Autor: Tiago Mattos
Ideias centrais:
1 – O maior erro do empreendedor é achar que todos vão consumir o que você está vendendo. Descubra quem realmente tem o problema que sua solução vai resolver, defina seu público-alvo. Quando você fala com todo mundo, não fala com ninguém.
2 – A onda de empreendedorismo não explodiu por acaso. A revolução digital aumentou a reconexão. A aproximação permitiu que reconhecêssemos, uns nos outros, interesses comuns. Complementamos uns aos outros para que as ideias saiam do papel.
3 – Desenvolver um protótipo é fundamental para quem quer empreender. A partir dele é desenvolvido o MVP – Minimum Viabel Product, ou Produto Minimamente Viável. Este termo foi popularizado por Eric Pries no best-seller A startup enxuta.
4 – O lucro nunca pode ser o norte de seu negócio, mas deve ser um pilar importante. Por isso, uma etapa crucial da nossa jornada é a transformação do projeto em negócio. O que diferencia um e outro? A sustentabilidade financeira.
5 – A combinação protótipo/MVP deu origem a muitos bordões. Um deles, repetido por nove entre dez empreendedores do Vale do Silício, é fall faster, better and cheaper (falhe mais rápido, de forma mais inteligente e gastando menos dinheiro).
Sobre o autor:
Tiago Mattos é futurista, multiempreendedor e palestrante. Um dos maiores especialistas em futurismo no Brasil, é formado pelo Global Solutions Program da Singularity University, programa de 10 semanas da universidade criada pela Nasa e Google no Vale do Silício para preparar as novas lideranças. Acabou se tornando professor dessa universidade. Aperfeiçoou seus estudos sobre o futuro do trabalho em algumas das melhores escolas do mundo, como Harvard e MIT.
Introdução:
Tiago Mattos nos coloca dentro da Revolução Digital, com suas imensas e novas possibilidades. Uma delas: repensar o empreendedorismo. Como encará-lo no campo do trabalho, da empresa, dos grupos de iniciativas, como as humanitárias e culturais. Diz ele: “Portanto, este livro é um convite a uma reflexão. Um convite a uma nova forma de enxergar a autonomia do ser humano e, consequentemente, o empreendedorismo, a gestão e a vida profissional”.
A Revolução Digital foi antecedida pela Revolução Agrícola e pela Revolução Industrial. “Estamos diante de um efeito dominó que nos levará para a mudança mais radical do trabalho”, diz o mestre do empreendedorismo. Não haverá mais empresas, em futuro próximo. Pelo menos, não como elas são atualmente. As empresas (estáticas) darão lugar a grupos de trabalho (fluidos), que se reunirão ao redor de propósitos comuns.
Haverá, então, outra forma de sociedade de trabalho, sem chefes ou contratantes. As lideranças serão circunstanciais e rotativas, nunca fixas. Portanto, não haverá cargos (estáticos), mas funções momentâneas (fluidas).
Certamente, haverá mais liberdade, moldada por outros parâmetros. Mas a liberdade tem um preço. Teremos que nos acostumar com um novo tipo de organização, muito menos paternalista do que o que temos hoje.
Um sistema mais horizontal, que exige que todos tenham postura de dono. Os funcionários atuais terão que despertar a autogestão, capaz de realizar tarefas sem cobrança exterior.
Empreendedores terão outra atitude. Eles têm o dever de derreter suas atuais estruturas empresariais em favor de modelos distribuídos. Mas principalmente têm o dever de compartilhar a sua capacidade empreendedora, a capacidade de realizar, com aqueles que não a possuem.
Conteúdo da obra:
Foi com esses ideais que Tiago Mattos construiu o programa ou roteiro VLEF – Vai Lá e Faz. O VLEF é volumoso, é um imenso tratado. Com breve espaço para divulgar esses ideais, nos propomos salientar alguns tópicos ou quadros que achamos mais significativos na busca do empreendedorismo.
Quer saber em que era você está vivendo?
UMA NOVA ERA
Existem muitas formas de dividir a história da humanidade. De todas elas, gosto da que nos separa em três grandes Eras. A Agrícola, a Industrial e a da Informação/Digital. Essa divisão pode ser vista, por exemplo, no clássico A Terceira Onda, de Alvin Toffler. O autor divide o nosso tempo em três grandes ondas: até a revolução agrícola, da revolução agrícola à revolução industrial e da revolução industrial em diante.
Como o livro é de 1980, e a internet não havia sido lançada comercialmente para o grande público, Toffler batizou esse terceiro cenário de “Era da Informação”. Com o tempo, Toffler começou a referenciá-la – a “informação” e a “internet” – quase como se fossem uma coisa só. Toffler havia previsto a onda, mas não o seu nome.
A revolução digital ajuda a empreender.
