Categories

Most Viewed

Sustentável mundo novo

De pedra em pedra, ou melhor, de piso em piso, o empresário Marcelo Consonni Gomes, herdeiro da Portobello, maior fabricante de porcelanato do País, está pavimentando a diversificação do negócio em uma nova seara no Brasil: o da incorporação de terrenos para a construção de bairros sustentáveis.

O embrião da nova empreitada surgiu em 2000, a partir da negociação de parte da fazenda da família, localizada no município de Palhoça, a 18 quilômetros de Florianópolis (SC). De um total de 4 milhões de metros quadrados, 3 milhões foram arrendados para a Fundação Unisul que estava interessada na construção de uma cidade universitária. E foi a partir da pergunta sobre o que fazer com o restante da área – 1 milhão de metros quadrados – que Marcelo Gomes iniciou o que seria hoje o Grupo Pedra Branca Empreendimentos, que comanda na posição de diretor-presidente.

Marcelo Consonni Gomes

“Negociamos boa parte da nossa fazenda para a construção da cidade universitária, mas ainda mantivemos uma área contígua de várzea que nos despertou a ideia de trabalhar com a venda de empreendimentos em lote, organizados em bairros que traziam como referência conceitos modernos de planejamento urbano”, conta Gomes. Com equipe enxuta (30 funcionários na parte administrativa), a empresa já conseguiu urbanizar 800 mil metros quadrados, entre ruas, parques em vias de acesso, sendo 150 mil utilizados em edificações (prédios, casas e centros comerciais), onde moram 12 mil pessoas.

A empresa encerrou 2018 com R$ 60 milhões de faturamento, que inclui não apenas a negociação dos imóveis para o público final, mas também das atividades de gestão urbana, como serviços de saneamento, aluguel de lojas em shoppings e demais centros comerciais na localidade. Segundo o principal executivo da empresa, os serviços de gestão urbana têm sido fundamentais para garantir a sustentabilidade do negócio durante o período da crise econômica que impactou o setor imobiliário nos últimos anos. “Se tem uma coisa que a crise econômica nos ensinou foi a importância dos serviços de gestão urbana para a sustentabilidade do negócio”, conta.

Vida Simples

Os empreendimentos da companhia foram montados, tendo forte apelo para o planejamento urbano como propulsor do bem-estar social. Para tanto, as primeiras áreas construídas trouxeram como referência o chamado “novo urbanismo” que tem como pressuposto a perspectiva de que cada cidadão pudesse “morar, estudar, trabalhar e se divertir ao alcance de uma caminhada”.

Para desenvolver o projeto urbanístico da primeira fase dos empreendimentos Pedra Branca, Marcelo Consonni contratou o escritório DPZ, dos Estados Unidos, que atuou no Brasil tendo apoio de consultoria do arquiteto e urbanista Jaime Lerner. A entrega dos primeiros imóveis Pedra Branca, em 2010, coincidiu com a disseminação, no Brasil, de um outro conceito que vinha ganhando cada vez mais espaço no mercado imobiliário brasileiro: o da sustentabilidade. E a companhia passou a investir na construção de novos imóveis na região, sob a bandeira da racionalização nos níveis de impactos ambientais.

“O mercado se apaixonou por esse conceito e nós mesmos sabíamos que precisaríamos aprender a operar isso, gerando recursos que viabilizassem os investimentos nesses empreendimentos, cujos custos são mais altos que a média”, diz Gomes, ao ressaltar também que os empreendimentos Pedra Branca foram um dos primeiros no Brasil a ser construídos tendo certificações, como a do Green Building, que atesta prédio e casas erguidos a partir de técnicas e produtos de baixo impacto ambiental.

Cidades Criativas

Foi então que, em 2014, o negócio evoluiu levando os conceitos do novo urbanismo e da sustentabilidade não apenas para residências, mas também para equipamentos públicos, lojas comerciais e áreas de lazer. Para essa nova fase, a Pedra Branca contratou o arquiteto e urbanista dinamarquês, Jan Gehel. “Tiramos palmeiras, investimos em cabeamento de fios elétricos subterrâneos e, principalmente, começamos a privilegiar o passeio público com calçadas mais bem-acabadas”, conta Gomes.

Outra característica foi a priorização de prédios e escritórios comerciais sem “muros”, trabalhando o conceito de “fachada ativa”, que corresponde à ocupação da fachada localizada no alinhamento de passeios públicos por uso não residencial com acesso aberto à população e abertura para o logradouro. Essa solução estava inclusive amparada em preocupações com novos conceitos de segurança pública. “Espaços públicos atraentes, iluminados e abertos inibem a criminalidade, quando estão também associados a monitoramentos com câmeras”, diz o empreendedor.

Empresa já urbanizou 800 mil m², entre ruas, parques em vias de acesso.

Foi desse flerte com a modernidade e a convivência nos ambientes públicos que agora baseia um novo conceito adicionado à experiência dos empreendimentos da Pedra Branca: que é o da formação de cidades criativas. “O nosso modelo de cidade tem tudo a ver com esse mundo das startups do Vale do Silício e estamos trabalhando para atraí-las à nossa região”, conta. O objetivo é expandir esse conceito na área restante de 200 mil metros quadrados do conjunto total, onde há capacidade para mais 28 mil moradores.

Além dos planos para a região, a companhia já pensa na expansão do negócio pelo País, explorando os chamados “vazios urbanos”. São as áreas próximas a metrópoles que podem ser utilizadas para a construção das cidades com as características dos ambientes urbanos adotados pela Pedra Branca: verdes, integrados e criativos. 

Grupo Pedra Branca Empreendimentos

O que faz: incorporadora de bairro integrado sustentável em Palhoça (SC).

Funcionários: 30

Faturamento em 2018: R$ 60 milhões.

Área construída: 150 mil m².

Área urbanizada: 800 mil m².

Moradores: 12 mil.

Área em vias de expansão no bairro: 200 mil m².

Novos Moradores: 28 mil.

Texto: Ruy Guilherme Neto   

Fotos: Divulgação

    Leave Your Comment

    Your email address will not be published.*

    Header Ad