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O que Jeff Bezos e os CEOs mais famosos do mundo têm em comum?

Ann Hiatt

Em entrevista exclusiva à EXP, Ann Hiatt, consultora de estratégia de carreiras que trabalhou ao lado do fundador da Amazon, apresenta conceitos usados por figurões das big techs – agora reunidos no livro Bet on yourserlf, que podem ser aplicados por qualquer executivo

Imagine como seria a sua carreira se, em seu primeiro emprego, você tivesse a oportunidade de acompanhar de perto os passos de Jeff Bezos, nos anos iniciais da Amazon. Essa foi a experiência que marcou a trajetória profissional de Ann Hiatt, uma veterana com 15 anos de experiência no Vale do Silício, nos Estados Unidos, que hoje presta consultoria a diversos CEOs pelo mundo. Além de Bezos, ela teve a oportunidade de trabalhar com outros executivos famosos, como Marissa Mayer (ex-CEO da Yahoo) e Eric Schmidt (ex-CEO da Alphabet/Google). Entre 2002 e 2005, Ann trabalhou com Bezos e, depois, foi para a Google, onde permaneceu por doze anos, até 2018. Toda essa experiência, aprendizados e lições junto a estes líderes estão descritas no seu livro, Bet on Yourself: Recognize, Own, and Implement Breakthrough Opportunities [Aposte em si mesmo: reconheça, possua e implemente oportunidades inovadoras, em uma tradução livre, não disponível em português]. A obra, lançada em outubro de 2021, pela editora HarperCollins, aborda conceitos de como construir uma carreira “à prova de futuro”, o modelo para desenvolver o “currículo dos sonhos” e por que devemos evitar a zona de conforto em nossas vidas. 

“Jeff inspirou a carreira que eu decidi que queria. Eu sempre me perguntava: estou aprendendo o máximo possível? Estou fora da minha zona de conforto? Estou aprendendo a aplicar os estilos de liderança que admiro? Estou me esforçando para além dos meus limites?”, afirma Ann sobre sua época ao lado do fundador da Amazon. 

Confira abaixo 11 insights da entrevista com Ann, onde ela comenta sobre os principais hábitos e características de todos estes CEOs de sucesso com os quais conviveu. 

1 – Jeff Bezos como inspiração 
 
Tive muita sorte que meu primeiro emprego, logo após a universidade, foi trabalhar diretamente para Jeff Bezos, na Amazon, durante a parte mais louca de sua jornada. Foi em 2002. Trabalhei diretamente para Jeff por três anos.

Aprendi muito observando-o, observando as perguntas que fazia, o risco que corria, a maneira como reunia dados e tomava decisões.

Era um ambiente onde estávamos tentando fazer projetos para internet e comércio eletrônico que ninguém nunca tinha feito antes. Então, nesse ambiente, você começa a realmente perceber o valor de se fazer perguntas e, continuamente, sair da sua zona de conforto.

Eu vi os benefícios para o Jeff quando ele assumiu riscos muito calculados, e achei que esse seria um bom padrão para seguir na minha carreira.

Queria que minha vida fosse de aventura. Queria aprender muitas coisas, estar cercada pelos líderes que um dia gostaria de me tornar. Isso realmente contribuiu para formar essa experiência quando eu era muito jovem, pois eu tinha 22 anos quando comecei a trabalhar com ele. Jeff inspirou a carreira que eu decidi que queria.

Eu sempre me perguntava: estou aprendendo o máximo possível? Estou fora da minha zona de conforto? Estou aprendendo a aplicar os estilos de liderança que admiro? Estou me esforçando para além dos meus limites? Eu queria estar em um mercado emergente e sempre me desafiando.

Então, esse é um padrão onde você se torna future-proof (ou à prova de futuro), quando você não é complacente, e assume que a sua zona de conforto não é um espaço seguro, que a zona de conforto rouba a nossa alegria real, porque a alegria vem de estar fora dessa zona de conforto. Trabalhar para Jeff me inspirou a pensar além e a sempre me esforçar. 

2 – Crie o currículo dos seus sonhos 

Um dos destaques do meu modelo é o que eu chamo de currículo dos seus sonhos. Esse conceito não é sobre os títulos que você quer ter, ou as corporações para as quais você quer trabalhar, ou o quão experiente você é. Para mim, o currículo dos seus sonhos é muito centrado no que lhe traz satisfação real a longo prazo.

