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Startup de seguros de Miami quer talentos de tecnologia da Ucrânia

Empresa fundada pelos gêmeos Michael e Matthew Vega-Sanz levantou US$ 18 milhões em investimentos em 2021 e anunciou que vai patrocinar vistos para trabalhadores de TI da região do conflito

Os irmãos Michael e Matthew Vega-Sanz são um dos pioneiros da nova cena tech de Miami: desde 2016 eles lideram a startup Lula, que começou como uma solução de compartilhamento de carros particulares e mudou completamente o modelo de negócio um pouco antes do início da pandemia, em 2020. Hoje, a Lula atua fornecendo uma infraestrutura de seguros entre proprietários de veículos e pessoas que precisam alugar os carros.

Com a nova proposta, a insurtech captou uma rodada de US$ 18 milhões em meados do ano passado de dois fundos do Vale do Silício, o San Francisco Founders e o Khosla Ventures, para ampliar os investimentos em tecnologia e contratação de funcionários. Atualmente são cerca de 40 pessoas e há pelo menos 15 vagas abertas.

E parte destas oportunidades podem ser destinadas a profissionais de tecnologia que precisaram sair da Ucrânia desde a invasão de tropas russas, no final de fevereiro. A iniciativa surgiu assim que Michael, CEO e cofundador da Lula, leu um post no Twitter de Nikita Shamgunov, um dos sócios da Kholsa Ventures, em que este defendia a necessidade de EUA e Europa abrirem as fronteiras para trabalhadores do setor de TI da região – não apenas os refugiados ucranianos, mas os próprios russos que estão fugindo do país em função da guerra e da crise econômica. Shamgunov, por sinal, se formou em ciências da computação na Universidade de São Petersburgo, na Rússia.

Em entrevista ao Miami Inno, o CEO e cofundador Michael Vega-Sanz, afirmou que a empresa começará a patrocinar vistos de trabalho para os talentos tecnológicos ucranianos e russos. “Estou finalmente em condições de ajudar e uma das melhores maneiras de fazer isso é dar às pessoas uma maneira de escapar da situação atual. Se eu puder ajudar de forma significativa, quero fazê-lo”, afirmou.

Em princípio, a Lula pretende pagar por green cards e vistos para engenheiros de software, desenvolvedores, designers gráficos e UX designers vindos da região do conflito. Somente na Ucrânia, há cerca de 220 mil profissionais atuando no setor — de acordo com Vega-Sanz, alguns empreendedores de tecnologia interessados em tomar uma iniciativa semelhante já enviaram mensagens a ele.

Há outro importante fator que pesou na decisão: os irmãos Vega-Sanz são filhos de imigrantes cubanos e porto-riquenhos que aportaram em Miami, cidade em que nasceram os gêmeos, há 26 anos. “Pensei nas crianças, nos pais, nos avós na Ucrânia diante da perspectiva de guerra, e isso lembrou minha própria família porque eles enfrentaram algo semelhante no passado”, disse.

Demanda por seguro na locação levou a mudança de rumos

A Lula começou de maneira despretensiosa. Ou melhor, com uma pretensão: alugar um carro no campus da Babson College (Massassuchetts), que os irmãos frequentavam graças a bolsas de estudo, para comprar uma pizza. “Não tínhamos condições”, disse Michael ao Tech Crunch, “então eu pensei, que seria legal ter um app me permitisse alugar o carro de outro estudante. E por que não desenvolver um desses”?  A ideia deu certo: em apenas oito dias, o aplicativo foi um dos mais baixados da Apple Store e, após um ano, já tinham carros disponíveis em mais de 500 campi nos Estados Unidos. O boom da solução fez os irmãos deixaram a faculdade.

Mas, no início de 2020, um insight fez a startup mudar de rumos: em vez de ser apenas um programa de compartilhamento de carros para estudantes, os sócios entenderam que seria preciso explorar o mercado de seguro para locações. “Precisávamos ter certeza de que havia cobertura de seguro em cada locação. Fomos a 47 seguradoras e todas nos rejeitaram. Então, desenvolvemos nossas próprias metodologias de contratação e tivemos a menor taxa de incidentes do setor”, explicou Michael.

Em meados daquele ano, já sob a pandemia de Covid, eles apresentaram o protótipo de um plataforma de integração (API) de infraestrutura de seguros. “As empresas não precisariam mais construir sistemas ou ferramentas de seguros internos, nem lidar com corretores para obter cobertura”, diz o CEO.

Desde o lançamento, a Lula vem crescendo em média a uma taxa de 30% ao mês, com serviços como controle de clientes, detecção de fraudes, verificação do histórico do motorista e gerenciamento de apólices por meio de parceiros seguradores.

Para Delian Asparouhov, líder do Founders Fund, ainda que o mercado de seguros não seja dos mais inovadores, o modelo de negócio da Lula casa com o lifestyle das novas gerações. “Crescemos em um mundo de economia compartilhada, onde aplicações como Uber, GetAround e Airbnb nos permitiram utilizar ativos em vez de comprá-los diretamente. Os agentes de seguro ainda não sabem como explorar este modelo de plataformas que permitem uma compra instantânea – e a Lula está combinando estes dois fatores em uma abordagem única”, define o investidor.

Foto: divulgação

Texto: Fabrício Umpierres

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