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Sete insights sobre o futuro ultraconectado com o 5G

Rodrigo Abreu

“O 5G não trará um impacto imediato, mas vai mudar a nossa vida ao longo dos próximos dez anos. Seremos uma sociedade mais conectada e com uma qualidade de vida melhor”. A afirmação é do CEO da Oi, Rodrigo Abreu, que fala sobre o tema de maneira abrangente, atual e, ao mesmo tempo, com foco no futuro, misturando engenharia, negócios e tendências.

O futuro dos negócios e das comunicações com o 5G foi um dos temas centrais do debate no evento online Unleash The Data Driven World, organizado pelo Experience Club, com a participação do executivo.

Para Abreu, a evolução para a tecnologia de quinta geração é diferente das mudanças anteriores, já que o 5G não substitui integralmente o 4G, mas é usado para um conjunto de aplicações diferentes e complementares. Além de ter velocidade exponencialmente maior e menor latência, a nova tecnologia permitirá a multiplicação do numero de sensores em uso e a interação entre máquinas.

“[O 5G] começa a possibilitar modelos de adoção corporativos em escala, de IoTs (internet das coisas), de gestão de processos, de cidades e sensores inteligentes, que antes eram inviáveis até pela própria capacidade de uma célula de suportar um grupo concorrente de usuários”, explica o executivo. 

O CEO da Oi acredita em três grandes fases de mudança com o 5G. A primeira, da velocidade mais alta para consumo de vídeo. Depois, as aplicações de habilitações B2B, de IoT e de sensores. E, por fim, a disseminação do uso de realidade virtual e aumentada. 

Sobre limitar o ecossistema de provedores, ele acredita ser mais um jogo de posicionamento comercial, referindo-se à disputa entre chineses e norte-americanos. E diz que controlar o acesso à tecnologia nunca é bom, mas é necessário apostar em políticas de governança e de segurança rígidas.

“Ao longo da história da telecom, o Brasil foi um dos únicos países que conseguiu navegar entre a tecnologia americana, asiática e europeia, com igual tranquilidade. É país muito aberto para tipos distintos de padronização de provedores de tecnologia”, afirma Abreu. 

A seguir, sete insights de Rodrigo Abreu sobre a tecnologia 5G, data driven e a evolução da sociedade conectada: 

1 – Usuários não-humanos

“Existem algumas diferenças entre o 4G e o 5G. A primeira é a capacidade de sustentar em uma mesma célula um número muito maior de usuários. Na tecnologia 4G, a capacidade de usuários por antena tem determinado limite de uso. Quando passa para o 5G, aumenta exponencialmente este limite do número de usuários por célula. Isto impacta na nova geração de uso de tecnologia, que é a de sensores, em que se multiplica não só o número de usuários humanos, mas também o de usuários não-humanos, com o uso máquina-máquina. Possibilita escalar modelos de IoT, de gestão de processos e sensores inteligentes que não têm nada a ver com nosso uso no dia a dia como usuários de 5G, mas, sim, com a evolução da sociedade conectada, com a evolução e consumo de energia, de segurança, de privacidade, de melhoria de qualidade de vida”. 

2 – Realidade aumentada e/ou virtual no dia a dia

“Com o 5G, passamos a ter velocidade para fazer streaming de vídeos 4K ou 8K que hoje, mesmo com a qualidade 4G tendo avançado bastante, você não consegue. Começamos a ter velocidade para aplicações ligadas a vídeo e aquelas que vêm depois do vídeo. Principalmente realidade aumentada, realidade virtual, que passam a ser mais comuns com o 5G. É inviável hoje, com o 4G, termos realidade aumentada e realidade virtual no dia a dia. Porque não temos velocidade de banda para poder cumprir os requisitos destas aplicações. Outra característica é a latência muito mais baixa, que é o atraso de comunicação entre os sinais e que faz com que estas últimas aplicações sejam viáveis”.

3 – Governança de segurança de dados

“É importante lembrar que o investimento em tecnologia no Brasil é caro, por conta de impostos, de toda ineficiência fiscal e operacional. Por isso, limitar acesso à tecnologia nunca é bom. É obvio que isto tem de vir acompanhado da governança de segurança apropriada para uso de dados e salvaguardas tecnológicas, que eu acredito que ao longo do tempo vão acontecer. Porque essas necessidades de governança existem com qualquer ecossistema de tecnologia (chinês ou americano). Vamos lembrar que alguns dos maiores vazamentos de dados ocorreram em empresas americanas. Acontece. A tecnologia é um pouco brincadeira de gato e rato, entre hacker e provedor de tecnologia, e em qualquer parte do mundo isto vai ser verdade. Aqui não é diferente”. 