Nenhuma carreira é realmente future-proof se você é infeliz. Se você for infeliz, você vai se esgotar, você não vai performar o que é capaz, e você ficará muito infeliz. E ser infeliz não é sustentável.

Os seres humanos são feitos para serem alegres, por isso precisamos focar nossa carreira no que realmente está alinhado com nossos valores e nossas paixões, então teremos alegria com nosso trabalho. Quando você encontra isso, eu chamo isso de sua estrela guia. 

3 – Engenharia reversa 

Quando você sabe para onde está indo, pode fazer engenharia reversa em três categorias diferentes.

Primeiro: o que você quer aprender? O meu currículo dos sonhos que escrevi para mim quando tinha 22 anos é tudo o que eu queria aprender. Eu queria me tornar uma especialista em negócios internacionais em e-commerce, na maneira como os governos afetam a evolução da tecnologia, como a tecnologia se envolve na política. Eu queria entender como todos esses sistemas complexos estão interligados.

A segunda coisa mais importante é: com quem eu quero ter essa experiência? Com quem quero compartilhar meu dia? Quem eu quero me tornar? Então, eu procurei as pessoas que eu mais respeitava, que são muito inteligentes, muito criativas, insaciavelmente curiosas e que eram humildes.

Essas pessoas se cercaram de gente que desafiava suas ideias, em vez de ficar próximo de quem só ri das suas piadas, sejam elas engraçadas ou não. E, a partir disso, depois desses dois passos, eu criei meu mentor, o Avatar, que é alguém que está fazendo agora o que eu espero estar fazendo no final da minha carreira. Estas pessoas estão falando com autoridade no palco que eu quero falar, em torno de conversas que eu quero ter, eles estão escrevendo os livros que espero escrever.

A partir disso, posso fazer engenharia reversa e olhar para os estágios iniciais de suas carreiras. Como essas pessoas se qualificam? O que eles estudam? Quem eram seus amigos? Quais eram os seus grupos de convivência? Como eles se desafiaram? Como eles cresceram? Que situações difíceis ou problemas enfrentaram e como superaram?

Muitos desses mentores nem sabem que eu existo. Nunca interagimos diretamente, mas acompanho a carreira deles online. Eu li sobre eles. Eu leio suas biografias, notícias e as coisas sobre essas pessoas que eu quero me tornar.

E então, eu olho em volta, para minha experiência, para os que estão no meu círculo de convivência, na minha empresa, os meus amigos, pessoas que aplicam isso, e eles estão apenas um ou dois passos à minha frente. Então, fiz perguntas de feedback sobre o meu dia a dia com estas pessoas, pois eram um pouco mais acessíveis. Eles se lembram exatamente como é estar no meu lugar, porque estão apenas alguns passos na minha frente. E essa parece ser uma boa fórmula para se manter crescendo em direção ao que lhe dá mais felicidade.

Eu não acho que a felicidade vem necessariamente de apenas avaliar oportunidades para a carreira dentro da ciência, tecnologia, engenharia e matemática, a menos que essa seja sua paixão. Se for fazer isso, que está em alta, eu também não me basearia no medo de ‘como vou competir com um robô no futuro’, ou a ‘inteligência artificial vai tirar o meu trabalho também’, pois esse tipo de preocupação não traz alegria, e isso não é future-proof. Mas se o que você quer fazer é se tornar aquela pessoa na sala que faz as perguntas inteligentes, isso é resultado de trabalho muito, muito duro.

Isso é inesquecível e está proporcionando soluções criativas para mim. Essa é a fórmula para criar uma carreira future-proof

4 – Lições do livro Bet on Youself 

Meu livro, chamado Bet on Yourself, pode ser lido como uma história, porque fala sobre como eu fui contratada para trabalhar para o Jeff Bezos aos 22 anos, assim que eu saí da universidade. Como foi trabalhar na Amazon e nos anos de fundação da Internet? Por que eu fiz doutorado em Berkeley e o que aprendi lá e como tudo isso me preparou para os 12 anos que passei no Google? E, então, como converti todas essas lições aprendidas no que agora ofereço aos meus clientes CEO globais?

É uma história dessa jornada. Mas, mais importante para mim do que minha história, que é interessante e tem todos os tipos de personagens de celebridades, o mais importante para mim é que acho que há uma fórmula que é replicável para qualquer pessoa, em qualquer estágio da sua carreira, ou de qualquer área.

