Com o Ibovespa oscilante pelo noticiário doméstico e internacional, mesmo em viés positivo após atingir o recorde de 100 mil pontos em março, investidores à procura de menor volatilidade têm buscado no setor de telecomunicações uma espécie de porto seguro.
Considerado maduro e próximo da consolidação por analistas do mercado financeiro, o segmento tem revelado algumas empresas com balanços saudáveis e resilientes, mesmo num momento de desaquecimento econômico e com uma das líderes do mercado, a Oi, passar por recuperação judicial desde 2016.
A companhia, com larga penetração em todo o território nacional, voltou a entrar nas listas de recomendações de analistas no início desde ano, o que contribui no perfil de investimento do setor como um todo.
As ações de destaque são Vivo e TIM, companhias tidas como as mais preparadas para dar conta dos principais desafios do momento: fidelizar clientes e investir pesadamente em novas tecnologias.
No horizonte, o mercado de telecom terá de fazer altas provisões para adaptar toda a infraestrutura ao 5G.
A Anatel estima que, somente com licenças, o 5G arrecade R$ 20 bilhões nos leilões previstos para 2020.
“As duas empresas têm se mostrado prontas para isso. Ambas têm boa gestão e, assim, entregam resultados com qualidade”, observa Mario Mariante, analista da Planner.
A carteira de papéis recomendados em agosto pela corretora traz Tim, mas a Vivo tem sido a predileta ao longo do tempo, pois, historicamente, pratica uma política de pagamento de dividendos bastante agressiva.
Em recente relatório para comentar o balanço da Vivo, o BTG Pactual afirma que a companhia vem construindo uma trajetória vencedora no longo prazo, o que justifica o otimismo com o futuro desempenho de seus papéis.
Outra gigante do setor – a Oi –, é analisada pelo mercado, nesse momento, como um caso à parte. Mesmo em recuperação judicial e sofrendo pressões de acionistas para dar novos rumos à sua gestão, a companhia é considerada pelo BTG um ativo estratégico no segmento.
“Mantemos nossa postura positiva em relação ao nome e mantemos nossa classificação de compra. Esperamos ouvir notícias positivas sobre a frente regulatória”, pondera relatório do banco.
Já Mariante, da Planner, adota postura mais conservadora com os papéis da Oi. “Num setor que tem feito grande esforço e investimento para manter clientes e investir em tecnologia, a forte dívida da companhia e sua dificuldade em gerar caixa ampliam sua fragilidade. É preciso esperar para que a empresa supere a recuperação judicial.” Os papéis valorizaram em até 5% no mês de setembro, com a confirmação do executivo Rodrigo Abreu (ex-Quod) como diretor de operações e agora se estabilizaram, após um leve recuo.
Texto: Luciano Feltrin
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