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Segurança psicológica: o segredo da alta performance

Em um cenário de massificação e comoditização da tecnologia, é a capacidade de gerenciar pessoas com alto nível de criatividade, motivação e desempenho que faz a diferença para as empresas com os melhores resultados. Não no futuro, mas no presente. A mensagem é de um dos mais importantes futuristas brasileiros, Tiago Mattos.

Fundador da consultoria de inovação Aerolito, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e da Singularity University, Mattos provocou com sua visão inquieta do futuro as 140 lideranças de gestão de pessoas presentes no Fórum RH Club, realizado em 10 e 11 de junho no Sofitel Guarujá Jequitimar.

“A tecnologia não pode ser tratada mais como um segmento. Todas as empresas, de todos os mercados, agora são de tecnologia.

Para Mattos, “quem não enxergar isso não vai sobreviver”. Autor do livro Vai Lá e Faz – Como empreender na era digital e tirar ideias do papel (leia a resenha exclusiva na seção de livros do Experience Club) essa mudança impacta profundamente na cultura das organizações. Elas precisam repensar seus modelos se quiserem atrair os melhores profissionais.

“As pessoas não aguentam mais trabalhar numa cultura não digital”, destaca. Mattos acredita que a mudança na cultura clássica para a digital é “brutal” e, por esse motivo, segundo os recursos humanos acaba assumindo um novo papel, muito mais ativos na tomada de decisões estruturais da empresa.

O RH deve se posicionar perante as demais lideranças e participar de maneira decisiva da mudança do negócio”.

Na prática, isso implica em uma nova matriz de gerenciamento das áreas, equipes e parceiros dentro das organizações. O modelo industrial – em que a matéria-prima entra numa ponta da linha de montagem e o produto sai sempre igual do outro lado – não funciona mais. A inovação demanda doses elevadas de incerteza, imprecisão, erros e superação. Ter sempre o resultado es
perado não é um bom resultado.

Mas como aplicar esse modelo na prática? Mattos aponta que todos as empresas capazes de construir modelos de alta performance, nos mais diversos mercados, tinham um elemento em comum muito forte: segurança emocional.

Relações de amizade, rivalidade, hierarquias muito bem definidas, alta qualificação…..nada disso realmente importava. “O denominador comum é ter pessoa que se sentiam seguras naquele grupo, com um forte senso colaborativo”.

Para construir essa relação, o futurista e pesquisador aponta alguns caminhos de liderança eficazes. O mais importante é saber ouvir. Dar o espaço mais igualitário possível entre todas as partes para que elas se expressem e respeitar suas opiniões. O colaborador precisa sentir que sua visão faz diferença e as boas propostas poderão ser usadas por todos em um processo de construção mútua.

Decisões unilaterais, impostas de cima para baixo e baixa tolerância ao erro, vão gerando o afastamento e desinteresse da equipe, até a eventual perda de profissionais com alto potencial.

Modelo de comando

Além da autoconfiança, outro desafio das empresas é construir novas formas de liderança, que envolvem hierarquias muito mais flexíveis e horizontais. Mattos aponta que o equilíbrio na gestão se dá entre alinhamento e autonomia.

Modelos com baixo alinhamento e baixa autonomia, normalmente funcionam com um líder acima de vários colaborares que realizam sempre as mesmas tarefas, mecanicamente.

“O microgerenciamento é o pior modelo. O líder não se concentra na estratégia e os subordinados não têm motivação”.

Por sua vez, num sistema de baixo alinhamento e alta autonomia, instala-se o caos: cada uma faz o que quer, sem objetivo.

Mattos aponta que o modelo do futuro combina alto alinhamento – propósitos e objetivos comuns muito claros e bem definidos na linha de tempo e estratégia – com alta autonomia. Cabe ao líder prover os recursos e segurança emocional, garantindo a liberdade para que o time encontre as próprias soluções e se organize como achar melhor. “Isso estimula a inovação, a criatividade e o espírito de colaboração”.

Texto: Arnaldo Comin

Imagens: Marcos Mesquita/Experience Club, Reprodução e Unsplash 

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