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Como a Accenture está investindo US$ 3 bi para acelerar os clientes na nuvem

André Oliveira - Paulo Ossamu - Accenture - Experience Club

Mergulhe no assunto: assista à Live Cloud First: os desafios da migração para acelerar negócios na computação em nuvem, realizada em 09/12 pela Accenture e Experience Club.

A migração para a nuvem traz mais benefícios para a empresa quando todas as áreas do negócio são envolvidas nesta transformação, não apenas a área de tecnologia. Para ajudar o mercado a capturar os benefícios completos desta mudança, a Accenture criou o Accenture Cloud First, que tem investimento de US$ 3 bilhões previstos para os próximos três anos para aumentar a capacitação dos próprios profissionais e das equipes dos clientes na operação em nuvem, além de ajudar as empresas a investir na migração.

O crescimento do e-commerce e a adoção do trabalho remoto em boa parte das empresas são exemplos de mudanças que vieram com a pandemia. Quem já estava bem posicionado em nuvem largou na frente e teve mais facilidade para seguir vendendo ou manter a empresa funcionando remotamente. A própria Accenture conseguiu colocar seus 15 mil colaboradores no Brasil em trabalho remoto em apenas duas semanas.

O Experience Club conversou com Paulo Ossamu, Líder de Tecnologia para América Latina, e André Oliveira, Líder de Tecnologia para Nuvem, Infraestrutura e Engenharia para América Latina, sobre as vantagens do cloud, especialmente para ganhar agilidade e reduzir custos no desenvolvimento de novos produtos e serviços. Confira.

[Assista à entrevista completa]:

A Accenture anunciou em setembro a formação do Accenture Cloud First. Como funciona o Cloud First?

Paulo Ossamu  A Accenture criou a estrutura que estamos chamando de Accenture Cloud First para ajudar e apoiar os nossos clientes na adoção da nuvem. O mercado em geral está se dando conta de que a nuvem vai ser um grande diferencial para os seus negócios. Não só para o lado de infraestrutura e tecnologia, mas para os seus negócios. Para trazer mais agilidade, mais valor no dia a dia e conseguir se diferenciar na competição.

O Cloud First tem um investimento inicial previsto de US$ 3 bilhões em três anos para apoiar a transformação digital dos clientes. Onde esses recursos serão investidos?

Paulo Ossamu Existe uma janela de três anos no qual as empresas vão adotar a nuvem de forma acelerada e a ideia é atuarmos em quatro pilares: o primeiro é criar essas competências ao redor de nuvem. O mercado precisa de empresas que tenham esse conhecimento. A ideia é investir, adquirir empresas e acelerar a construção dessas competências ao redor da Accenture. O segundo pilar é relacionado a skills. Treinar as pessoas. Temos um contingente de 5 mil pessoas que serão recapacitadas ao redor de nuvem. O terceiro pilar é criar aceleradores para soluções que impactem o negócio do cliente. O último pilar é orientado ao investimento nos clientes. Neste momento de Covid-19, as empresas querem fazer investimento e às vezes não conseguem no momento. A ideia é facilitar e viabilizar este tipo de adoção por parte dos clientes.

E quais são os principais desafios para as empresas adotarem o cloud first?

André Oliveira Entre os principais desafios das empresas para adotar a nuvem está o entendimento de que não é só uma transformação de tecnologia. É preciso o envolvimento de todo o negócio para de fato capturar os benefícios que uma jornada para nuvem pode trazer e, ao mesmo tempo, lidar com as transformações dos talentos, das pessoas, dos skills que precisam estar num processo desses.

Parte deste investimento vai ser utilizado em arquiteturas de Inteligência Artificial. Qual a tendência em relação a A.I. em produtos e serviços de tecnologia?

Paulo Ossamu acredito que o advento da nuvem trouxe muitas oportunidades para as empresas utilizarem em Inteligência Artificial, em machine learning. Se você pensar num método tradicional, as empresas teriam que comprar muita máquina, hardware, software, treinar um contingente de pessoas para implementar este tipo de solução. Hoje, com a nuvem, você pode ter as suas informações, os seus dados, de uma forma mais distribuída, a um custo muito mais acessível.

Qual seria a economia, o ganho de produtividade com o investimento em nuvem?

André Oliveira Nós acabamos de realizar um estudo de mercado na América Latina, o Cloud Outcomes, e 45% das empresas estão satisfeitas na migração para a nuvem. Curiosamente, eles valorizaram mais o nível de satisfação, a velocidade, a resiliência, e paradoxalmente, depois, a redução de custos.

A pesquisa Cloud Outcomes também mostra que uma parte ainda pequena das empresas utiliza o potencial total do cloud. O que vocês identificaram como as maiores dificuldades e o que o líder pode fazer para mudar esta realidade dentro da empresa?

