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Carro mexicano roda 18% mais barato que brasileiro

Quando o assunto é produção automotiva, o México assumiu a pole position sobre o Brasil com categoria. Apesar dos aspectos socioeconômicos similares, mas com perfis comerciais distintos, um veículo produzido no mercado mexicano é mais competitivo que um produto nacional. E muito.

O que antes era um palpite que mudava ao sabor do câmbio agora foi comprovado estatisticamente: produzir um carro no México tem custo 18% menor que no Brasil. As principais diferenças estão em materiais e logística. Esta é a conclusão de um estudo comparativo encomendado pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) à consultoria PwC Brasil.

O levantamento é um alerta, já que os carros mexicanos podem passar a competir com a produção brasileira. Desde março, passou a vigorar o livre comércio para veículos automotivos leves, sem cobranças de taxas, entre os dois países. O México já é o segundo maior vendedor de carros para o Brasil, atrás apenas da Argentina. Já os carros brasileiros ocupam a sexta posição no mercado mexicano, depois dos carros produzidos nos Estados Unidos, Índia, Japão, Alemanha e Tailândia.

O estudo conclui que, em um cenário de importação para o Brasil, o carro mexicano custaria 12% menos que o mesmo modelo fabricado no Brasil. Já para exportação, o veículo produzido no México seria 24 pontos percentuais mais competitivo que um similar brasileiro.

“Os resultados apresentados neste levantamento nos indicam a necessidade extrema de atacarmos pontos que reduzam o Custo Brasil e melhorem a nossa competitividade”, afirma Luiz Carlos Moraes, novo presidente da Anfavea e diretor de assuntos governamentais da Mercedes-Benz, reforçando a necessidade da aprovação emergencial das reformas previdenciária e tributária. “Reforma é fundamental. A bola está com o Congresso”, enfatiza.

Portas abertas

Em termos de relações comerciais, o México possui um grau de abertura muito maior do que o Brasil: são 12 tratados de livre comércio com 46 países e mais 32 acordos bilaterais. Enquanto isso, o Brasil possui 6 tratados de livre comércio com 11 países e 21 acordos bi e multilaterais.

A vocação mexicana para exportações é clara. No setor automotivo, 88% da produção é voltada para o exterior, enquanto que o Brasil possui 22% da produção de veículos direcionada às exportações. Isso se reflete em termos de balança comercial: em 2017, o México movimentou US$ 143 bilhões e o Brasil US$ 26 bilhões.

Os impostos também impactam a competitividade do mercado brasileiro. No Brasil, os tributos vão de 37% a 44% sobre o veículo, dependendo do tamanho do motor. Já no México, o imposto único IVA é de 16%.

“Medidas que estimulem o comércio exterior, melhorem a logística de distribuição e reduzam a carga tributária são urgentes para conferir uma nova dinâmica para os negócios brasileiros em diversos segmentos da economia, não somente o automotivo”, afirma Moraes.

Crise argentina

As exportações têm sofrido com os impactos da recessão na Argentina, que chegou a ser destino de 70% dos veículos brasileiros enviados ao exterior. A queda nas exportações foi 45% no acumulado de janeiro a abril, com a comercialização de 139,5 mil unidades para outros mercados.

No mesmo período do ano passado, as vendas externas chegaram a 253,4 mil veículos. Em abril, a retração foi ainda maior: queda de 52,3% em comparação ao mesmo mês de2018 (exportação de 34,9 mil veículos).

Segundo Moraes, as montadoras vêm buscando outros parceiros comerciais, como Oriente Médio e África do Sul, para escoar a produção que era vendida no país vizinho.

Texto: Andrea Martins

Imagens: Divulgação Volks

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