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“Monte a sua empresa como Legos”

CEO da Money Ex, Guga Stoccos desafia executivos financeiros a repensar a estratégia de valor do negócio na era do Blockchain.

É difícil acompanhar a velocidade do pensamento de Guga Stoccos, uma das mais importantes referências em tecnologia disruptivas do mercado financeiro no Brasil. Ex-VP do Buscapé, fundador do Banco Original e agora à frente a Money EX, o empresário está mergulhado no impacto das criptocurrencies e a proliferação das fintechs na competição com o sistema bancário tradicional.

“Imagine que um banco é um gorila atacado por 500 abellhas. Por mais forte que ele seja, não está preparado para esse tipo de ameaça”, afirmou Guga, durante a apresentação “Value Web: a nova era do mundo digital”, no CFO Week, realizado pelo Experience Club nos dias 17 e 18 de maio no Sofitel Jequitimar Guarujá (SP).

O mercado, segundo ele, oferece as melhores soluções para qualquer necessidade de serviços e tecnologia financeira, dentro de um ambiente de milhares de fintechs que estão se proliferando a cada dia em todo mundo – e com muita força no Brasil também. Esperar que uma organização consiga reunir internamente a melhor qualidade em tudo é simplesmente impossível. “Um banco, ou uma empresa, precisa funcionar como se fossem conjuntos de Lego, agregando diversas soluções e partir de um model organizacional leve e rápida”, defende.

O problema é que as empresas tradicionais têm dificuldade em trabalhar com uma cultura Agile para Guga. “Por isso a Amazon é um grande case, pois funciona em núcleos de desenvolvimento pequenos, como se fossem milhares de startups trabalhando ao mesmo tempo”, destaca, citando a cultura do grupo “2 P”. Se um núcleo de colaboradores precisa de mais de duas pizzas para se alimentar, é sinal que está grande demais.

Starbucks: café ou banco?

Ainda citando a Amazon, Guga o CEO da Money Ex aponta que 67% da receita da gigante americana não vem do varejo, seu negócio principal, mas da venda de serviços de TI, subvertendo a lógica tradicional de que a infraestrutura representa custo financeiro e não lucro.

Na mesma linha, ele lembra do modelo de cartões pré-pagos da Starbucks, que nada mais é do que uma antecipação de recebíveis que já rende alguns bilhões de dólares à rede de cafeterias Starbucks. A companhia agora está eliminando filas para quem comprar antecipadamente usando o seu cartão. “Basta colocar agora uma bandeira de cartão de crédito e usar o cartão em qualquer lugar. Isso é não é um banco?”, provoca Guga, lembrando que nenhuma agência bancária tem o mesmo ambiente, o cafezinho e o serviço de wifi grátis do Starbucks.

A invasão de empresas de consumo dentro do segmento bancário está provocando efeitos extraordinários em mercado emergentes, como a China, que está simplesmente abolindo o dinheiro. Lá, Guga destaca o case do serviço We Chat, da Tencent, que permite comprar produtos e serviços diretamente pelo aplicativo. “Quem teve a oportunidade de ir à China nos últimos três ou quatro meses vai testemunhar que as pessoas estão pagando camelô e até dando esmolas com o celular. O cartão de plástico e o dinheiro acabaram”.

A revolução blockchain

De todas as transformações, o CEO da Money Ex enfatiza o papel do Blockchain como motor da era da Value Web, quando a internet passa de um protocolo de serviços para geradora de valor numa escala sem precedentes. Comprando com Uber, o blockchain permite que os múltiplos lados de qualquer transação sejam avaliados, num ambiente de abolsuta segurança.

Essa nova maneira de fazer negócios já faz com que a Initial Coin Offerings superassem, em quatro meses no ano passado, todo o volume negociado pelo venture capital tradicional. Somente neste ano, já foram movimentados US$ 6 bilhões em ICOs”, enfatiza Guga, citando a fintech OmiseGo como o primeiro “unicórnio” das criptocoins, captando mais de US$ 1 bilhão no mercado no lançamento, em 2017.

A nova tendência, diz ele, são as DAS – Descentralized Autonomous Organizations. Empresas gerenciadas totalmente através de validações pelo blockchain, sem um dono ou uma sede específica. Como uma empresa que aluga salas de coworking, por exemplo, onde todo o processo de reserva do espaço, pagamento e avaliação da qualidade do serviço é feito pelo protocolo blockchain.

Isso permite que companhias já façam a oferta direta de “tokens” (valor pré-estipulado de moeda virtual) por empresas para cotistas, num modelo de vendas virtuais que passa completamente por cima do sistema financeiro tradicional.

“Com o blockchain, você pode automatizar absolutamente tudo”.

Texto: Arnaldo Comin

Foto: Marcos Mesquita/Experience Club

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