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“Dificilmente um supercomputador será capaz de simular a complexidade do cérebro humano”

A aceleração das tecnologias exponenciais como AI, machine learning e biotech nos colocam diante de possibilidades de um futuro em que já podemos vislumbrar uma extensão da vida e a convivência lado a lado com supercomputadores. No entanto, qual é o limiar entre essa relação homem-máquina? Quais questões éticas estão postas? Até que ponto a tecnologia em nuvem está avançada e o uso de plataformas abertas e de colaboração virá ao encontro de soluções que nos ajudarão a resolver os grandes problemas da humanidade. 

Para esta discussão, o Experience Club convidou Dante Freitas, founder da Gravidade Zero, Edgard Morya, coordenador de pesquisas no Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra, e Gilson Magalhães, Country Manager da Red Hat para participar da Live (assista na íntegra) Human + Machine: as novas fronteiras entre dados, pessoas e tecnologias, que aconteceu nesta quinta-feira, 15/10, com a moderação de Ricardo Natale, CEO do Experience Club. Este episódio contou com o patrocínio de Aon e Vivo Empresas.

Confira os principais insights do debate. 

Edgard Morya –  Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra

1- “O cérebro humano pode processar um mesmo estímulo de forma diferente, dependendo o dia e do contexto. Portanto, é muito improvável que um supercomputador possa simular essa complexidade que é o cérebro humano” 

2- “Os supercomputadores são fantásticos, pois são capazes de simular alguns circuitos que podem liberar os humanos de tarefas simples” 

3- Não se trata de uma competição entre homens e máquinas. Mas sim de termos supercomputadores e o cérebro trabalhando em cooperação” 

4- “Um supercomputador pode ser capaz de fazer trilhões de processamentos por segundo. Pode simular algumas funções nervosas, mas o faz de maneira binária, o que exclui as nuances” 

5- “É possível pensarmos em um download de nossos cérebros. Isso quer dizer que podemos registrar a atividade cerebral em determinado momento. Mas não há implicações de contexto, nem das experiências que nosso cérebro reflete” 

6- “Já existe um tratamento para Parkinson em que acoplamos eletrodos ao cérebro e o paciente pode recuperar o controle do movimento. Mas se esta mesma área do cérebro for estimulada, podemos mudar o comportamento de uma pessoa. É nisso que implica a discussão ética” 

7- “O pesquisador e os estudantes de engenharia precisam mudar a forma de pensar. Hoje, um engenheiro precisa considerar outras áreas como a saúde. Assim como os profissionais de saúde, precisam considerar a engenharia” 

8 – “Precisamos quebrar as barreiras que a segmentação nos impõe. Não dá mais para pensarmos de forma separada em empresa, academia, indústria e pessoas” 

9- “As pessoas precisam ter mais ciência sobre os seus dados na nuvem, pois tecnicamente é possível obter esses dados para manipula-los. Temos que gerar know how para prever problemas de segurança e ter discussões mais sérias, sair do campo das divagações” 

10-  “Hoje, com 100 reais um estudante pode criar dispositivos e interfaces cérebro-máquina. Por isso, o investimento nos jovens vai possibilitar um acesso mais amplo às tecnologias” 

11- “A pandemia nos forçou a sair da rede de conforto e buscar novas formas de interações e engajamento entre professor-aluno” 

12- “A informação está disponível na palma da mão. Agora, como um estudante vai usá-la para transformar a sociedade e resolver problemas é o que importa”

Gilson Magalhães – Red Hat 

1- “Embora, a regulação avance lentamente e não exponencialmente como as tecnologias, a implementação da LGPD é indispensável”  

2-  “Para avançar é preciso trabalhar em cooperação e de forma aberta. São os inputs de várias cabeças pensantes que vão te levar além” 

3- “Inovação é sobre entender o processo e transformá-lo agregando valor. Não adianta criar laboratórios de inovação em bolhas. É como tomar uma aspirina para tratar uma doença grave” 

4- “Transformação digital não é sobre simplesmente mudar as coisas de lugar. É sobre mudar para criar incômodo, desconforto. E a coisa mais difícil é transformar o ser humano que vive em um modus operandi acomodado” 

5- “Estamos apontando para um futuro de inovação acelerada. Mas, será que a psique humana está preparada para este salto exponencial?” 

6- “Há uma nuvem escura que paira sobre o uso das tecnologias mais avançadas. Talvez toda a aceleração das tecnologias precise passar pela etapa de rever quem nós somos de fato” 

7- “O primeiro fenômeno foi a chegada da internet. Depois, veio o smartphone, que mudou a escala em termos de geração de dados. O cloud é uma reação a tudo isso”

8- “A TI viveu 40 anos no porão e agora subiu as escadas e vive um momento de protagonismo, podendo fazer a diferença”

Dante Freitas – Gravidade Zero 

1- “Em uma conversa com Amin Toufani, tivemos um insight de que umas das próximas disrupções se dará num campo mais sutil, que é o da renúncia da mente” 

2- “Podemos até olhar para o digital como uma extensão do real. Mas as experiências são únicas e singulares, são caminhos e pistas complementares.  Portanto, o nosso ‘digital twin’ não é exatamente uma réplica” 

3- “Os sistemas open source abre um caminho importante para a construção da coletividade. Nós ainda não vivemos verdadeiros ecossistemas de colaboração, mas sim ‘egosistemas’.” 

4- “Se não abrirmos o diálogo e não construirmos as relações com tempo, se continuarmos encurtando caminhos pela objetividade e pragmatismo, é possível cairmos num futuro distópico” 

5- “O homo sapiens é o chimpanzé nessa nova era. Creio que viveremos este novo século pautados no estudo do sentir. Neste aspecto, estamos sendo alfabetizados ainda” 

6- “Estamos vivendo o fim da era do homo sapiens pautado pelo intelecto. Agora, devemos nos debruçar em explorar nossa inteligência do coração” 

7- “Me parece mais plausível acreditar em nave espacial do que as máquinas um dia alcançarem as nuances da percepção humana” 

8- “Se não gerarmos seres humanos autônomos, talvez a gente caia num cenário distópico” 

9- “As tecnologias são manifestações de uma inteligência nativa humana. Quer mais complexidade do que gerar um outro ser humano?” 

10- “A inteligência coletiva que imputa dados poderia gerar uma superinteligência artificial” 

11- “A AI nos ajuda no processamento de dados e informações e no processo de aprendizagem. Mas, a capacidade de perceber e nos relacionar é o que nos diferencia das máquinas”

12- “Problemas complexos não podem ser solucionados de forma isolada. É preciso uma rede de saberes e habilidades atuando em conjunto e nisso a tecnologia pode nos ajudar, a encurtar distâncias”

13- “A transformação existencial sempre nos acompanhou, mas ela está mais latente na transição que vivemos para uma nova era”

Texto: Luana Dalmolin

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