Criada por um trio de colombianos durante a pandemia, a OnTop expandiu equipe em mais de 900% em um ano com solução que ajuda empresas a contratar, pagar e gerenciar profissionais em outros países
Fique ligado:
- A demanda por talentos espalhados pelo mundo e os entraves para movimentação de dinheiro entre os países impulsionou negócio de startup focado em solução para gerenciar contratos, impostos e documentos.
- Apelo da tecnologia logo chamou a atenção de aceleradoras, como a Y Combinator, e de fundos de investimentos para a pavimentação de crescimento nos Estados Unidos, de onde, hoje, vem mais da metade do faturamento da empresa.
- Organização de natureza remota, a Ontop ocupa atualmente alguns escritórios no WeWork Brickell City Centre, sem obrigação de trabalho presencial.
A demanda global de empresas, especialmente no setor de tecnologia, por talentos de quaisquer regiões, foi o gatilho para que três empreendedores de Bogotá (Colômbia), criassem uma startup para tentar resolver toda burocracia e os processos que envolvem contratações e pagamentos internacionais.
A OnTop, iniciativa dos sócios Santiago Aparicio, Julián Torres e Jaime Abella, nasceu em julho de 2020, nos primeiros meses da pandemia. A solução ajuda empresas a gerenciar outros processos como gestão de contratos, impostos e documentos. O apelo desta tecnologia chamou a atenção de aceleradoras, como a Y Combinator, e de fundos de investimento, que pavimentaram o caminho do crescimento rumo ao mercado norte-americano.
E a escolha, assim como dezenas de outras empresas de tecnologia nos últimos anos, foi basear a operação em Miami. “A porta entre o maior mercado do mundo e a América Latina, sem dúvida, é Miami. Este é o lugar onde as coisas vão começar a acontecer”, afirma o diretor de Operações Julián Torres, em entrevista à Forbes.
Com uma equipe atual de mais de 570 pessoas e atuação em 15 países, a OnTop atingiu a maior taxa de crescimento entre as startups da área de Miami-Fort Lauderdale: 943% frente ao ano anterior, segundo o índice de predição da Growjo, uma plataforma que monitora indicadores-chave de empresas, como o crescimento previsto de receita ao longo do ano, volume de vagas de trabalho, expansão física, entre outros fatores. Segundo este levantamento, as startups do sul da Flórida estão crescendo em média 40% neste ano, enquanto no ano passado a expansão era de 33%.
Na visão do cofundador, um dos principais entraves no mundo financeiro é a movimentação de dinheiro entre os países. “Embora tenhamos criado algumas ferrovias para agilizar e reduzir custos, ainda há muito a ser feito. Esta é uma indústria muito densa e complexa – nós queremos torná-la sexy”, diz Torres. De acordo com o índice de predição, a receita anual da Ontop é de US$ 50,3 milhões (uma média de US$ 87.740 por funcionário), sendo que mais da metade do faturamento vem do mercado dos Estados Unidos.
Modelo de negócio
O modelo de negócio prevê uma assinatura mensal (em torno de US$29) por funcionário gerenciado, além de uma taxa de 1% sobre o pagamento. Nos cálculos do COO, isso representa uma média de US$ 49 de custo sobre um salário de US$ 2.000 enviado ao exterior. As opções de pagamento transfronteiriço disponíveis no mercado costumam ter alta flutuação por questões cambiais, e podem custar até 15% do valor a ser transferido.
A empresa nem precisou de rodadas gigantes de fundos de investimento para alcançar o patamar das que mais crescem na concorrida cena tech de Miami. Até agora, a startup levantou US$ 26 milhões entre rodadas de pré-seed, seed e série A, esta de US$ 20 milhões, um coinvestimento entre Point72 Ventures e Tiger Global Management anunciado em outubro passado. Naquele momento, a empresa tinha cerca de 200 funcionários, menos da metade da equipe atual.
Demanda global leva serviços além do mercado tech
A Ontop começou com base em Bogotá fazendo a conexão entre empresas dos EUA e profissionais da América Latina, especialmente no setor de tecnologia. “Mas muito rapidamente”, comenta Torres à Refresh Miami, “as empresas da Europa e de outros países surgiam querendo contratar pessoas de qualquer lugar, pois o talento está em toda a parte”.
No ano seguinte à fundação, a equipe foi selecionada para a aceleradora Y Combinator – o primeiro impulso internacional da startup. “Desde o início, queríamos nos tornar globais para mostrar que o mundo mudou e ser totalmente remoto permite implantar soluções e escalar rapidamente”, resume.
Além das empresas de software, outros mercados que geraram muita demanda por trabalhadores foram o de petróleo e gás (para obras de infraestutura) e o setor bancário. No ranking nacional da Growjo, a OnTop está em 12o. lugar. A segunda colocada de Miami-Fort Lauderdale na lista, a MoonPay – conhecida como o “PayPal das criptomoedas”– ocupa a 65a. posição entre as que mais crescem.
Startup to watch
Os empreendedores rumaram ao sul da Flórida pouco tempo depois da formalização da rodada série A, em 2021, quando a Ontop foi selecionada como uma das startups promissores da Colômbia pela Forbes. No início de 2022, ela já figurava como uma das “startups to watch” do efervescente setor de tecnologia em Miami. E como uma empresa de natureza remota, não se preocupa em ocupar muito espaço físico: atualmente a organização ocupa alguns escritórios no WeWork Brickell City Centre, sem obrigação de trabalho presencial.
“A mudança para um trabalho descentralizado e global criou uma necessidade global de ferramentas e capacidades organizacionais flexíveis”, resume Shu Nyatta, sócio-gerente do SB Opportunity Fund, com sede em Miami. “Para muitas empresas, o futuro do trabalho está nos mercados emergentes, com equipes espalhadas por várias regiões”.
Imagens: Divulgação/Freepik.
Texto: Fabrício Umpierres.