Paulo Ossamu – É interessante porque o estudo demonstra que 90% das empresas na América Latina, principalmente no Brasil, já adotaram a nuvem de alguma forma. Mas adotaram numa camada de menor complexidade. Elas ainda não foram para a adoção total da nuvem. A gente vê que tem uma oportunidade muito grande, porque é aí que está o benefício de você transformar a sua empresa, trazer aquele diferencial, aquela velocidade, a agilidade que é tão esperada.


Acho que todo líder tem que tomar decisões, considerar primeiro a questão da estratégia dessa migração: o que fazer, como fazer, em que velocidade. E, principalmente, a questão dos talentos. Isso é um desafio muito grande hoje, no mercado global.

A gente vê diariamente no Brasil e na América Latina a falta de recursos, de conhecimento, de pessoas que realmente estejam preparadas. Nós aqui na Accenture, com o investimento do Cloud First, com todo esse movimento que estamos preparando, queremos justamente suportar os clientes a passar por esse processo de uma forma mais tranquila.

E como exatamente vocês podem ajudar os clientes na formação dos talentos?

Paulo Ossamu Hoje em dia um programa de adoção de nuvem acaba sendo um programa de transformação da empresa, de todo o modelo de negócio, da forma de operar. A Accenture tem ajudado aportando conhecimento de como se preparar, qual o roadmap, como passar por este caminho. Nós aportamos conhecimento sobre o formato de pessoas e equipes para acelerar, capturar os benefícios de forma mais rápida. E durante o processo de migração aportamos conhecimento fazendo coaching, treinamento das pessoas, estruturando as áreas para que possam trabalhar neste novo modelo, os processos, inclusive redesenhando alguns produtos e serviços.

Como está o cenário da computação em nuvem na América Latina e o mercado brasileiro neste contexto?

André Oliveira Na América Latina e no Brasil, apesar de 45% das empresas estarem satisfeitas com os resultados da migração para a nuvem, temos mais da metade que não estão. Em geral eles enfrentam dificuldade não identificadas, não planejadas no início do projeto. É preciso entender que uma jornada para a nuvem não é só uma transformação de tecnologia. Ela exige participação de todas as áreas de negócio, ter os talentos adequados. Essas são as principais dificuldades que as empresas enfrentam.

E este ano a pandemia acelerou muito os investimentos no digital, na nuvem. Quais são os planos da Accenture para o próximo ano?

André Oliveira – A Accenture atualmente já é a maior implementadora de jornadas para cloud do mercado e também considerada por vários institutos independentes como a empresa que está à frente neste mercado. Mas apesar disso vamos fazer um investimento muito grande e queremos dobrar a nossa capacidade de pessoas trabalhando com cloud na América Latina já para o próximo ano.

Paulo Ossamu – E tem um aspecto importante, que é que podemos montar uma orientação ao mercado muito voltada aos problemas da indústria. Cada indústria tem suas particularidades, os seus desafios, e a Accenture está muito bem posicionada para colher essas informações, adaptar e moldar o que seria a melhor solução de nuvem, a melhor migração, a melhor estratégia para a empresa conseguir fazer esse processo, com as melhores pessoas, com todas as competências e capacidades que estamos criando para ajudar as empresas a acelerar esse processo.

Como a migração para a computação em nuvem afeta o planejamento de TI e como ela influencia no processo de inovação de produtos e serviços?

André Oliveira – Toda a jornada para a nuvem acelera muito o processo de adoção da inovação e da transposição disso para a área de negócios, porque você tira uma série de barreiras que hoje as empresas enfrentam com relação à infraestrutura de tecnologia, acesso a dados mais rápidos, ferramentas de inteligência artificial. A nuvem facilita muito o acesso a todos esses artefatos com velocidade e muito mais facilidade.

A pandemia acelerou a transformação digital das empresas. Empresas que já estavam bem posicionadas no cloud obviamente conseguiram acelerar seu crescimento neste momento de grande expansão do digital. Qual sua recomendação para as empresas que ainda não migraram para a computação em nuvem? Como elas devem se preparar para esta transição?

Paulo Ossamu – Com a pandemia do Covid-19, o que a gente achava que aconteceria em três anos aconteceu em três meses. As empresas em geral, os líderes, se deram conta da importância da migração para a nuvem. As empresas que estavam usando este tipo de tecnologia passaram de forma mais tranquila e as que não estavam se deram conta que poderiam ter feito isso. Tem a flexibilidade, o dinamismo, os desafios desse mundo mais moderno. Independentemente do Covid, vamos continuar tendo um ambiente de negócios cada vez mais competitivo, cada vez mais acelerado, e as empresas precisam ter plataformas que permitam essa velocidade. Como criar produtos, como ter um modelo de negócios que seja mais colaborativo, ter as vantagens de novas tecnologias a um custo mais acessível para realmente se diferenciar e fazer coisas diferentes no mercado.

A nuvem permitiu o desenvolvimento mais rápido de novos produtos e serviços. Que setores foram mais beneficiados?

