o volume dos aparelhos girando um botão imaginário. O que antes era visto apenas em filmes de ficção agora está mais próximo de virar realidade. O Google deu um importante passo para avançar com o Projeto Soli, que por meio de um minúsculo chip com sensor capta movimentos das mãos para depois usá-los para interagir com dispositivos, aparelhos e sistemas que estão ao redor das pessoas no dia a dia.
Apresentado pela primeira vez em 2015, o programa da gigante de tecnologia americana conseguiu, no início de janeiro, um importante aval da Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos Estados Unidos para poder captar uma faixa de freqüências de 10 mil registros por segundo para implementar seu projeto. O órgão apontou que o aval é de interesse público pois a nova tecnologia “fornecerá recursos inovadores para controlar dispositivos sem interações físicas”.
Dessa forma, o Google dá um passo importante sobre rivais como Amazon e as gigantes chinesas Alibaba e ByteDance para liderar nos próximos anos a Internet das Coisas (IoT), que conecta objetos offline ao mundo virtual e cujas projeções apontam para a introdução dessa tecnologia em 20 bilhões de itens até 2020.
“A mão é o melhor dispositivo pois é extremamente precisa e rápida, e a usamos naturalmente. Capturar as possibilidades da mão humana e aplicá-la ao mundo virtual foi minha grande paixão neste programa”, disse Ivan Poupyrev, que lidera o Projeto Soli dentro da unidade Alphabet Google, em apresentação sobre a tecnologia. O sistema implementado de reconhecimento dos movimentos por radar se assemelha às que já são utilizadas em carros autônomos e aviões. No futuro, poderá servir para a conexão de qualquer tipo de aparelho.
Especialistas apontam ainda alguns diferenciais do novo programa da Google em relação a tecnologias que estão mais avançadas no mercado. Ao captar os gestos e excluir a necessidade dos toques em dispositivos, o Projeto Soli deixa de ser tão invasivo do que os óculos de realidade aumentada fabricados por Apple e Huawei, e mais convenientes que os assistentes de comandos de voz como o Alexa, da Amazon. Além disso, a exclusão do contato seria uma solução para o vício do toque em dispositivos móveis.
“O fato de ter um sensor que capta movimentos dentro de um minúsculo chip é o que diferencia e torna este projeto tão promissor”, aponta Poupyrev, sobre a estrutura criada para captar movimentos tridimensionais. “Isso o torna extremamente confiável, sem qualquer possibilidade de quebrar, e não usa partes móveis e nem lentes, é apenas microchip inserido nos dispositivos”, completa.
Texto: Fábio Vieira