FAZER É EMPREENDER
A onda de empreendedorismo não explodiu por acaso. Pense comigo. A revolução digital aumentou a reconexão. A aproximação permitiu que reconhecêssemos, uns nos outros, interesses comuns. Juntos por interesses comuns, complementamos uns aos outros para que as ideias saiam do papel. Unidos por um propósito sinérgico e com skills complementares e interdependentes, nós fazemos. Se não temos dinheiro, buscamos pelo Kickstarter [site de financiamento a projetos inovadores]. Se nos falta um especialista, procuramos no LinkedIn. Se nos falta uma agência de propaganda, divulgamos através do Vimeo [compartilhamento de vídeo]. Os amadores viraram profissionais e, assim, cresce o movimento empreendedor.
Assim, cresce o movimento fazedor.
Descubra se você tem vocação de empreendedor.
AS SETE GRANDES DESCOBERTAS
- Amizades com grupos diferentes, nos primeiros anos de vida, aumentam a chance de empreender.
- Empreendedores receberam dos pais uma mensagem diferente sobre segurança, que não é comum para a maioria.
- O não empreendedor profissional nunca acha que está pronto para começar.
- Você só enxerga oportunidade de empreender se você está seguro nos quesitos memória afetiva, capitalização e competência.
- Existem cinco grandes formas de se relacionar com o empreendedorismo.
- Existe uma transformação de consciência na trajetória empreendedora.
- O jeito mais fácil de encontrar o seu propósito é empreendendo. Mesmo que seja sem um propósito claro.
Quer comparar ideia com execução? Calcule.
A QUARTA ARMADILHA: O FATOR MULTIPLICADOR
Ideias não valem nada, a não ser que sejam executadas. Elas são apenas multiplicadoras.
A execução é que vale milhões.
Explicação:
Primeiro fator:
Ideia ruim = -1
Ideia fraca = 1
Ideia média = 5
Boa ideia = 10
Grande ideia = 15
Ideia brilhante = 20.
Segundo fator:
Nenhuma execução = US$ 1.00
Execução malfeita = US$ 1.000,00
Execução média = US$ 10.000.00
Boa execução = US$ 100.000.00
Grande execução = US$ 1.000.000.00
Brilhante execução = US$ 10.000.000.00
Para fazer o negócio, você tem de multiplicar os dois fatores. A ideia mais brilhante, sem execução, vale 20 dólares. A ideia mais brilhante com grande execução vale 200 milhões de dólares.
É por isso que eu não gosto de ouvir as ideias dos outros. Não estou interessado até ver suas execuções (Derek Sivers).
Quer ter uma ideia do que fazer? Responda a essas perguntas.
MATRIZ DA IDEIA
São oito perguntas diretas, sem rodeios.
1. PROBLEMA
Qual é o problema que você está resolvendo? Um negócio não começa pela ideia. Começa resolvendo um problema. Se você não resolve nenhum problema, por que as pessoas irão até você?
2. QUEM
Quem costuma ter esse problema? Em que situação? Escolha um público-alvo. O maior erro é achar que todos vão consumir o que você está vendendo. Quando você fala com todo mundo, não fala com ninguém.
3. IDEIA
Explique em 140 caracteres. Não se preocupe em descrever todos os seus diferenciais. O importante aqui é definir em poucas palavras.
4. GRANA
Como você vai ganhar dinheiro? Evite respostas complexas. Se você tem uma floricultura, a resposta esperada é: vendendo flores.
5. NOTÍCIA
O que você vai fazer que ninguém nunca fez? Certamente, existem várias ideias parecidas com a sua no mundo. Algumas, inclusive, já estão rodando há algum tempo; o que você tem de especial que ninguém tem?
6. VOCÊ
Por que você é a pessoa certa para botar em prática essa ideia? Se só você reúne as qualidades para montar um negócio assim, dificilmente será copiado. Por isso, ao juntarmos as cinco respostas anteriores com a sua personalidade, temos que encontrar alguma conexão.
7. VLEF
O que precisa para começar? Essa é, provavelmente, a pergunta mais importante. E ela é bem literal: o que precisa para começar? Uma cozinha industrial? Um post no Fecebook?
8. IMPACTO POSITIVO
Ela faz do mundo um lugar melhor? Por quê? Se não faz, por que quer construir essa iniciativa?
As ferramentas estão aí. Mãos à obra.
PROTÓTIPO E MVP
A primeira ferramenta não é exatamente nova. Mas é fundamental para quem quer empreender. Ela é dividida em duas subetapas. Primeiro, o protótipo. Depois o MVP – Produto Minimamente Viável, na sigla em inglês. O termo MVP foi popularizado por Eric Pries pelo best-seller A startup enxuta – como os empreendedores atuais utilizam a inovação contínua para criar empresas extremamente bem-sucedidas, livro que moldou a nova geração de empreendedores pelo mundo.