Existe uma fórmula que se aplica a você, sobre como você cria oportunidades para si mesmo quando, para outras pessoas, essa oportunidade parece limitada. Eu chamo isso de como você projeta serendipidade (“a sorte de quem procura”), quando você sabe para onde quer ir, você pode ver oportunidades mesmo quando elas são muito, muito pequenas, e passam despercebidas por outras pessoas; você sabe para quais projetos você quer se voluntariar no trabalho; quais desafios você quer para si mesmo, qual educação deve procurar e quais mentores você precisa se cercar para criar essas oportunidades.

Outro grande tema do livro é saber onde correr grandes riscos, não ter medo do fracasso ou, mais importante, usar esses momentos de fracasso para aprender o máximo possível. 

5 – Sair da zona de conforto é um bom negócio 

O que eu realmente quero é que as pessoas vejam que sair da sua zona de conforto vai dar muito resultado. Não deveria ser algo temido. Deve ser algo que você busca em sua vida.

Quando eu estava entrevistando candidatos no Google, e acho que entrevistei milhares de pessoas ao longo de meus doze anos lá, minha pergunta favorita nas entrevistas era: por favor, me conte sobre uma meta que você estabeleceu para si mesmo e que levou mais de um ano para ser alcançada.

Eu sempre gostei dessa pergunta porque ela me informa: você estabelece grandes desafios para si mesmo? Você tem coragem e tenacidade para seguir em frente quando fica difícil? Você pode procurar mentores quando está fazendo algo que não sabe fazer bem? Você se mantém no curso porque é tão apaixonado por um propósito que significa o suficiente para você passar madrugadas, dificuldades e tempos difíceis?

Para mim, essa é uma grande fórmula para quando você aposta em si mesmo. Se você estiver atuando em uma área alinhada com suas paixões, terá muito sucesso.

Então, eu peguei esses padrões de como os CEOs com os quais trabalhei fizeram isso. Jeff Bezos teve uma carreira de muito sucesso como gestor de fundos de hedge (fundos de cobertura) em Nova York. Ele estava ganhando muito dinheiro, foi promovido, tinha todos os indicadores de sucesso. Mas ele apostou em si mesmo e largou a carreira para abrir a Amazon, na garagem de uma casa alugada. Passou de um escritório chique, com toda a assistência, para empacotar caixas sozinho em sua garagem, pois estava fazendo uma aposta. Eu o vi fazer isso, e eu vi Eric Schmidt fazer o mesmo como CEO do Google, levando o acesso online para um bilhão de pessoas. Eu observei seus padrões e repliquei em mim mesma, de uma maneira que qualquer um pode, então essas são as lições ilustradas no livro.

6 – Características dos CEOs de sucesso 

Uma das perguntas que mais me fazem é quais são as características ou hábitos comuns desses vários CEOs famosos de sucesso para os quais trabalhei. Há vários temas comuns para mim, e acho que alguns deles surpreendem as pessoas. Não é o que você espera.

Para mim, a primeira coisa que penso é que essas pessoas possuem uma curiosidade insaciável. Estão sempre aprendendo. Eles buscam ter experiências que nunca tiveram antes, leem livros sobre temas em que são totalmente novatos, vivem dizendo que se você é a pessoa mais inteligente da sala, está na sala errada. Agora esse nível é muito, muito alto para eles. Mas eles estão sempre se esforçando para sair da zona de conforto, lendo grandes quantidades de informações. Estão abertos ao desafio das suas ideias.

Isso traz à tona a segunda coisa que eu acho que é mais comum entre eles: são humildes. Quando você vê Jeff Bezos como o homem mais rico do mundo, você pode não supor que uma de suas qualidades mais fortes é sua humildade. Mas, na minha experiência, esse foi o segredo do seu sucesso. 

7 – The Shadow: cargo criado por Bezos

Quando eu comecei a trabalhar para Jeff, em 2002, ele tinha acabado de criar um cargo na empresa chamado The Shadow (A Sombra), ocupado por um jovem executivo, que era muito inteligente e promissor, que Jeff pediu para entrar em sua equipe.

Esse The Shadow estava em todas as reuniões com ele, copiado em todos os e-mails, em todos os voos, para que essa pessoa pudesse se tornar um parceiro intelectual para o Jeff. O trabalho dessa pessoa era ter certeza de que eles estavam esmiuçando todas as suas ideias, questionando-as: podemos olhar por um ângulo diferente? Podemos mudar o status quo? Como pensamos em todas as soluções possíveis?

