Saiba mais sobre o assunto na Experience TV em entrevista com Léo Xavier, CEO da Pontomobi.
Tirar dúvidas, consultar a previsão do tempo ou encontrar rotas e restaurantes já são comandos mais comuns no uso dos assistentes de voz dos smartphones. Mas conforme os usuários vão se acostumando à tecnologia e se sentindo mais confortáveis em “conversar” com uma máquina, uma nova barreira vem sendo quebrada: a das compras. Um estudo da Voicebot.AI, central de mídia especializada em dados e pesquisas na área, mostra que, nos Estados Unidos, pesquisar produtos para compras já figura em quarto lugar em relação ao uso dos assistente de voz.
A participação ainda é pequena, de acordo com especialistas do setor, mas a tendência de crescimento do voice commerce é rápida. E lucrativa. A expectativa é de que, até 2023, US$80 bilhões serão comercializados via voice commerce ao ano, de acordo com estudo da Juniper Networks, multinacional de TI e soluções para redes e cibersegurança. O levantamento também aponta que já existem mais de 3 bilhões de smart assistants no mundo e até 2023, serão mais de 8 bilhões. Ou seja, US$ 10 de compras por assistente de voz no planeta.
“Não temos números oficiais, mas baseado em projeções, a participação (do voice commerce) é por volta de 3% das vendas do e-commerce. Mas sabemos que o número de smart assistants e de smart speakers está crescendo exponencialmente”, comenta Rodrigo Martucci, CEO da Nação Digital, uma das principais agências de inbound commerce do Brasil.
Não é à toa que o setor vem ganhando players de peso. O segmento é dominado pela Amazon, que possui seu próprio dispositivo de compras por voz (o Echo), com controle, até então, de quase 65% dos dispositivos inteligentes nos EUA, segundo pesquisa da Voicebot.AI. Google Home tem 20% do mercado e Apple, 4,5%.
Mas a parceria entre o Google e o Walmart, iniciada em 2017 e lançada oficialmente em abril deste ano, aumenta a influência de ambas no meio e acirra a disputa no setor.
“Os resultados tendem a ser extremamente saudáveis em um contexto de competitividade pela melhor experiência de compra, além do dueto produto e preço”.[autor]Edmar Bulla, CEO e fundador do Grupo Croma, que oferece design de soluções para inovação em negócios.[/autor]
A chegada e disseminação da internet 5G também promete impactar o setor. “O 5G apresentará conexões móveis 100 vezes mais rápidas e facilitará gerir processos que requerem muitas informações, em tempo real. Os dispositivos estarão muito mais conectados, apontando a falta de algum produto e facilitando as novas compras”, reforça Bulla.
De acordo dom Rodrigo Martucci, a velocidade das conexões é um fator importante na hora da compra, mas não é a maior barreira para o uso. “A cultura de comprar pelo celular, problemas de segurança e despreparo das lojas virtuais para serem mais rápidas são alguns fatores que devemos focar”, destaca.
A oferta de produtos também é um desafio para o voice commerce. Atualmente, os itens oferecidos estão focados em FMCG (fast moving consumer goods), que são itens de supermercados ou produtos de giro rápido. Um dos assuntos no debate do voice commerce gira em torno de compras mais complexas.
“É muito natural pedir para o Google repor a sua compra de fraldas da semana, não tem decisão envolvida, é simples. Mas pensar em um novo sofá para a sua sala utilizando um assistente de voz fica bem mais complicado”, diz Martucci. Ele acredita que, em alguns anos, uma convergência de tecnologias e canais diferentes vai proporcionar um processo de compra “stress-free” para os consumidores, com o uso de displays que poderão ser usados para confirmação do produto, ou até para visualizá-lo dentro de casa.
Vozes do Brasil
O mercado brasileiro ainda engatinha no voice commerce. Além do Google Assistant, apenas a Alexa, assistente de voz da Amazon (que domina o mercado global de smart speakers), tem uma versão em português que foi lançada recentemente. Já a Siri, assistente pessoal da Apple, não oferece opções para compras online no Brasil.
“Depois de vencer a barreira da linguagem, agora temos a barreira da tecnologia e integração com lojas virtuais. Como o mercado brasileiro ainda é bem pequeno em relação aos estrangeiros, a criação da infraestrutura e parcerias no Brasil tem sido bem lenta. Ainda não tivemos nenhum case de sucesso de verdade feito por aqui utilizando o voice commerce”, reforça o CEO da Nação Digital, que acredita que os avanços significativos nesta área devam acontecer em 5 anos.
“Outro ponto importante que impacta a implantação no Brasil é a segurança do usuário ao informar seus dados de cartão de crédito por voz. Sem falar, é claro, de toda a questão de infraestrutura e operações”, finaliza Edmar Bulla.
Texto: Andrea Martins
Imagens: Divulgação e Unsplash