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Lambda School transforma dívida estudantil “investimento” nos EUA

 Já imaginou a possibilidade de conseguir uma graduação técnica em tecnologia nos Estados Unidos sem adquirir aquela dívida monstruosa pós-curso? E mais: pagar o conteúdo aprendido apenas se você estiver empregado com rendimento girando em torno de US$ 50 mil ao ano? Caso esse patamar de remuneração não seja atingido em até cinco anos, você ainda por cima não deve nada. 

 

Esse “conto de fadas” já é realidade para estudantes aprovados pela Lambda School: um programa imersivo de nove meses (30 semanas) que oferece capacitação 100% online na área de engenharia de software. O modelo do negócio dessa startup de ensino é extremamente atrativo e já seduziu mais de mil alunos. “Acreditamos que as escolas só devem prosperar quando seus alunos prosperarem” e “A educação deve investir em você, e não o contrário” são alguns dos slogans que a instituição divulga para atrair novos clientes bolsistas.

Fundada em 2017 por dois jovens empreendedores, o Vale do Silício está apoiando a ideia: no último mês de janeiro, a startup recebeu US$ 30 milhões em uma nova rodada de financiamento, que contou com nomes como Google Ventures e o Sound Ventures, do ator Ashton Kutcher. De acordo com a Forbes, o investimento total já chegou a US$ 150 milhões.

“A educação deve investir em você, e não o contrário”

Slogan da Lambda School

 

A grande sacada é permitir que os estudantes paguem por seus cursos com um arranjo cada vez mais popular nos Estados Unidos, chamado de “acordo de participação de renda” (IAS, do inglês). Ou seja, o almoço continua não sendo grátis. Quando o aluno estiver empregado, serão descontados 17% de sua receita nos dois primeiros anos –até o teto de 30 mil dólares – quitando, assim, a dívida. O percentual é visto como alto e abusivo, por certos especialistas no mercado americano.  

 

De acordo com o Centro Nacional de Estatísticas da Educação, nos Estados Unidos, a dívida estudantil atingiu US$ 1,5 trilhão. Um típico estudante mutuário terá US$ 22 mil em dívidas por graduação. No Brasil não é diferente. Embora muitos estudantes ainda optem pelo Financiamento Estudantil (FIES), no qual os juros abaixo do mercado e a possibilidade de começar a pagar a maior parte da dívida após o término da faculdade pode ser viável, a dívida de contratos atrasados chegou a cerca de R$ 20 bilhões em junho de 2018. O dado é do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

 

Endividamento universitário nos EUA já bateu da US$ 1,5 tri;

no Brasil débitos em atraso no FIES somam R$ 20 bi

É importante destacar que a porcentagem cobrada pela Lambda School é vista como um dos principais problemas por especialistas que a veem como abusiva. De acordo com os fundadores, o próximo passo é oferecer cursos de engenharia de softwares ou codificação em alguns países da Europa e Canadá, além de plano para oferecer cursos sobre segurança cibernética nos EUA. Em entrevista à Forbes americana, um dos fundadores diz que não se trata de substituição de universidade, mas, sim, de uma escola vocacional, cujo principal objetivo é empregar as pessoas.

 

A Purdue University, também nos Estados Unidos, desenvolveu a versão de um acordo de compartilhamento de renda. Universidades e sistemas educacionais estão começando a ter auxilio para desenvolver seus próprias programas “IAS” – é quando o aluno passa a ser visto como investimento. O método ainda é controverso, uma vez que o programa ainda não está regulamentado. 

Texto: Thaís Botelho

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