Ricardo Natale
Impossível não se emocionar com a vitória da Argentina na final da Copa do Mundo do Catar, neste domingo. E a liderança demonstrada em campo – e fora dele – pelo craque da equipe é o ponto alto desta vitória.
A trajetória de Lionel Messi, camisa 10 da Seleção Argentina, é a própria jornada do herói, como descrita por Joseph Campbell. Tem a trajetória completa na biografia de Messi: contratado pelo Barcelona quando tinha apenas 13 anos, fez uma carreira mais do que vitoriosa no clube catalão. Conquistou 38 títulos desde a sua estreia profissional, ganhou sete vezes a Bola da Ouro e igualou a marca do Pelé.
Mas ainda faltava a vitória com a camisa da seleção argentina. O bom desempenho no clube contrastava com a falta de resultados com a camisa azul e branco. Era cobrado pelo comportamento. Tímido, retraído, era percebido como europeu, criticado por não ser passional como Diego Maradona, ídolo a quem deveria substituir no imaginário coletivo argentino.
Messi continuou firme em seu propósito de conquistar um bom resultado com a seleção. Teve maturidade, humildade, paciência. Enfrentou obstáculos que pareciam intransponíveis. Mas persistiu. Acreditou que poderia conquistar este título, tão importante para seus compatriotas.
Estamos falando de futebol. Mas não só. A trajetória de Messi nos traz lições para nossa vida como profissional, como líder, como CEO.
Com sua perseverança, Messi mostra também o senso de pertencimento, mesmo diante de um país que muitos veem como decadente, em crise permanente e sem perspectivas. Pois não é justamente nos momentos de dificuldade que precisamos da união do grupo para virar o jogo e trazer resultados positivos?
A vitória de ontem ajuda a redimir um país que estava havia 36 anos à espera desse título. Na vida, como nas empresas, é importante perseverar. Não desistir diante das dificuldades. Manter o foco, trabalhar diariamente em busca do seu melhor, não se curvar diante das críticas.
E, claro, sempre reavaliar se a estratégia está correta ou se é preciso fazer uma correção de rumo. Decidiu que está no caminho certo? Siga em frente.
A trajetória de Messi nos relembra que um craque não se faz apenas com jogadas maravilhosas e gols, mas também com a capacidade de ler o jogo, pensar rápido e escanear mentalmente os melhores movimentos para criar espaços na defesa adversária, além de servir os companheiros, deixando-os livres na cara do gol.
Isso é exatamente o que Messi cansou de fazer nesta Copa – e em toda a sua carreira. E é o que os CEOs devem fazer: antecipar os movimentos do mercado, identificar tendências, criar oportunidades de negócios onde poucos enxergam e dar condições para que a equipe se desenvolva, cresça e alcance os melhores resultados. O líder também deve ter inteligência para entender quando fazer o time (no campo e nas empresas) avançar, marcar sob pressão, ou quando é hora de mudar a estratégia, chamar o adversário para o seu campo para armar um contra-ataque fulminante.
A imagem de Lionel Messi com a taça na mão e seus colegas comemorando no vestiário também nos mostra o poder da união do grupo – e da importância de celebrar as vitórias quando elas chegam.
Uma excelente lição para este fim de ano.