Era necessário ter um parceiro para debates que tivesse todo o contexto do que ele estava tentando resolver. Jeff queria alguém cujo trabalho em tempo integral fosse questioná-lo e garantir que ele fosse realmente honesto. E essa sombra foi o Andy Jassy (que está na Amazon desde 2003 e criou a Amazon Web Services – AWS), e que agora é o novo CEO da Amazon.

O Jeff fez a transição para presidente do conselho da empresa, e o Jassy tem os instintos e sabe quais perguntas Jeff faria, o que ele gostaria, o que ele não gostaria, com uma visão de tudo.

Jassy implementou isso na criação da AWS, que, sozinha, é uma empresa multibilionária. Portanto, Jassy não apenas aprendeu como aluno, como replicou em uma nova entidade, a transformou na parte mais bem-sucedida da Amazon, e agora está preparado para ser o sucessor de Jeff.

Então, eu acho que a segunda qualidade, da humildade, é essencial não só para o sucesso de Jeff naqueles primeiros anos, mas para o sucesso da empresa como um todo, que está sempre pensando no plano de longo prazo e nunca ficou tentada por resultados de curto prazo.

Curiosidade, humildade e inteligência. Obviamente, eles são insanamente inteligentes. Eles veem avanços tecnológicos únicos e veem maneiras de resolver um problema no mundo ou no mercado de uma maneira pioneira, antes que qualquer outra pessoa o faça. São muito, muito inteligentes. Confiam em seus instintos e não têm medo de tentar algo e falhar.

Todos os CEOs famosos com os quais trabalhei tiveram grandes fracassos, mas não falamos sobre eles porque seus sucessos foram muito grandes. Mas, para se qualificar para esses grandes sucessos, eles tiveram que cometer muitos erros ao longo do caminho. Isso não é opcional. 

8 – The Shadow número 2 de Bezos 

A segunda sombra dele é Colin (Colin Bryar, que foi conselheiro técnico de Bezos). Ele acabou de publicar um livro, chamado Working Backwards: Insights, Stories, and Secrets from Inside Amazon (Trabalhando Reverso: insights, histórias e segredos de dentro da Amazon, publicado em 2021, em tradução livre, indisponível em português).

Eu recomendo, porque ele descreve como foi trabalhar como The Shadow número dois. Eu estava na Amazon e Colin aprendeu essas práticas recomendadas em que nós estávamos envolvidos, em uma época fundamental da empresa. E, agora, ele compartilha isso no livro e, honestamente, o papel da sombra é um cargo muito difícil.

Fiquei observando a maneira como eles assumiram essa tarefa, de como precisavam desafiar Jeff, antecipar seus passos e aprender a pensar como ele. Isso mudou toda a minha carreira.

Naquela parte inicial da minha carreira, eu era a pessoa menos importante na empresa. Eu tive muita sorte de estar no escritório, mas decidi observar como a sombra estava em todos os e-mails, sempre ouvindo todas as reuniões, em todos os telefonemas, lendo todos os documentos de briefing. Eu percebi que eu tinha acesso exatamente à mesma coisa como membro júnior de sua equipe. Eu podia ler todos os e-mails, ouvir todas as reuniões, antecipar as perguntas que ele faria. Eu vi o que Jeff estava lendo todas as manhãs – The New York Times, The Wall Street Journal, Seattle Times.

Então, comecei a fazer isso. Comecei a ler, reunir documentos e pesquisar no Google todos os nomes que eu não conhecia e passei a fazer a minha lição de casa. E isso mudou a maneira como eu pensava sobre mim mesma, e meu potencial de impacto naquele trabalho.

Não me via mais como a pessoa mais jovem lá, sem negócio algum, com um trabalho muito especial. Mas pensei, Ok, se Andy e Colin são as sombras e podem fazer oposição ao Jeff, eu deveria oferecer o mesmo. Então, comecei a oferecer ideias e sugestões, me voluntariando para projetos que eram muito superiores à descrição do meu trabalho. Porque eu vi que ele (Jeff) recompensaria esse comportamento. E isso mudou o caminho da minha carreira com certeza. 

9 – Marissa Mayer, uma executiva inspiradora  

Trabalhei para Marissa Mayer (ex-CEO do Yahoo) nos meus primeiros três anos no Google. Sua carreira me inspirou muito, pois ela foi a primeira mulher de sua sala, estudou ciência da computação e inteligência artificial na Universidade de Stanford. Ela foi a primeira engenheira contratada pelo Google, funcionária número 20 da empresa.

