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Twitter faz maratona por diversidade na seleção de jovens

Trabalhar no Twitter é o sonho de muita gente. Seja adulto com experiência no mercado de trabalho, seja um estudante universitário tentando iniciar a carreira. Milhares de currículos sempre chegaram nas caixas de mensagens da subsidiária brasileira da rede social. Para as vagas de estágio, o RH da empresa nunca teve do que reclamar. O que não faltam são currículos de jovens de faculdades de primeiro nível, com inglês fluente, viajados, com uma visão boa de cultura global, engajados em programas sociais, com ótimo preparo para conversar e boa performance no trabalho. Eles chegam, literalmente, às pencas.

Mesmo assim, de dois anos para cá havia algo que incomodava profundamente a diretora de RH do Twitter para a América Latina, Francine Graci. “Eu passei a ver estudantes e jovens na minha plataforma que não vinham das melhores faculdades, que não falavam inglês e que não conheciam o mundo. Mas, por outro lado, que revelavam um talento absurdo para o digital”, recorda.

Foi assim que, como conta a própria Francine, ela resolveu tomar uma atitude. “Cansei de me esconder atrás da desculpa de que isso era um problema de governo e da educação. Resolvi inovar.” A primeira mudança veio no Programa de Estágios aberto em 2018, que retirou a obrigatoriedade dos candidatos falarem inglês e de estudarem em uma universidade de primeiro nível.

Francine lembra que muitos jovens dizem não falar inglês, embora eles saibam ler e entender uma conversa no idioma. No entanto, a exigência acaba criando uma barreira e afugentando muitos da candidatura. “Quando você coloca, em um programa, inglês fluente, tem gente que acha que tem que entrar falando como um americano e desiste de cara.”

A segunda quebra de barreira veio nesse ano. Mais uma vez, Francine começou a ficar incomodada com a ausência de afrodescendentes dentro dos escritórios de trabalho.”Isso não é um problema do Twitter, mas de todas as empresas.”

Foi assim que a executiva foi atrás da Empodera, consultoria especializada no desenvolvimento de programas de diversidade e inclusão. “Percebi que não ia conseguir atrair as pessoas que quero se não tivesse o networking. A Empodera nos ajudou a furar a bolha”, afirma. Com o banco de dados da Empodera e o trabalho da Companhia de Estágio, o Twitter Brasil abriu seu processo para muitos candidatos que não se sentiriam aptos para disputar uma vaga.

Resultado: foram 6 mil inscritos para 6 vagas de estágio nas áreas de vendas, relacionamento com agências, parcerias e criação.Embora pareça uma número mínimo para tanta gente, o Twitter, assim como outras gigantes da arena digital, já recebeu muito mais pretendentes nos recrutamentos regulares. É por isso mesmo que programas do gênero têm dificuldade em sensibilizar jovens de renda mais baixa e que não têm formação de ponta.

Na última fase da seleção, o Twitter Brasil chegou a 30 finalistas.

“Tenho o maior orgulho de dizer que esta é a primeira vez em que a minoria é a maioria. E pau a pau com os estudantes de todas as outras faculdades”. [autor]Francine Graci, diretora de RH do Twitter para a América Latina.[/autor]

Candidatos sem exigência de inglês, nem faculdade de primeira linha tampouco obrigação de estar matriculado em determinados tipos de cursos. Inclusive, o Twitter também não fez restrição de idade, tendo atraído candidatos com cerca de 30 anos, que são aqueles que só entraram na faculdade mais tarde ou estão na segunda graduação. O único olhar na hora de selecionar os currículos é para o tempo que falta para se formar – pelo menos 1,5 ano, para dar o maior tempo de experiência aos escolhidos – e habilidades.

Os seis finalistas foram escolhidos na noite de 12 de junho, anteontem, na final do processo seletivo, em um evento de dia todo no Twitter. “Conseguimos avançar bastante no nosso propósito de ter mais diversidade em nosso programa de estágio”, conta Francine. Cerca de 50% dos finalistas trouxeram a diversidade que a líder de RH tanto procurava.

Texto: Françoise Terzian

Imagens: Marcos Mesquita/Experience Club e Reprodução (Turma de Estagiários de 2018)

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