Paulo Ossamu – Principalmente neste último ano o setor de varejo, todos os que de alguma forma estão relacionados ao e-commerce. Estamos vendo uma segunda onda do e-commerce por causa do Covid. Muitas empresas tiveram que se adaptar para vender produtos, se comunicar. O WhatsApp virou um novo canal. Agora com o Pix, o sistema de pagamentos, vai ficar mais fácil ainda este tipo de coisa. Ter uma plataforma que permita operar, por exemplo, num formato de WhatsApp, utilizando sistema de pagamentos instantâneos, numa nuvem. Permitir esse crescimento, essa elasticidade na capacidade de atender a esta demanda alavancou muito este mercado. Esta foi uma das áreas que tirou muito proveito da nuvem neste momento tão complicado.

André Oliveira – Um outro exemplo de indústria que foi impactado pelo uso da nuvem é a indústria farmacêutica. Normalmente a indústria farmacêutica tem ciclos de desenvolvimento de produtos muito longos, medicamentos que demoram muito e envolvem a coleta de dados em diferentes mercados, em diferentes regiões, com pessoas de perfis diferentes.

Quando você tem o cloud disponível para coletar e aplicar ferramentas de Inteligência Artificial, pode-se reduzir muito o ciclo de pesquisa e desenvolvimento de novas drogas e os testes no mercado. Temos um case muito importante de uma farmacêutica no Japão, a Takeda, que fez uma jornada de transformação para nuvem com muitos benefícios.

Outra tendência que veio para ficar é o trabalho híbrido, com parte dos colaboradores em trabalho remoto pelo menos parte do tempo. Qual o impacto para a infraestrutura de tecnologia das empresas e como elas podem tirar o melhor proveito da computação em nuvem nesse processo?

André Oliveira – Essa é uma tendência muito forte no período pós-Covid. E a gente sabe que o novo normal não vai voltar a ser como antes. Aqui mesmo na Accenture temos feito um investimento muito grande para os nossos colaboradores trabalharem remotamente e mesmo depois deste período eles não vão voltar em sua totalidade para os escritórios. A tecnologia e a nuvem permitem muita flexibilidade para essas pessoas trabalharem de forma remota e ao mesmo tempo terem acesso a todas as ferramentas que elas precisam, de forma rápida, para executar seu trabalho com eficiência.

É possível ter trabalho remoto sem a nuvem?

Paulo Ossamu – Não, não acho que seja possível. Acho que tem realmente um desafio muito grande de conectar muitas pessoas ao mesmo tempo e sem a nuvem os custos tornariam esse processo inviável. Realmente a nuvem veio no momento adequado: no maior desafio da Humanidade nesse momento ela permitiu que a gente continuasse trabalhando, sendo produtivo. Na Accenture, por exemplo, somos 15 mil colaboradores e em duas semanas conseguimos colocar praticamente todos, 99,9% das pessoas, trabalhando de casa. Só não conseguimos esse 0,01% porque eram funções que a pessoa tinha que ir lá, trocar a fita, fazer algum trabalho mais manual.

Então não é só essa questão do trabalho remoto, mas várias outras iniciativas de transformação ao redor do mundo. Não só de Covid, mas outras transformações que podemos fazer. Por exemplo, a otimização de cadeias logísticas, o supply chain. Temos utilizado muito conhecimento de inteligência artificial ao redor de supply chain com cloud, porque 90% desse setor no mundo sofreu impacto por causa do Covid. Tem outros impactos além do trabalho remoto que a nuvem veio para ajudar.

A aceleração da transformação digital também trouxe uma preocupação maior com a segurança, um aumento da percepção de risco. Quais são os cuidados que devem ser tomados quando se adota o cloud para garantir a segurança da operação e dos dados?

André Oliveira – A preocupação com segurança era um dos principais bloqueadores da adoção da nuvem até alguns anos atrás. Curiosamente, isso se inverteu. Hoje as empresas estão adotando mais a nuvem porque os protocolos de segurança disponibilizados pelos provedores de nuvem são muito mais seguros e protegidos do que o que se tinha cinco anos atrás. Então segurança, que era uma barreira, passou a ser um viabilizador da migração para a nuvem.

Paulo Ossamu – Eu diria que segurança na nuvem era uma questão de confiança. E hoje as empresas em geral estão muito mais confiantes em fazer isso. O segundo aspecto é que as empresas que investem e possuem as grandes nuvens em geral possuem equipes, protocolos e sistemas de segurança muito mais sofisticados do que as empresas em geral. Elas têm muito mais condições. E o terceiro é que o desafio de segurança não está tanto na tecnologia e na infraestrutura. Está nas pessoas. O hacker profissional não hackeia uma máquina, ele hackeia as pessoas. A nuvem vem para ajudar nesse processo, mas esse é um tema que tem que ser tratado de uma forma um pouco mais abrangente. Pelos líderes das empresas, pelas corporações, para realmente olhar os processos como um todo e atuar em termos de segurança. Ainda mais agora que temos a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que já está valendo, não só em relação à segurança, mas também em relação à privacidade, que é outro tema importante.

Texto: Denize Bacoccina

Imagens:  JPlay | Experience Club

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