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A reinvenção do CFO: chegou a hora de assumir a disrupção

Por Ricardo Natale, CEO do Experience Club

O papel de guardião do valor econômico e do fluxo de capital da organização ficou pequeno para o executivo de finanças. De porto seguro, cabe agora ao CFO se lançar no mar revolto da economia digital que vem afundando sem piedade velhos transatlânticos da era industrial. Em um mundo no qual a gestão de dados – e mensuração obsessiva de indicadores – tornou-se o segredo das startups mais bem-sucedidas, é impossível pensar em inovação sem a participação decisiva dos gestores financeiros. 

Esse foi um dos inúmeros aprendizados que o Fórum CFO Club deixou ao mercado, em uma edição de altíssimo nível de conhecimento e nomes de referência em tecnologia, inovação e transformação de negócios. Em 6 e 7 de junho, tivemos a oportunidade de debater com 140 executivos financeiros de grandes empresas as principais mudanças que irão mudar o perfil da liderança e o processo decisório nas companhias.

Um dos momento marcantes da nossa jornada intensiva de conteúdo no Sofitel Guarujá Jequitimar foi a apresentação da pesquisa O Caminho para o Topo, apresentada pelo presidente da Korn Ferry Advisory, Carlos Martins. O estudo com 158 CEOs brasileiros mostrou que os executivos de finanças ainda são minoria na formação do grupo que chega ao comando das organizações, cerca de 10%.

Para ascender na hierarquia como “The Next CEO”, os CFOs precisam desenvolver habilidades que ganham cada vez mais relevância, entre elas o profundo olhar estratégico.

Para os próximos anos, porém, o que mais pesará é a capacidade de gerar inovação. Em outras palavras, o CFO precisa se reinventar e chegar ao centro da disrupção que afeta todos as áreas da economia.

Foram tantas conexões durante o Fórum CFO Club que é até difícil fazer uma boa síntese de todo o conteúdo. Por isso dividido aqui alguns destaques do aprendizado passado pelos nossos principais palestrantes.

Martha Gabriel, autora e especialista em Inteligência Artificial

“Não dá mais para deixar para depois. As empresas de alta performance usam 2,5 vezes mais inteligência artificial do que as empresas de baixo desempenho”.

“Não ter estratégia de negócio é o terceiro principal motivo para as empresas não investirem em AI. Primeiro vem a falta de budget e depois vem a preocupação com privacidade de dados de clientes”.

Pedro Waengertner, cofundador da aceleradora ACE Startups

“Prioridade não tem plural, a estratégia é dizer não. Essa relação com startup só faz sentido quando conectada à estratégia do negócio”.

“É preciso ter consciência da limitação das startups e não apostar todas as fichas nelas para inovar”.

Charles Schweitzer, head de inovação da Leroy Merlin

“Melhore a forma de fazer negócios. Usar os mesmos processos de compras e prazos que a empresa usa com fornecedores tradicionais pode matar a startup antes de iniciar a parceria”.

“Os resultados não são de curto prazo, mas o importante é ter formas concretas de mensuração para demonstrar a evolução do investimento”.

José Manuel Silva, CIO e COO do Banco Carrefour

“Sentimos na pele que a inovação teria que partir de dentro para fora, numa jornada de mudança cultural e de engajamento envolvendo todos os times”.

“Criamos uma espécie de ritual de erros e aprendizagens que passou a integrar a nossa cultura. Isso dói muito, mas acreditamos que é parte da jornada de evolução do negócio”.

Maja Vujinovic, CEO OGroup (NY) e especialista em blockchain

“O direct banking vai gerar mudanças muito profundas na estrutura econômica em nível mundial, com enorme impacto na operação das empresas. Ainda é difícil prever todo o seu impacto”.

“Em vez de pensar em tecnologia, os líderes precisam avaliar se o seu negócio vai sobreviver se um dia o cliente tiver controle de compra e vender os próprios dados”.

Carlos Martins, presidente da Korn Ferry Advisory

“Cultivar a mentalidade estratégica, inspirar confiança no time e stakeholders, ser capaz de formar equipes eficientes e atrair os melhores talentos do mercado aparecem em nossa pesquisa como as quatro habilidades mais importantes para assumir a posição de CEO”.

“Os CEOs vêm com clareza que muitas das habilidades de hoje continuarão importantes no futuro, mas será necessário desenvolver outras competências que terão peso cada vez maior, como ter capacidade de gerar inovação”.

Tallis Gomes, fundador da Easy Taxi e Singu e um dos criadores do conceito de Gestão 4.0

“Empresas mais valiosas têm fãs e não clientes. Por isso, é importante pensar a jornada de consumo e se atentar à experiência do seu consumidor”.

“Não é preciso ter um time grande para construir bons produtos. Startups como Twitter e Instagram tinham 7 e 13 pessoas em seus times de produto quando foram lançadas”.

Com base em tudo discutimos neste fórum, fico com este aprendizado, que não se restringe aos CFOs. A inovação está cada vez mais perto de todos que ocupam o papel de líderes. Cabe a nós abraça-la e assumir os riscos, pois não dá mais para esperar.

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