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Take Blip embala na onda do comércio via Whatsapp

Após receber aporte de US$ 100 milhões em 2020, startup prepara nova rodada de investimentos este ano e anuncia expansão internacional

“Adoro ser uma startup. Não é uma questão relacionada a tamanho da empresa, nem à idade. Diz respeito a ter uma mentalidade inovadora”, diz Roberto Oliveira, CEO e cofundador da Take Blip. A declaração é reveladora quando descobre-se que a empresa tem 21 anos de existência.

Nascida Take Net, empresa que oferecia internet móvel via WAP, em 1999, a Take Blip se reinventou continuamente. Primeiro, criou uma plataforma para download de ringtones e foi vendida para uma empresa japonesa, em 2005. Dpeois, voltou às mãos dos sócios-fundadores, em 2008, com a entrada do MP3. Até que, em 2014, iniciou o modelo de negócios atual, o de soluções corporativas para comércio conversacional, através de plataformas de bate-papo, como o Whatsapp.

Hoje, com 1,7 mil clientes – 190 deles entre as 500 maiores marcas do Brasil – a Take Blip cresce 100% ao ano. É assim desde 2019. 

Por sua plataforma, trafegam 2 bilhões de mensagens por mês, número que deve ser potencializado com a entrada em funcionamento da solução de pagamento do WhatsApp. o WhatsApp Payment. 

Durante a pandemia, a startup recebeu um aporte de US$ 100 milhões do fundo Warburg Pincus, em uma rodada Series A, e se prepara agora para cruzar as fronteiras brasileiras. Recentemente, contratou um diretor de operações internacionais, que vai começar a estratégia de expansão para os Estados Unidos, México e Europa. 

Em entrevista ao Experience Club, Oliveira diz que a martech (startup da área de marketing) planeja uma nova rodada de captação, ainda em 2021, que pode alçá-la a um novo patamar. A start-up é apontada como uma das 17 potenciais unicórnios (empresas com valuation de US$1 bilhão ou mais) pela Distrito em seu relatório Corrida dos Unicórnios 2021.

O empresário, porém, prefere manter as expectativas sob controle. “É o mercado que vai nos dizer se seremos unicórnio ou não. Nosso objetivo é fazer uma captação que achamos justa para nosso negócio”, afirma. 

Veja a seguir os principais destaques da entrevista:

1 – Mindset de startup 

“Eu adoro ser uma start-up. Não é uma questão relacionada a tamanho, nem à idade. É uma mentalidade (mindset) de inovação”.

“Temos uma história de 21 anos, iniciamos como uma empresa de internet móvel baseada na tecnologia WAP. Como a tecnologia não decolou, desenvolvemos uma plataforma para download de ringtones”.

“Em 2005, fomos comprados por US$ 35 milhões pela empresa japonesa Faith Inc, líder no mercado de ringtones que iniciava sua expansão internacional”.

“Em 2008, os ringtones entraram em decadência devido ao surgimento do MP3 e às novas gerações de smartphone”.

“A Take voltou às nossas mãos, criamos o produto SMS a cobrar, até que, em 2014, investimos nas soluções de WhatsApp Business API para trazer as marcas para esse canal. É o que se chama de comércio conversacional”. 

“Acreditamos que em no máximo cinco anos a maior parte do comércio eletrônico vai acontecer através de canais conversacionais, e não mais via site ou aplicativo.” 

2 – Plataforma Take Blip 

“Nossa plataforma permite a interação com o consumidor desde o pré-venda até o pós-venda. Nas etapas anteriores à venda, nossos clientes têm usado o WhatsApp para campanhas de marketing, como no BlackFriday. O atendimento ao cliente também está migrando do canal de voz para o digital”.

“A grande força da nossa plataforma é a capacidade de uso de inteligência artificial (IA) e a integração com sistemas legados das empresas, que permite a automatização do atendimento. Acreditamos em um modelo híbrido, com pessoas e automação, o que potencializa a produtividade da estrutura de atendimento”.

