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“A tecnologia precisa ser uma aliada para a aula fluir e o professor ser feliz”

O ano de 2020 foi pautado pela pandemia de Covid-19. Os modelos de trabalho, de negócios e de educação foram revistos. O mindset digital, que até então se mostrava tímido em algumas áreas ou apenas aparecia como um plano para um futuro próximo, tornou-se o principal agente de mudança. Foi na educação que observamos um dos impactos mais significativos. 

No livro “O efeito Covid-19 e a transformação da comunidade escolar”, uma coedição entre as editoras FTD Educação e Autêntica, o professor Wagner Sanchez, Doutor em Engenharia Biomédica e Pró Reitor Acadêmico da FIAP, argumenta que a mudança do modelo escolar é urgente, pré-pandemia. Mas as novas circunstâncias colocaram luz sobre a questão.  “(…) É evidente que tentar preservar os atuais modelos é inútil, os jovens buscam novas experiências acadêmicas que privilegiam conceitos significativos e eficientes”, escreveu o professor no capítulo Tecnologia e Educação: Aliadas para uma Aprendizagem significativa

Em conversa com o Experience Club, Sanchez defendeu que a mudança de mindset dos professores é essencial, e que escola e tecnologia precisam caminhar juntas. “Nós temos uma grande oportunidade de provar que as instituições formais fazem a diferença na vida dos alunos. Não é binário, com tecnologia ou sem, tem um meio termo”, diz. 

[Mergulhe no assunto e assista ao vídeo com os principais trechos da entrevista]

O professor acredita que é preciso inovar ou o modelo estará fadado a desaparecer. Pode soar radical, mas no contexto da educação, Sanchez afirma que é bem factível. Isso não significa que professores serão substituídos, mas que deixam de ser o único detentor de conhecimento em sala de aula, passando a atuar como vetor na transmissão da informação.

“O professor é o mais importante nesse processo. Se ele não existir, se ele não pensar diferente, o processo emperra. A tecnologia não substitui o professor, mas é imprescindível para essa transformação no sistema educacional”.  

É preciso mudar o mindset dos educadores 

Acostumado a viajar o Brasil para ministrar palestras e workshops para outros docentes, Sanchez avalia que a mudança precisa começar já no ensino da pedagogia, como estabelecer no currículo a obrigatoriedade desses novos skills digitais. “Precisaria de fato vir um movimento mais nacional via MEC, com uma diretriz mais focada nessa educação 4.0, nessa educação com formato digital”, conclui. 

Durante os meses de distanciamento social, Sanchez viu os professores que já estavam em um processo de mudanças de mindset se adaptaram muito melhor à pandemia. “Eles conseguiram sair do tradicional e ir para outra plataforma e outro formato. O professor precisa ensinar para a vida”. 

Como os alunos mais jovens já são nativos digitais, é preciso colocar a tecnologia como aliada, mudar a forma de se posicionar em sala de aula. “A aula digital é um formato diferente, não é a aula tradicional, expositiva, lousa, onde só um fala, é a colaboração, é análise, esse é o novo modelo que a gente vê a cada dia”, diz Sanchez. 

As aulas à distância trouxeram uma abertura, ainda que tímida, em direção à regulamentação da educação híbrida. Para Sanchez, a tecnologia precisa ser aceita pela grande maioria dos educadores, escolas e pelo Ministério da Educação. “Eu sempre defendi muito esse blend da educação a distância, da educação presencial e do ensino assíncrono. Todos estes formatos têm características muito interessantes para o aprendizado do aluno”, diz Sanchez, que já programa aplicar esse modelo na FIAP em 2021. 

O que já é realidade nas escolas de hoje 

A rapidez das mudanças tecnológicas faz com que novos recursos sejam incorporados no dia a dia de maneira quase orgânica. E o uso da tecnologia vai desde ferramentas que ajudam no aprendizado, até recursos que tornam o ambiente escolar mais eficiente. “Hoje, na escola onde eu sou pró-reitor, os alunos têm todo material didático no tablet, não tem mais livro físico”, relata Sanchez. 

Ele também conta que, em algumas escolas, há leitura bio facial dentro das classes para a realização da verificação de presença dos alunos. Em outros casos, esse mesmo recurso é capaz de reconhecer emoções e analisar o nível de atenção do aluno.

“A gente nem sente saudade mais dos modelos antigos de aprendizagem. Hoje é o card board, cultura maker, hands on, agile learning, learning to do e a tecnologia ajuda em todos esses processo”. 

O segredo é os professores avaliarem onde se encaixa a solução edtech e usá-la para se tornar mais eficiente na transmissão de conhecimento. “Por que eu tenho que ir só para o GLS (giz, lousa e saliva)? Eu posso usar a tecnologia em alguns momentos”.

Para ele, na medida certa e no momento certo, a tecnologia sempre será  uma grande ferramenta. “O professor tem a oportunidade de fazer com que esses formatos deem mais significado à educação do aluno”. 

Texto: Juliana Destro

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