4 – Infraestrutura sustentável

“O Google, Facebook, WhatsApp e os gigantes de OTTs (em inglês, Over de Top, referindo-se às plataformas de distribuição de conteúdo pela internet sob demanda) acabaram usando uma infraestrutura que existia para criar um modelo de geração de valor que vem pelo serviço, e não pela infraestrutura. De lá para cá, muita coisa mudou. Os próprios provedores de tecnologia global e OTTs entenderam que eles têm uma parcela grande do valor gerado, mas este valor depende da sustentabilidade de um ambiente de infraestrutura que funcione. Não adianta nada ter uma geração gigante de valor de um lado e a infraestrutura que suporta tudo isso colapsar. A convivência entre os OTTs e as operadoras de telecomunicação melhoraram muito ao longo dos últimos cinco anos. Até porque o investimento de capital para fazer tudo isso funcionar é gigantesco. As ondas de investimentos em telecom, só no Brasil, são de R$ 60 bilhões a R$ 80 bilhões por ano para fazer o que temos aqui funcionar”. 

5 – Dados gerando valor para o usuário

“As operadoras aprenderam que podem, devem e vão explorar os nichos de subida na cadeia de valor em relação ao uso dos dados, mas gerando valor para o usuário. Existe uma questão de monetização que durante muito tempo foi crítica dentro das operadoras: usar os dados do usuário para monetizar e fazer a venda de produtos. Esta estratégia tem limite porque, enquanto não entrega valor ao usuário, em alguma medida ou momento você o perde. E ao perder o usuário, perdeu a sustentação básica (do negócio). No futuro teremos usuários acostumados e vivendo em um novo ambiente onde eles acham que faz sentido que você use os dados deles, porque está entregando alguma coisa de valor. Mas se não estiver entregando algum valor, de fato a equação deixa de funcionar”.

6 – Futuro data driven

“Tem que acontecer nas duas pontas, do consumidor e do lado empresarial. Para uma grande corporação é natural ter a preocupação dentro de casa de tratar um volume grande de dados, ter uma estrutura de tecnologia, de tratamento e estratégia de utilização de dados. A companhia vai buscar os insumos de governança e tecnologia para fazer acontecer, cada vez mais com um modelo descentralizado, baseado em cloud. No caso das pequenas e médias empresas, uma boa parte do contato delas vai vir com conhecimento de tecnologia básica, porque elas não têm a menor noção do que precisam, podem ou têm disponível para transformar o negócio. O pequeno cada vez mais vai ter acesso à tecnologia do grande. Unitariamente vai pagar mais caro, mas vai poder competir. Na ponta do consumidor tem uma situação curiosa. O jogo começou a mudar mais ou menos na mesma época em que começou o conflito OTTs e operadoras. De lá para cá, isso mudou. O conhecimento do consumidor é tão crítico para nossa jornada de atendimento, de uso, de predição de problema, de oferta de serviço que todo mundo se transformou. As operadoras enxergaram que somos alguns dos maiores repositórios de dados do mundo”. 

7 – Black Mirror X Jetsons

“A tecnologia é um elemento de inclusão. O que temos que ter cuidado é que este grande elemento de inclusão, por escolhas erradas e por governança inadequada, se torne uma distopia. Não tenho dúvida que daqui a cinco ou dez anos vamos olhar para trás e pensar: como vocês viviam sem o 7G e a realidade aumentada do dia a dia? Mas esta é uma questão que tem que ser acompanhada pelas políticas de benefícios do indivíduo. Sem um pouco da governança da tecnologia passamos pelo caminho da distopia, que é muito ruim. Podemos caminhar para um cenário que pode ser tanto de Black Mirror quanto de Jetsons. E todo mundo quer ir para o cenário dos Jetsons, onde o trabalhador braçal anda em carro que voa e tem um robô em casa. Do lado Black Mirror é distopia absoluta, onde o usuário é controlado nos detalhes e não tem liberdade individual, é um cenário distópico. Onde está a diferença? Na governança para usar a tecnologia ao longo do tempo”. 

Texto: Andrea Martins 

Imagens: Reprodução

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