“Nossa plataforma pode ser usada para engajamento, atendimento e venda. O WhatsApp Payment irá impulsionar ainda mais o uso da plataforma, ao permitir que o processo de pagamento seja efetivado com a mesma simplicidade que se envia uma foto por celular.” 

3 – Fator WhatsApp  

“O Brasil tem o que chamamos de Fator WhatsApp. Dos brasileiros, 98% têm o aplicativo instalado no celular. Outro país em que o comércio conversacional é muito forte é a China, devido ao WeChat”. 

“Hoje, temos 1,7 mil clientes corporativos, sendo que 190 deles estão entre as 500 maiores marcas do Brasil. Eles representam 70% da nossa receita, o restante vem das pequenas e médias empresas. É um segmento que está crescendo muito. No médio prazo, devemos ter 50% da receita proveniente deste nicho.” 

4 – Pandemia   

“Nos meses de março a junho de 2020, o volume de mensagens trafegadas na nossa plataforma multiplicou por quatro. Houve uma explosão de uso dos clientes”. 

“Neste primeiro momento, não fechamos novos clientes, já que as empresas pisaram no freio enquanto entendiam o que estava acontecendo no mundo. A partir de agosto tivemos uma retomada muito forte”.

“O WhatsApp passou a ser usado como plataforma de engajamento, atendimento e venda pela maioria das empresas. Quando você tem que fechar as lojas físicas e reduzir a capacidade do call center, o número do WhatsApp é colocado na porta das lojas e nas URAs”.

“Mesmo com o fim da pandemia, o atendimento não voltará ao que era antes. O modelo será híbrido.” 

5 – Internacionalização e time são os focos 

“O aporte da Warburg está sendo aplicado em seis prioridades: fortalecimento do time e da cultura; evolução do produto; conquista de novos clientes; infraestrutura para garantia de escalabilidade e estabilidade; customer sucess; e a última, mas não menos importante, é a nossa hashtag #goglobal”.

“Queremos lançar uma solução global para fazer vendas em mais de 40 moedas diferentes. Vamos abrir escritórios nos Estados Unidos, México e Europa e contratamos um diretor de operações internacionais para essa expansão”.

“Hoje, temos cerca de mil colaboradores, sendo 300 pessoas desenvolvendo a plataforma e 180 na equipe de marketing e vendas, desde o back-office até o pós-venda.”

6 – Programa de capacitação em programadores 

“Vamos investir em 30 mil bolsas de estudo em tecnologia ao longo deste ano para o aprendizado de linguagens de programação. É uma parceria com a Órbi Academy Techboost, com diversas empresas”.

“Sempre acreditamos muito na formação dos profissionais dentro de casa, e nada melhor do que formar esse colaborador, já que o mercado está muito disputado”.

“Também queremos dar a nossa contrapartida para a melhoria da sociedade em que estamos inseridos, impactando a vida de milhares de pessoas que vão fazer o curso.” 

7 – Black Swan  

“Eu gosto muito do conceito Black Swan, criado por Nassim Taleb, que é quando acontece algo inesperado e você procura entender o significado e colocar energia em como lidar com isso, e não em se perguntar porque não conseguiu prever esse cenário”. 

‘Essa é nossa história: com o fim da tecnologia WAP, investimos na plataforma de ringtones. Após a entrada do MP3, retomamos a frente do negócio e iniciamos o serviço de SMS a cobrar“.

“No início da pandemia, pensamos em desistir do investimento, havíamos acabado de voltar do roadshow de captação e, na sequencia, estávamos todos em home office”. 

“A cada mês, a cada ano, acontecem eventos inesperados e temos de nos adaptar e evoluir em altíssima velocidade. Isso faz parte do mindset da nossa empresa.”

Texto: Monica Miglio Pedrosa

Fotos: reprodução e Unsplash  

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