Conhecida como uma consultoria e escola que prepara pessoas e empresas para o mundo digital, por meio de uma metodologia de aprendizagem mão-na-massa, a Hyper Island tem sede na Suécia e escritórios em Nova York, Singapura, Londres, Manchester e São Paulo. Seu apelo maior é a capacidade de estimular nos alunos a criatividade e a inovação.
“Nosso negócio gira em torno da educação, da mudança e da transformação tecnológica e social. Ajudamos as pessoas a terem uma mentalidade digital de transformação e dar sentido ao mundo”, afirma Helena Ekman, CEO da Hyper Island desde o início de 2021.
Helena e o diretor-executivo para as Américas, Benito Berretta, conversaram com o Experience Club e compartilharam cinco tendências sobre o futuro do trabalho.
Confira os melhores trechos da entrevista:
1. Perfil T e formação em negócios com tecnologia em alta
“Todo ano, organizamos um workshop com representantes de empresas líderes de diferentes setores, realizamos pesquisas e programas específicos para entender quais são as necessidades do mercado nos próximos três a cinco anos. Neste ano, duas tendências se destacaram: a ascensão dos profissionais generalistas, que têm o poder de fazer as mudanças acontecerem, e a formação em negócios em uma determinada tecnologia.” [Helena Ekman]
“Há uma demanda muito grande por pessoas de perfil T. Estes são os profissionais que têm uma visão generalista – desenvolvimento de negócios, tecnologia, design, habilidade em facilitar a colaboração na equipe e implementar novas ideias – e também o conhecimento em uma disciplina específica.
Por exemplo, uma formação como consultor de negócios em inteligência artificial, da Hyper Island, é bastante valorizada. Há uma especialização na disciplina de IA, mas não se pretende formar programadores e sim pessoas que entendam o impacto desta tecnologia nas diferentes indústrias e saibam como usá-la para alavancar o negócio. Nós ensinamos as pessoas a serem criativas com uma tecnologia específica.” [Helena Ekman]
“Imagine uma equipe com cinco pessoas, todas com perfil T. Além da visão generalista e de negócios, cada colaborador tem uma especialidade técnica diferente na vertical do T. Usando a inteligência coletiva eles conseguem se aprofundar como time em cinco áreas diferentes, potencializando o poder da equipe na solução que estão buscando .” [Benito Berretta]
2. Criatividade: principal competência do líder do futuro
“Se você me perguntar qual é a habilidade mais importante de um líder hoje, afirmo que é a criatividade. Isso significa ter um pensamento flexível, que permite o aprendizado de coisas novas e diferentes e o capacita a ver múltiplas oportunidades à sua frente”.
“Esse profissional desenvolve novas formas de resolver problemas antigos. Para ser criativo é preciso ter energia, gostar de colaborar com outras pessoas e dedicar tempo para evoluir como ser humano – energia, sinergia e regeneração”.
“Se você é um líder que não tem tempo para cuidar de si mesmo, não irá cuidar de sua equipe. É preciso muita disciplina para ser uma pessoa melhor, mas é isso que permitirá sua conexão com a equipe”.
“Líderes que querem ter sempre razão têm como foco tirar as coisas das pessoas. Não há mais espaço para líderes que não sejam colaborativos.” [Benito Berretta]
3. Novos desafios da liderança no trabalho remoto
“A pandemia permitiu a criação de equipes de trabalho globais. Também se tornou mais importante o que o colaborador entrega do que o horário em que ele trabalha”.
“Porém, o trabalho remoto, que reúne pessoas de diferentes países e cidades, impôs um novo desafio aos líderes: como estimular o senso de pertencimento? Os líderes terão que ir além do salário e benefícios para envolver os colaboradores. O engajamento se dará quando eles sentirem que há um significado no que fazem, um propósito.” [Helena Ekman]
4. Economia GIG em franca ascenção
“A economia GIG vai ser a grande tendência nas novas relações de trabalho. Esse é um modelo em que as pessoas trabalham de forma autônoma e flexível para diversas empresas”.
“Por meio de plataformas digitais, estes profissionais se conectam às empresas e trabalham em equipes multidisciplinares, resolvendo desafios de inovação do negócio”.
“As empresas irão cada vez mais contratar pessoas com competências específicas e que não precisam ser colaboradoras fixas. As organizações que fizerem a melhor gestão interna de seu processo de inovação serão as mais bem-sucedidas”.
“Isso não tem a ver com o que elas vão fazer, mas com o como. E isso é uma mudança de mentalidade enorme.” [Benito Berretta]
5. Aprendizado para direcionar o crescimento
“São três os tipos de aprendizado que interessam: o intencional, em que o indivíduo busca conhecimento por conta própria; o meta-aprendizado, que é aprender como aprender, ou seja, estudar novas formas de aprender mais rápido e de reter esse conhecimento; e o aprendizado continuado, que permite a habilidade de aprender novas coisas”.
“Estas três vertentes vão direcionar o futuro da educação. As pessoas vão liderar seu processo de aprendizado e tomar as rédeas de sua vida, ao invés de continuar a serem passivos em relação aos seu crescimento.” [Benito Berretta]
Texto: Monica Miglio Pedrosa
Imagens: reprodução