Para Paulo Ossamu, diretor executivo de tecnologia da Accenture na América Latina, não se trata “apenas de um mundinho de realidade virtual, só para jogar”
Num mundo em que cada vez mais o universo físico e o virtual se misturam, as grandes corporações vão precisar mudar as operações internas para permitir que os funcionários trabalhem, consumam e interajam de qualquer lugar, o tempo todo.
Diante disso, a Accenture, uma das maiores consultorias globais em gestão, tecnologia e outsourcing, aponta o metaverso contínuo como a grande tendência para conectar os novos mundos digitais a novos modelos de negócios que atendam as demandas atuais. A indicação está na 22.a edição do relatório global Technology Vision, lançado neste ano.
Me encontre no metaverso, do título original Meet Me in the Metaverse: The Continuum of Technology and Experience Reshaping Business, é o resultado de um estudo com mais de 6,5 mil executivos pelo mundo que atuam em diferentes segmentos, e que tomam as decisões sobre investimentos em tecnologia nos negócios de suas corporações.
A boa notícia é que o relatório demonstra que os líderes brasileiros estão mais antenados e abertos para navegar nesse novo universo de possibilidades, que prevê a combinação de diferentes tecnologias e experiências para a construção de uma nova internet.
Confirma a seguir trechos da entrevista com Paulo Ossamu, diretor executivo de tecnologia da Accenture na América Latina, que comenta os desafios e as oportunidades de uma revolução que só está começando.
1- O verdadeiro potencial do Metaverso
“O Metaverso é uma combinação de diferentes tecnologias que permite operar nessa nova internet”, explica Paulo Ossamu, diretor executivo de Tecnologia da Accenture na América Latina.
Segundo o especialista, para fazer sentido para as companhias, o Metaverso precisa ser capaz de conectar o mundo digital ao modelo de negócio. “É importante saber dimensionar adequadamente o real potencial para sua operação, ou pode parecer que se trata só de mais uma onda ou moda”, afirma. “Não é apenas um mundinho de realidade virtual, só para jogar.”
2- Maior eficiência logística
Num mundo cuja eficiência das cadeias globais de fornecimento vem sendo dramaticamente colocada à prova – primeiro pela pandemia e, mais recentemente, pela guerra entre Rússia e Ucrânia -, umas das aplicações mais aguardadas do metaverso diz respeito à logística e à gestão de estoques.
“O uso do metaverso num futuro integrado tem tudo para ser um diferencial competitivo em tudo que se relaciona com supply chain (cadeia de suprimentos)”, projeta Ossamu. “A entrega inteligente de produtos e serviços vai gerar mais automação e receita.”
O executivo destaca como exemplo positivo o uso que a inteligência artificial já disponível atualmente teve na gestão de estoques e entrega de vacinas ao longo da pandemia. “A utilização maciça do metaverso tem tudo para potencializar esse tipo de aplicação.”
3 – Muito mais que uma vitrine virtual para produtos e serviços
De acordo com o especialista, o terreno está apenas sendo tateado no momento. ”No Brasil e no mundo, as empresas já vêm fazendo suas primeiras experiências com o metaverso. A expectativa é que exista um universo de oportunidades para vender produtos e serviços mais à frente”, afirma.
A procura de empresas interessadas em consultoria para conhecer mais a fundo sobre as possibilidades de investimentos nessa área vem crescendo. “Recentemente, numa conversa inicial com a equipe do Walmart, mostramos para eles que participar do metaverso não é apenas criar um supermercado virtual, mas ter a capacidade de oferecer produtos e serviços aos clientes nesse novo ambiente.”
4- A importância da segurança digital
Ciberataques se tornaram uma rotina indesejável em todas as partes. O surgimento de novas tecnologias, ferramentas e sua popularização, ampliam esse espaço. “Independentemente do metaverso, há uma preocupação muito grande por parte das empresas com ciberataques”, diz o especialista.
É fato que o mateverso traz novas oportunidades de negócios, mas, também, de fraudes. Por isso é preciso moldar a cultura das companhias e ter processos para responder bem a um ransomware, destaca Ossamu. “Entramos em um novo cenário sem regras ou expectativas, uma rica oportunidade para construir e moldar os mundos do amanhã.”
Fotos: Sara Kurig / Unsplash
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