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Calma e transparência: o papel dos CEOs para enfrentar o coronavírus

O alerta de pandemia do coronavírus pela OMS arrastou o planeta para um cenário de imprevisibilidade no atendimento à saúde da população e no futuro da economia. Colocou também no centro desse furacão as empresas, responsáveis por uma parcela fundamental do emprego e da geração de riqueza globais. Nesse contexto, a responsabilidade corporativa está colocada dramaticamente à prova e, com ela, emerge mais um desafio: qual é papel do líder no enfrentamento dessa crise?

Experience Club ouviu CEOs, empresários e consultores para entender quais são as prioridades da liderança no momento em que o avanço do coronavírus se torna crítico também no Brasil e “internou” praticamente todas as grandes empresas em gabinetes de gerenciamento de crise.

“É difícil avaliar como serão os próximos passos daqui para frente, porque o cenário é muito complexo. A nossa visão é a de que precisamos agir com transparência total e estamos reforçando muito isso para as nossas lideranças. É o momento de trocar experiências, ouvir os colaboradores e ter muito cuidado com a qualidade da informação que prestamos”, destaca Marcos Matias, presidente da Schneider Electric no Brasil.

A multinacional francesa que possui 170 mil colaboradores em mais de 100 países – 2,1 mil funcionários só no Brasil – está trazendo para cá o aprendizado dos gabinetes de crise montados nas últimas semanas na Ásia e na Itália. Uma das medidas mais importantes é estender de três para cinco os dias de home office semanais e digitalizar ao máximo todos os processos gerenciais.

O maior desafio está nas fábricas, onde já existe risco de paralisação de produção pontual em alguns mercados.

“Nossa ênfase para as lideranças é a de que devemos fazer o máximo esforço para não parar a operação, mas nossa prioridade máxima é evitar a propagação [da COVID-19] pondo em risco toda a população, sobretudo os mais idosos”, destaca Matias.

PREVENÇÃO, CONTENÇÃO E ATUAÇÃO

Em outra situação de organização de grande porte que exige ação abrangente sobre a contaminação, o CEO da Oi, Rodrigo Abreu, contou sobre o protocolo estabelecido pela empresa, que está baseado em três dimensões: prevenção, contenção e atuação. As medidas envolvem cuidados especiais tanto para profissionais nos escritórios, como procedimento de proteção especial para os times de campo.

“Em primeiro lugar, é importante que não minimizemos o problema. Nosso time de Gente e Gestão está atento e continuará a prestar todo o atendimento necessário e a publicar informativos sobre as políticas e procedimentos relativos ao coronavírus”, destacou Abreu. Ele acrescenta que, como setor, as empresas de telecom estão empenhadas na continuidade do negócio, que cumpre papel estrutural nesse momento.

O executivo apontou, contudo, que não há motivo para pânico, por isso é fundamental evitar a disseminação do medo e informações falsas. “Com isso, cumpriremos com as nossas responsabilidades e ajudaremos a minimizar os impactos da situação atual, até que as atividades de todos possam se normalizar o mais rápido possível. Cuidar das pessoas faz sentido, vamos fazer a nossa parte”.

EXPERIMENTO DISRUPTIVO

Uma das mais experientes empreendedoras brasileiras, Sonia Hess diz que se ainda estivesse à frente da Dudalina, com certeza sentiria um “frio na barriga” para enfrentar uma crise sanitária dessa magnitude. Mas ela acredita que o papel do líder, nesse momento, é o de transmitir calma.

“É uma situação que vai se normalizar em algum momento, por isso é muito importante não gerar uma situação de desespero, porque os negócios não vão parar”, a afirma a empresária, fundadora da clássica marca de confecção e atualmente advisor do fundo de investimento Warburg Pincus.

Para ela, o coronavírus vai impor uma espécie de “regime forçado” para o planeta, eliminando gordura nos processos, com foco naquilo que é mais essencial.

Sonia destaca que, embora numa situação dramática, a crise também oferecerá um “experimento disruptivo” para a maioria das empresas, que ainda não adotou uma prática sistemática de home office com seus colaboradores.

“Mesmo não sendo intencional, essa situação vai provocar uma mudança gigante. Mas eu tenho certeza de que a liderança vai aprender muito e ter uma adaptação rápida”, afirma.

NÃO É HORA DE SE ESCONDER

O consultor de empresas e CEO do Grupo Empreenda, César Souza, destaca que uma crise da proporção do coronavírus não permite mais uma postura protocolar de quem está no comando.

“Esse é o momento em que a liderança tem que aparecer e se posicionar. Na crise as pessoas precisam saber o que o líder pensa e que caminho devem tomar”, enfatiza Souza. Não basta enviar comunicado no papel. “Tem que gravar vídeo, ter olho no olho e mostrar preocupação legítima com as pessoas que trabalham na empresa”.

Além de adotar as melhores práticas de prevenção à contaminação e zelar, obviamente, pelo menor impacto possível no negócio, o CEO também deve manter em guarda o olhar estratégico. “Uma crise é sempre momento para enxergar oportunidades, seja em melhoria de processos, novos hábitos dos clientes e até lançamento de produtos”.

Texto: Arnado Comin

Imagens: Experience Club e Reprodução

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