Você provavelmente já ouviu falar de protótipo. Nada mais é do que um esboço, um teste, um piloto do que você pretende colocar no mercado. A transição do protótipo para o MVP vem quando você testa não apenas o produto/serviço, mas também a sua viabilidade comercial. A combinação protótipo/MVP deu origem a muitos bordões. Um deles, repetido por nove entre dez empreendedores do Vale do Silício, é fall faster, better and cheaper (falhe mais rápido, de forma mais inteligente e gastando menos dinheiro).
Um só MVP é pouco. Corrija. Faça outros.
CICLO 3-3-3-3: VOCÊ TEM QUE RODAR TRÊS MVPs
Três é um número para se ter em mente. O primeiro teste serve mais para tirar você da inércia do que outra coisa. A sensação de sair do papel e ir para a prática é prazerosa – mas também angustiante, porque você vai começar a perceber, in loco e em tempo real, tudo o que poderia ser diferente. Por isso, você precisa de um segundo MVP para corrigir as falhas e fazer as necessárias comparações. É natural que você teste novas hipóteses. E é igualmente natural que essas novas hipóteses sejam piores que a versão anterior. Exemplo: se no primeiro MVP você vendeu bem, mas sentiu que seu produto estava muito barato, no segundo MVP você pode pesar demais no preço – e não vender nada. Apesar de a sua primeira hipótese não ter sido 100% validada, a segunda com certeza foi totalmente rechaçada.
Nada mais justo do que uma terceira oportunidade para juntar o melhor dos dois mundos. E tentar encontrar o equilíbrio.
Com grana é bem melhor trabalhar. E sustentável.
DO PROJETO AO NEGÓCIO. EM BUSCA DO LUCRO
Lucro não é, e nunca será, a coisa mais importante de um empreendimento. Mas, ainda assim, é fundamental. Sem lucro não há iniciativa. E sem iniciativa, o propósito por trás da iniciativa se esvai. O lucro nunca pode ser o norte. Mas sempre deve ser um pilar importante. Por isso que uma etapa crucial da nossa jornada é a transformação do Projeto para o Negócio. O que diferencia um e outro? A sustentabilidade financeira. Em outras palavras, o lucro. Há muitas iniciativas louváveis no mundo, mas que não suportam a pressão do fluxo de caixa. Fazem um trabalho maravilhoso, mas sucumbem pela falta de lucro. Reconheço que muitas deixam um legado importante, mesmo numa curta jornada. Isso é de admirar.
Mas eu ficaria mais feliz se visse essas iniciativas sobrevivendo ao tempo, impactando positivamente as pessoas por anos. E deixando um legado ainda maior.
As pessoas têm poder. Encoraje-as à responsabilidade e autonomia.
FAÇA AS PESSOAS PERCEBEREM QUE ESTÃO EMPODERADAS
Toda vez que usamos o termo empoderar pessoas, estamos partindo do pressuposto de que alguém tem poder e, por isso, pode transmitir para um outro, que não o tem.
É uma forma bastante eclesiástica de ver o mundo. Acredito que todos têm poder. O difícil é perceber isso. Ou você acha que se os milhões de escravos se revoltassem contra os senhores de engenho haveria maneira de impedi-los? Quando há resignação com o jeito que o mundo é, com o status quo, com as castas e com as hierarquias, as pessoas não se sentem empoderadas.
Mas elas são.
O seu papel, como liderança, é fazer com que elas percebam isso e assumam as suas atividades com responsabilidade e autonomia.
Ninguém transfere o poder a ninguém. As pessoas já o têm.
Não basta ter ideia. Ideias há muitas. O que falta é execução.
MINHA MAIOR DESCOBERTA SOBRE O VAI LÁ E FAZ. A REGRA DOS 5%
Agora que já conhecemos as etapas do caminho empreendedor, vamos agrupá-las em conjuntos maiores.
Inspiração + Vontade + Ideia = Ideação
Como o próprio nome diz, é a etapa em que estaremos focados na criação e na concepção.
Protótipo/MVP + Projeto + Negócio = Execução
Aqui, o foco é colocar em prática, tirar do papel, dar vida.
Conversando com muitos estudiosos de criatividade e inovação, e observando o meu processo particular de construção de um negócio, me dei conta de que existe uma relação de proporcionalidade entre ideação e execução.
A Ideação, geralmente, corresponde a cerca de 5% do processo.
A Execução é todo o resto.
Entender isso é entender o motivo pelo qual temos muitas ideias e poucas são colocadas em prática.
Ficha Técnica:
Título: Vai Lá e Faz – Como empreender na era digital e tirar ideias do papel
Autor: Tiago Mattos
Edição: Belas Letras
Resumo: Rogério H. Jönck
Edição: Monica Miglio Pedrosa