O primeiro passo para a adoção bem-sucedida das práticas ESG numa empresa deve ser a elaboração de um diagnóstico de qualidade. Ele deve ser realista e detalhado e, portanto, precisa, entre outras informações, trazer à tona um mapeamento dos aspectos mais sensíveis do negócio e dos temas que podem representar impactos positivos para a companhia.
Habituado a fazer diagnósticos para empresas dos mais diversos segmentos, Matthew Govier, diretor-executivo da Accenture Strategy na América Latina, explica, nesta entrevista ao Experience Club, que estudar as consequências e impactos sociais e ambientais de um negócio ajuda a orientar as empresas e a dar um norte aos executivos. Além disso, torna possível responder a mais importante das perguntas para ESG: onde exatamente a companhia quer chegar com a implementação do modelo?
“A partir daí, a administração define o que precisa ser feito, que tarefas serão distribuídas a quem e, importante, divulga um documento, com prazos e firma um compromisso público”, afirma.
A seguir, conheça os sete passos indicados pelo especialista para implementar ESG e conseguir, durante a jornada, mitigar riscos e gerar oportunidades para o negócio.
1 – Elaborar um diagnóstico
É o ponto de partida para uma implementação bem-sucedida. Em geral, nesta etapa, as empresas contratam consultorias, escritórios de advocacia e, em alguns casos, outros consultores. O objetivo é mapear quais áreas e públicos são mais sensíveis. O segmento em que a companhia atua, sua cadeia de fornecedores e emissões diretas e indiretas de carbono, por exemplo, são levados em consideração. Por outro lado, também se deve mensurar impactos potencialmente positivos que o ESG pode trazer, diz o executivo.
2 – Ambições
Baseada num diagnóstico de boa qualidade, a empresa, sua administração e conselho irão definir onde exatamente querem chegar, no curto, médio e longo prazos, com a implementação das métricas ESG. Calibrar os desejos internos com a realidade, o setor em que a empresa atua e as demandas da sociedade, de forma mais conservadora ou ousada, ajudará a definir essas ambições.
3 – Metas, prazos e responsáveis
Uma vez definida a ambição, é hora de traçar a rota que viabilizará a jornada. Estabelecer metas, definir tarefas para colocá-las em prática e os responsáveis por cada uma delas. Ser capaz de envolver diferentes stakeholders da companhia, como fornecedores e funcionários, é responsabilidade da alta administração.
4 – Compromisso público
Tão importante para a empresa quanto definir ambições é ser capaz de mostrar que elas são factíveis e serão entregues ao mercado. Nessa direção, assumir um compromisso público e dar publicidade às ações é fundamental. Divulgações desse tipo têm caráter multiplicador, pois engajam diversos stakeholders, como mídia e acionistas, destaca Govier.
5 – Compliance
Diversas práticas ESG precisam ser auditadas ou são sujeitas às normas e regulamentações vigentes. Há um conjunto de regras de compliance em torno disso. Se a companhia tiver capital aberto, por exemplo, tem de enviar e divulgar documentos, periodicamente, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
6 – Atenção ao consumidor
O consultor ressalta que a empresa pode – e deve -, ao longo da jornada ESG, aprender com um de seus principais públicos: o consumidor. Muitas vezes, o desenvolvimento de um produto, serviço ou prática mais sustentável, por exemplo, pode ser orientado por uma demanda do cliente. É preciso, para isso, ter um processo bem definido: ouvir, filtrar e ter critérios para, quando for o caso, adotar o que foi recomendado.
7 – A voz das redes
Conectadas, as novas gerações debatem temas como gênero, raça e desigualdade nas redes sociais. E também usam as redes para criticar produtos, serviços e condutas de empresas das quais são potenciais clientes ou usuários. Para Govier, as companhias devem enxergar nessa postura não apenas riscos, mas também oportunidades. Por exemplo: um aplicativo pode ser desenvolvido ou aprimorado a partir da avaliação da opinião dos consumidores.
Texto: Luciano Feltrin
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