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À espera do IPO, empresas buscam caminhos alternativos

Capitalizados, fundos de Venture Capital são opção preferencial para empresas de tecnologia em busca de dinheiro para acelerar o crescimento, mas o rigor dos investidores na seleção tende a aumentar com o fechamento da janela de oportunidade para a abertura de capital

A janela para aberturas de capital, que já vinha se retraindo nos últimos meses, fechou momentaneamente no Brasil. 

Uma combinação indesejada de fatores negativos – com protagonismo para o conflito entre Rússia e Ucrânia e prováveis rodadas de alta dos juros, para conter a inflação, no Brasil e nos Estados Unidos -, teve o efeito de uma “tempestade perfeita” que desaba sobre o mercado. 

Nesse cenário, a chegada de novos ativos de Renda Variável perde atratividade. E as empresas que estavam se preparando para ir à Bolsa terão de alterar o plano de voo. 

“O mercado é cíclico. No ano passado, a janela estava escancarada. Agora está completamente fechada e, quando se abrir, certamente será de forma mais seletiva. A espera pode ter um lado bom, pois permite que as empresas se preparem melhor. É possível que muitas não estivessem totalmente prontas”, afirma José Augusto Albino, sócio da Catarina Capital, gestora de investimentos especializada em tecnologia.  

Se o mercado de capitais não é uma alternativa viável no momento, em especial para empresas iniciantes e inovadoras, a boa notícia é que há outras opções interessantes de financiamento à disposição na mesa.  

Com os fundos de private equity e venture capital capitalizados, recursos existem. E de sobra. 

Segundo dados da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) e da KPMG, ao longo do ano passado, o investimento de Venture Capital em startups brasileiras somou R$ 46,5 bilhões, alta de mais de 200% em relação a 2020. 

“Nunca falta dinheiro para boas empresas. Claro que, pelas circunstâncias, os gestores ficam mais sensíveis para discutir preço. No mercado de tecnologia, os múltiplos passam por uma correção”, exemplifica William Cordeiro, da SaasSholic. 

O especialista avalia também que startups em estágio inicial – early stage -, terão mais facilidade para levantar capital. Já aquelas que estão próximas de virar unicórnios ou já se tornaram, provavelmente terão de mostrar que estão rodando com maior eficiência operacional para receber novas rodadas com o valor que consideram ideal pela fatia negociada.   

Mundos diferentes 

O caminho de cada empresa enquanto aguarda uma possível listagem futura na Bolsa é individual. Não há uma receita de bolo. Há aquelas que irão simplesmente desistir. Outras receberão aportes de fundos como fontes de financiamento. Há, ainda, as que serão adquiridas por concorrentes.  

“Tudo depende de caso a caso, se a empresa pode aguardar, de como está seu caixa, da urgência e necessidade em conseguir dinheiro para se financiar”, diz Ricardo Rodil, head de mercado de capitais da empresa de consultoria e auditoria Crowe Macro.  

Se, por um lado, os planos de chegar ao mercado de ações foram adiados para muitas empresas, por outro, a vida daquelas que conseguiram acessar a Bolsa recentemente também não está nada fácil.  

“O management de muitas empresas que captaram recursos com planos de crescimento acelerados via fusões e aquisições está pressionado. E, a depender do setor, há ações que estão baratas. Se juntar a fome com a vontade de comer, teremos muitas consolidações e M&As pela frente”, avalia Daniel Laudisio, sócio do escritório Cescon Barrieu. 

“Com ações em queda e algumas empresas operando com prejuízo, a necessidade de funding deve abrir caminho para fusões”, concorda Francisco Aguiar, analista de investimentos da gestora Forpus.

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