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Inflação e juros: a preocupação das startups

Após dois anos voando com o vento a favor, as startups agora começam a sentir os efeitos da piora do cenário macroeconômico no Brasil e no exterior. Com a tendência de alta da inflação e juros em vários países do mundo, os investimentos em empresas em fase inicial tendem a diminuiraponta reportagem do Estadão.

Segundo levantamento feito pela consultoria americana Carta, os valores dos aportes realizados entre janeiro e fevereiro tiveram redução média de 26% em relação ao ano passado. 

“O mercado está se ajustando e é uma mudança de cima para baixo. Como as empresas mais maduras estão sendo impactadas, o restante do mercado também será”, diz Laura Constantini, da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP). A especialista acredita que os valores investidos devem cair mais nos próximos meses.

Apesar do cenário mais negativo, a possibilidade de uma bolha no mercado de startups é afastada por especialistas, que enxergam muita oferta de empresas inovadoras. Um apetite menor por parte dos investidores, porém, não está afastado. “Dado todo o contexto nacional e internacional, podemos ver impactos nos aportes ao longo do ano”, afirma Tiago Ávila, analista do Distrito.

Apostando em orgânicos, Diferente recebe aporte

Cenário mais complicado à parte, as startups brasileiras continuam recebendo aportes. Ontem foi a vez da Diferente – fundada há apenas três meses – anunciar um investimento de US$ 4,4 milhões. A rodada foi liderada pela Maya Capital e teve participação de GFC e Caravela.

A empresa tem um negócio de alto impacto social, pois aproveita alimentos que seriam descartados para compor as cestas de produtos de seus clientes. Eles assinam pacotes (semanal, quinzenal ou mensal) de hortaliças e frutas orgânicas, compostos por até 50% de alimentos que seriam jogados fora por não atenderem aos padrões estéticos do varejo. 

A promessa do serviço é a de entregar alimentos mais saudáveis por preços até 40% mais baixos – parte da economia está no fato de que a startup consegue valores mais baixos junto aos produtores por negociar o descarte. Além de negociar os orgânicos diretamente com produtores, a Diferente usa algoritmos de predição para oferecer cestas que atendam o gosto do consumidor. 

Para tornar a promessa realidade, a Diferente tem um time de fundadores experientes, com ex-executivos de unicórnios. São eles Saulo Marti (ex-Olist), Paulo Monçores (ex-VTex) e Walter Rodrigues (ex-Rappi). O quarto nome é o de Eduardo Petrelli, cofundador do James Delivery, app de entregas comprado pelo Grupo Pão de Açúcar em 2018.

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Nome tradicional do segmento de moda no Brasil, a Arezzo acaba de selecionar as três primeiras startups de seu programa de incubaçãoinforma o Neofeed. Lançada neste ano com um investimento de R$ 5 milhões, a incubadora funciona como uma espécie de estágio para novas empresas de tecnologia. 

As companhias selecionadas nesta primeira fase são Abbiamo, que atua na logística com foco na experiência de entrega ao consumidor; Easypro, voltada para soluções em software para produtividade; e Growdev, startup de tecnologia focada na formação de profissionais para o mercado de produtos digitais. A expectativa é de que as incubadas desenvolvam serviços que possam gerar aumento de receita, redução de custos e até novos modelos de negócios.

Durante o processo de seleção, a Arezzo avaliou 25 startups, mas selecionou apenas três para dar mais atenção aos negócios. A tendência é de que, a partir de novembro deste ano, o programa seja escalado para abranger um número maior de startups. “Queremos chegar em até oito empresas”, afirma ao Neofeed Maurício Bastos, diretor de operações digitais da companhia.

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