Pesquisa da Regus realizada durante o Fórum CEO Brasil indica que ativos imobilizados perderam espaço entre as prioridades
O ano de 2021 está prestes a terminar e 2022 caminha para começar em clima de otimismo. A vacinação avançou no Brasil, reduziu o contágio e as mortes pela Covid-19. Com mais da metade da população imunizada com duas doses, as medidas de distanciamento social vêm sendo gradualmente flexibilizadas. Empresas, escolas e instituições públicas retomam as atividades presenciais e a vida social, aos poucos, vai ganhando ares de normalidade em bares, restaurantes e eventos.
Mas o “novo normal” do ano que se inicia é muito diferente do imaginado antes da pandemia. Em países como a Inglaterra e a Rússia, novas ondas da Covid ameaçam fugir do controle. Além da pandemia, o planeta vive uma crise climática de consequências desconhecidas, em um momento de rearranjo de forças geopolíticas, desigualdade social crescente, crise energética, quebra das cadeias globais de suprimentos e inflação de commodities, entre outros problemas de dimensão local.
“O mundo é hoje muito mais VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo, na sigla em inglês)”, diz Marco Santos, presidente para os EUA e para a América Latina da GFT. “Essa incerteza é o novo normal. Vai ser sempre assim. O mundo está muito acelerado, a digitalização está aí. Temos que estar preparados para viver com esses desafios”.
Diante do cenário de incerteza e transformação acelerada, uma das respostas dominantes nas empresas com atuação no Brasil é a mudança no foco dos investimentos. De acordo com levantamento da Regus durante o Fórum CEO Brasil 2021, que reuniu 180 CEOs entre os dias 21 e 24 de outubro, metade dos 59 executivos participantes respondeu que pretende concentrar os recursos que tem na aceleração do crescimento. Outros 19 disseram que a aposta de suas empresas será em inovação e transformação digital. Dez assinalaram a opção core business. Nenhum marcou a opção “ativos imobilizados de longo prazo”.
“A pandemia trouxe a necessidade de todo mundo se reinventar, seja no negócio, seja na digitalização da experiência, ou no ambiente de convívio de trabalho”, diz Tiago Alves, CEO Brasil da Regus & Spaces.
No Grupo CRM, dono de Kopenhagen, Brasil Cacau e Kop Koffee, os processos de transformação digital e ampliação do número de canais de atendimento e entrega permitiram à empresa abrir 70 lojas e crescer 25%, em 2021, conta Renata Vichi, CEO da companhia. Para 2022, ela diz que a meta é de expansão ainda maior, com a abertura de 100 lojas.
Na Amil, de assistência médica, além dos processos de transformação digital, é a retomada da economia no pós-pandemia que anima Edvaldo Vieira, CEO da companhia. Na avaliação dele, a Covid-19 passará de pandemia a endemia. “O mundo vai conviver com o vírus como mais uma doença a ser tratada (como a dengue no Brasil, por exemplo), mas conseguimos enxergar uma retomada importante”, avalia o executivo.
Para Vieira, as eleições provavelmente trarão instabilidade política e mais incertezas quanto ao futuro. De qualquer forma, diz, as empresas terão que aprender a lidar com o cenário, seja ele qual for. A vantagem principal, em relação a agora, é a economia voltando e crescendo, diz.
Entre empresas fornecedoras de produtos e serviços para a adaptação de outras empresas às transformações e tendências do momento, a retomada da economia deve servir como catalisador de um momento que já era favorável, em termos de negócios. Dedicada à tecnologia da informação, a GFT, de Santos, por exemplo, espera crescimento ainda maior da demanda por projetos de transformação digital envolvendo inteligência artificial e aplicações na nuvem no período pós-pandemia.
De forma similar, a Schneider Electric espera crescer embalada por tendências como a indústria 4.0 e a “eletricidade 4.0”, com a automação e a busca por eficiência energética em processos, edifícios e data centers. “Nossa orientação será no sentido de apoiar os clientes nessas duas jornadas e, de quebra, vem o tema da sustentabilidade e do ESG”, afirma Marcos Matias, presidente da companhia no Brasil.
Levando em consideração os quase dois anos de dificuldades e de transformações profundas vividas pelas empresas durante a pandemia, Laércio Cosentino, sócio-fundador do Grupo GHT4, The Family Company, e presidente do conselho de administração da TOTVS, diz que a tragédia serviu para que as pessoas aprendessem que é necessário mudar, inovar e seguir em frente. “Sobrevivemos a 2020, passamos por 2021 e, quando olhamos para 2022, tem que ser um ano de investimentos e de criar novas coisas para seguir crescendo ou voltar a crescer. Isso porque o mundo não parou, nós tivemos um problema mas a vida segue – é isso que os empreendedores têm que pensar”, diz.