Techfin brasileira captou US$ 108 milhões em rodada Série A no final de 2021 e abriu escritório em Singapura para expandir sua atuação na região
Fique ligado:
- Diante das limitações da infraestrutura do sistema financeiro atual, quatro executivos brasileiros criaram uma plataforma de software para o processamento de transações em nuvem pública.
- Decisão de investir em mercado na Ásia foi impulsionada por uma abertura maior para fornecedores não-locais, mais do que em outros países do mundo.
- Acordo com a OnConnect, que faz parte do maior grupo privado da China e 17o maior no ranking Forbes Global em 2022, não prevê, no entanto, expansão para a China, no curto prazo.
- Startup já atingiu 50 milhões de contas, que movimentam mensalmente mais de R$ 38 bilhões.
- No Brasil, empresa tem grandes clientes como o BTG, o Banco Itaú e a B3.
A techfin brasileira Pismo fechou uma parceria com a OnConnect, empresa do maior grupo privado da China e 17o. do mundo no ranking Forbes Global de 2022 – o Ping An Insurance Group -, para se expandir no sudeste asiático. Depois de abrir um escritório em Singapura, a startup pretende agora avançar na região pelas Filipinas.
“Trouxemos um CEO Global para nossa expansão internacional (Vishal Dalal), que veio da McKinsey com experiência nos mercados asiático, europeu e americano, além do africano. Esse problema de processamento de serviços financeiros que vemos no Brasil e na América Latina é global. Adicionalmente, os protocolos, pelo menos no Ocidente, são internacionais e padronizados. A Ásia está passando por um processo de transformação, há muitas oportunidades e uma abertura maior para fornecedores não-locais, muito mais do que em outros países do mundo”, diz o CEO no Brasil, Ricardo Josua.
Fundada em 2016 por quatro executivos brasileiros que trabalharam juntos por 15 anos no mercado financeiro – Ricardo Josua, Daniela Binatti, Juliana Motta e Marcelo Parise – a Pismo oferece uma plataforma de software para o processamento de transações financeiras em nuvem pública. Entre os produtos no portfólio estão carteiras digitais, contas bancárias, emissão de cartões (crédito, débito e pré-pago), gestão de vendedores para marketplace e controle de ativos financeiros.
A ideia do negócio veio de Daniela Binatti, atual CTO da Pismo, que conhecia profundamente as limitações da infraestrutura do sistema financeiro frente às necessidades de transformação digital atuais. “Estimativas indicam que 80% dos sistemas ainda são escritos em Cobol, rodando em estruturas com tecnologia de 1980. Um exemplo prático disso: quando você visualiza em uma fatura o nome da transação cortado, isso é uma limitação do sistema de origem, já que havia uma restrição da quantidade de dados que podia ser trafegada à época por telefonia fixa”, conta Josua.
Com solução em nuvem, a startup vêm se expandindo em ritmo acelerado. Entre os grandes clientes no Brasil, a startup já conta com nomes como BTG, Banco Itaú e B3. Mas atua também internacionalmente, com em escritórios no Reino Unido, Estados Unidos e Singapura, além da sede em São Paulo. Globalmente, soma 50 milhões de contas, que movimentam mensalmente mais de R$ 38 bilhões. Este ano, o crescimento já é de 61% em relação ao fim de 2021, diz o executivo.
Veja a seguir os principais destaques da entrevista à [EXP]:
Por que o sudeste asiático?
“Trouxemos um CEO Global para nossa expansão internacional (Vishal Dalal), que veio da McKinsey com experiência nos mercados asiático, europeu e americano, além do africano. Esse problema de processamento de serviços financeiros que vemos no Brasil e na América Latina é global. Adicionalmente, os protocolos, pelo menos no Ocidente, são internacionais e padronizados. A Ásia está passando por um processo de transformação, há muitas oportunidades e uma abertura maior para fornecedores não-locais, muito mais do que em outros países do mundo.”
Grupo Ping An e China
“O acordo firmado com a OnConnect, do Grupo Ping An, é apenas para atuação no sudeste asiático. No curto prazo, não devemos expandir a parceria para a China. Ainda há alguns desafios culturais e mesmo tecnológicos a serem vencidos. Hoje, por exemplo, trabalhamos com nuvens americanas e para entrar na China teríamos que migrar nossos serviços para a AliCloud. Interesse e ambição pelo país nós temos, mas o pragmatismo também é alto. Já temos um belo desafio pela frente com a expansão que se inicia na região.”
Primeiras impressões do mercado asiático
“Estamos trabalhando com uma organização que tem 1,5 milhão de colaboradores. Uma escala impressionante, mesmo para os padrões do Brasil, que é um país continental. Nossas primeiras percepções são as de que as equipes são extremamente diligentes e intensas no trabalho, mostram um comprometimento altíssimo e têm um nível de energia excepcional. O projeto já começou com uma intensidade grande, as pessoas não fazem as coisas pela metade aqui.”
Próximos passos
“Nosso foco é entregar essa expansão internacional. Fechamos clientes no Reino Unido, na Ásia e na Índia e temos um trabalho importante pela frente para consolidar nossa marca nestes locais. No longo prazo, queremos ampliar nossa oferta, já que tudo o que fazemos ainda é limitado pelas convenções antigas dos sistemas financeiros. Sem essas limitações, estamos preparados para fazer muito mais.”
Futuro do Mercado Financeiro
“Conseguimos ver algumas tendências universais se configurando, como maior controle do processo e visibilidade para o usuário e transações 100% em tempo real. Quando falamos em cartão de crédito, a autorização da compra é feita em tempo real, mas a transação por trás disso não é. Ela só vai ser processada até 24h depois. A grande mudança vai acontecer quando atualizarmos a infraestrutura dos sistemas financeiros. Redes locais vão desafiar as redes globais para a eficiência do processo. As soluções Open Finance ainda estão em estágio preliminar e, por fim, o acesso mais irrestrito da mobilidade vai mudar o mercado.”
Imagem: Divulgação/Freepik.
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