A captação, o processamento e o uso massivo de dados sobre o comportamento dos clientes estão no coração da transformação digital. É o que permite que as empresas sejam capazes de identificar rapidamente novas tendências de mercado e se antecipar a concorrência no desenvolvimento de novos produtos e serviços. Isso, contudo, exige mudanças culturais profundas, como a delegação de maior poder de decisão a quem está na ponta, na operação, avaliando os dados e ouvindo os consumidores. E também a disposição para testar talentos em posições diferentes das para as quais foram treinados.
Essas foram algumas das principais conclusões do debate online promovido pelo Experience Lab Nordeste, na noite de quinta-feira, dia 11 de março, com o tema Data Driven World (Clique aqui e assista ao debate na íntegra). Os convidados principais foram Carlos Alves, CTO da Riachuelo e diretor de inovação e tecnologia do Grupo Guararapes, responsável pela operação de um dos maiores varejos de moda no Brasil, e Rafael Forte, CEO da VTEX Brasil, líder em tecnologia para o varejo.
Segundo Alves, para que uma empresa orientada a dados funcione de fato, é preciso que os gestores tenham consciência de que o que os dados dizem normalmente é mais importante que a impressão pessoal que um executivo, em cargo mais alto da hierarquia, possa ter sobre determinado assunto.
Para Forte, da VTEX, além disso, torna-se muito importante ter, em todas as áreas da empresa, pessoas com habilidades matemáticas e tecnológicas. Mesmo onde isso, a princípio, possa não parecer fazer muito sentido. “Você pode descobrir coisas fantásticas colocando alguém de marketing em logística. Ou do RH no financeiro”, diz.
Apresentado e moderado pelo CEO do Experience Club Nordeste, André Farias, o evento teve como patrocinadores Master: Tableu e Sysdesign, e patrocínio da Abacus Capital Advisors e Acredite.
Confira os principais insights do Lab :
Carlos Alves – Riachuelo
1- “O mais importante é as pessoas estarem determinadas a pensar fora da caixa. A tecnologia só facilitar esse processo”.
2- “A pandemia trouxe uma grande lição. As pessoas todas queriam a transformação, porque não tinham opção. A tecnologia ajudou a tangibilizar as mudanças.”
3- “A gente vive um momento de entendimento e maturidade sobre a importância do Data Driven nas empresas, quando bem aplicada”
4- “A construção de toda a estrutura para uma gestão orientada a dados começa com as pessoas”.
5- “A cultura orientada a dados tem, sim, uma dificuldade técnica, porque você precisa ter toda a tecnologia para permitir que isso aconteça”.
6- “A tecnologia é mais bem implantada de acordo com o equilíbrio entre esses três elementos: tempo, dinheiro e pessoas.”
7- “Potencialmente, os dados são mais importantes que a hierarquia tradicional”
8- “A partir do momento em que o diretor empodera os times para que tomem decisões a partir de insights e percepções baseadas nos dados, perde o poder de tomar decisões autocráticas e priorizar as coisas pelo seu feeling. E uma das questões que se coloca é como fazer isso sem mexer com a vaidade?”
9- “Se você quer construir uma empresa orientada a dados, precisa se desprender de alguns valores que eram de empresas muito orientadas por decisões embasadas em percepções pessoais”.
10- “A cultura da transformação tem que nascer do presidente”.
Rafael Forte – VTEX
1- “O mundo mudou. Hoje, uma loja, quando abre de manhã, mesmo sem clientes lá dentro, já está fazendo vendas. Porque o vendedor já está recebendo no site informações sobre o que vender e para quem vender ativamente”.
2- “Todo mundo já ouviu aquela frase: eu acredito em Deus, mas para todo o resto me traga dados.”
3- “A cultura sobre dados começa top down, porque é preciso que a direção patrocine a iniciativa. Mas é maior. Tem que se perpetuar, independente da mudança de comando”.
4- “Você pode ter dados descentralizados, captados de determinadas fontes. Mas em um determinado momento, precisa reuni-los para ter uma visão unificada da verdade”.
5- “Em uma cultura voltada a dados, é importante que toda e qualquer área da empresa você tenha pessoas com habilidades em matemática e tecnologia”.
6- “Quando você tem pessoas com formações diferentes, em diferentes áreas, e todos têm habilidades matemáticas e entendem a cultura da companhia, começa a receber informações com pontos de vista diferentes, e isso faz muita diferença”.
7- “Na hora de contratar, não importa muito a área de origem do profissional. O que importa é que tenha uma grande habilidade matemática e capacidade cognitiva”.
8- “Traga pessoas boas para dentro da companhia. Mesmo que você não saiba o que elas farão”.
9- “Alguns CEOs me perguntam: o que faço para a minha empresa crescer? E eu digo: tenha menos poder. Mande menos.”
10- “Na VTEX, temos uma cultura de trazer pessoas melhores que nós. Eu tenho consciência de que a minha missão é me demitir, me tornar inútil dentro dessa companhia”.