Vi como ela se inventou enquanto crescia junto com aquela jovem empresa. Criou oportunidades para si mesma, mas, mais importante do que isso, capacitou a equipe ao seu redor. Foi muito ativa junto a quem ela contratou. Incluiu talentos pouco representados na sua equipe e investiu muito em sua formação, no começo da sua carreira no Google.

As pessoas que ela contratou, especificamente, se tornaram alguns dos CEOs mais influentes do Vale do Silício. Ela tem um olho muito bom para talentos e pessoas. Investiu muito em mim e me ensinou muitos dos meus instintos de negócios.

E então, quando Marissa teve a oportunidade, ela se tornou CEO do Yahoo, sucedendo outros cinco ou seis CEOs que haviam falhado neste mesmo cargo. Não teve medo de aceitar esse desafio, que ela sabia que provavelmente não terminaria em um grand finale para transformar a empresa. Sabia que estava lá apenas porque não tinha medo do desafio e que poderia fazer algo de bom lá. Sabia que, ao assumir esse grande desafio, se tornaria a melhor líder que poderia ser. E eu realmente admiro como ela está disposta a tomar riscos. 

10 – Diversidade como diferencial  

As empresas de tecnologia, desde as suas origens, são notoriamente dominadas por homens.

No início do Google, eles tinham padrões educacionais muito rígidos. Antes de conseguir uma entrevista, você tinha que ir para as mesmas dez melhores universidades e estudar as mesmas coisas. Todos os talentos eram parecidos. Tivemos muitos homens brancos, de 20 anos, criando o futuro da tecnologia, criando a base do mundo moderno.

Fui a única mulher na sala durante a maior parte dos primeiros anos da minha carreira. Mas, depois de cerca de cinco anos, eles perceberam que isso era um grande problema. Felizmente, vi isso mudar. O Google percebeu que havia essa disparidade de gênero.

Aqueles que entraram nessa área se tornaram muito proativos e recrutaram pessoas em diferentes universidades. Havia um fluxo muito pequeno de mulheres neste caminho. Queríamos encontrar todo o talento que pudéssemos, criar um fluxo para mulheres e garotas, ajudando-as a vislumbrar uma carreira em tecnologia, apoiando-as e incentivando-as a codificar, a gamificar, envolvendo-as em videogames, que são um canal para muitos desses programadores. Criamos ambientes amigáveis ​​onde as mulheres se vissem empoderadas e representadas. 

11 – Desafios para empreender no Brasil 

Acho muito importante pensar nas distinções, no desafio que é enfrentado de forma única por empreendedores de países em desenvolvimento.

A maior parte da minha experiência é nos Estados Unidos e na Europa. Mas acho que há alguns desafios que talvez possam ser transformados em vantagens.

Você precisa pensar globalmente desde o primeiro dia, precisa pensar em vários idiomas. O português é uma das principais línguas no mundo e você pode conquistar muitos usuários rapidamente. Mas precisa pensar o mais cedo possível sobre a globalização, muito antes do empresário americano. Dá muito trabalho conseguir alguma tração. Mas você já está antecipando essas necessidades para os seus potenciais usuários.

Outros desafios são as diferentes oportunidades de investimento. Vejo isso mudando no Brasil, em particular, agora. Há mais pessoas inclinadas a criar comunidades de startups, a criar pools de investimentos que realmente apoiam. É um desafio muito diferente do que é para os americanos. Se você tem uma ideia realmente boa, nos Estados Undios, pode obter um alto financiamento apenas com o conceito, enquanto nos países em desenvolvimento, você realmente precisa ter uma prova de conceito, ter usuários e dados apoiando para conseguir investimento. É uma desvantagem para decolar logo no primeiro ano. Mas você já se aprimorou exatamente no que deseja entregar e sabe como o mercado está respondendo a isso.

O terceiro desafio é o sistema educacional. O que realmente precisamos é ver os governos investindo em educação e apoiando comunidades empreendedoras em uma escala muito maior. Gostaria de ver no mundo em desenvolvimento lideranças realmente financiando mentes brilhantes e dando-lhes oportunidades para evoluir com as suas soluções. 

Texto: Ana Letícia da Rosa

Fotos: divulgação

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