A sensação de insegurança digital avançou no Brasil e o medo não é injustificável. A ação dos hackers só aumenta: 85% dos brasileiros já foram vítimas de ataques cibernéticos ou conhecem alguém que tenha passado por pelo menos um tipo de fraude cibernética. A estatística, para lá de alarmante, faz parte da pesquisa Unisys Security Index 2019, que acaba de sair do forno e tem como base mais 13 mil entrevistas com consumidores de 13 países entre fevereiro e abril de 2019.
A multiplicação dos ataques que chegam por todos os lados explica o crescimento de cinco pontos no índice de preocupação dos brasileiros com o assunto, que chegou a 190 pontos em uma escala de zero a 300, o mais alto dos últimos seis anos. A média global é de 175 pontos.
Brasil atingiu o 6º lugar no ranking global de preocupação com segurança de dados, atrás das Filipinas, Colômbia, México, Chile e Malásia.
O recebimento de e-mails não solicitados (spams) ou golpes (phishing), respectivamente por 54% e 42% dos brasileiros, foram os mais citados no estudo global que mede anualmente as percepções dos consumidores com segurança. A pesquisa avalia quatro dimensões: segurança nacional, financeira, na internet e pessoal. Na sequência, fraude com cartão bancário (39%), mensagens falsas no Whatsapp (36%) e roubo de identidade (19%) aparecem como as maiores incidências.
O alto número de ocorrências reflete diretamente na preocupação dos brasileiros com roubo de identidade e fraudes bancárias, com 76% e 75% dos entrevistados apontando estar muito ou extremamente preocupados com esses temas. A maioria dos participantes também relatou séria preocupação com ataques de hackers e vírus cibernéticos (69%) e com a segurança das compras online (65%).
“Desta vez, o resultado da pesquisa foi um pouco pior que a realizada no ano passado”, conta Mauricio Cataneo, vice-presidente e CFO da Unisys na América Latina. Ele atribuiu essa elevação na preocupação dos brasileiros ao aumento visível no volume dos ataques e também a atenção maior que a população está dando ao tema.
Para o executivo, a pesquisa sinaliza que as empresas não podem mais ignorar o atual cenário. É preciso reconhecer a existência do problema e da vulnerabilidade e construir um projeto de proteção. “O highlight da pesquisa é: vamos prestar mais atenção, pois o mundo está mais perigoso e os cercos cibernéticos mais evidentes. Quem não estiver atento terá prejuízos financeiros e a reputação da marca afetada”, alerta.
E essa possibilidade é real. A invasão da privacidade e o sequestro de dados dos clientes podem levar à destruição da reputação das empresas. Com a nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entra em vigor em pouco mais de um ano, as falhas na proteção das informações dos clientes resultará na aplicação de multas às empresas. A perda financeira combinada à falta de confiança na companhia que não conseguiu resguardar os dados dos clientes poderá ser fatal ao negócio.
Segundo o estudo da Unisys, 59% dos brasileiros estão apenas um pouco confiantes de que a LGPD vai garantir a segurança de seus dados mantidos por empresas e governos. Por esse motivo, as corporações precisam ir além e tratar a proteção de dados dos usuários como prioridade.
“Vejo dois tipos de empresas no mundo. As que foram invadidas e as que não sabem que foram invadidas”.
Para Cataneo, o investimento dos hackers é crescente, o que coloca as empresas sempre um passo atrás. “É muito mais barato investir em um sistema de proteção cibernética a correr riscos. A pesquisa é um wake up call para o empresário mostrando que a população está preocupada com isso.”
Texto: Françoise Terzian
Imagens: Unsplash