Ricardo Natale
Nada é mais poderoso e mais sofisticado do que fazer o bem.
Semana passada, mesmo em meio aos preparativos para o Fórum CEO Brasil, que acontece a partir desta quinta, 22, no Guarujá, achei que precisava ver pessoalmente, mais uma vez, o lindo trabalho realizado pela Amigos do Bem no sertão do Nordeste.
Não é uma viagem fácil mas sempre vale a pena entrar em contato com realidades tão diferentes desta nova vida urbana. Peguei um voo de três hora de São Paulo até Juazeiro do Norte, no Ceará, depois duas horas de carro até Mauriti, no sertão cearense, e de Mauriti mais uns 10 minutos até o povoado de Cajueiro.
A Amigos do Bem é uma instituição com 30 anos de existência, criada pela empresária Alcione Albanesi, que atende hoje 150 mil pessoas, em mais de 300 povoados, com a ajuda de mais de 10 mil voluntários.
Lá no sertão cearense eu pude ver como o trabalho da Amigos do Bem impactou aquela região e fez a diferença na vida das pessoas.
As casas já não são mais de barro e pedra, mas de alvenaria. As famílias que não tinham água em casa e precisavam andar quatro horas para pegar água hoje tem
água encanada. Os filhos participando do Centro de Transformação, que atende crianças desde os dois anos de idade até a faculdade.
E não se trata apenas de doação de bens materiais, não é só amparar essas famílias com casa e comida – embora isso seja parte essencial do trabalho deles, junto com os voluntários. Impressiona também a organização de todo o processo. Todas as pessoas atendidas são cadastradas, tem um QR Code, uma carteirinha. A organização controla se a família precisa de alguma coisa, se tem alguém doente.
A Amigos do Bem é uma operação complexa com várias áreas de atuação. Tem uma construtora de casas que transforma as moradias, uma operação de logística para levar os alimentos, tem uma indústria de castanhas, de pimentas, de vários produtos que são plantados na região da seca, adaptados para o clima árido.
Mas o mais impressionante, que tem um paralelo importante com o mundo empresarial, é a metodologia utilizada por eles. Para transformar a vida das pessoas, não basta doar. Tem que ensinar, dizer para as famílias a importância de ajudar o próximo, mostrar que mesmo os que estão em situação precária podem fazer alguma coisa pelo outro. É um trabalho de conscientização, de civilidade. A Amigos do Bem ensina também valores a todas essas pessoas.
Eu faço um paralelo da inovação no mercado. Não basta a empresa ter tecnologia, ter dinheiro, trazer os melhores fornecedores. Não basta só implementar. Tem que ter processo, metodologia, governança, para realmente provocar uma transformação.
A Amigos do Bem é um exemplo de governança para o mercado e para o Brasil.
Por isso, a Alcione e a Amigos do Bem estarão conosco no Fórum. E esperamos que os amigos do mercado também se engajem nessa jornada de transformação com a gente. Fazer o bem coletivamente é sempre melhor. É assim que a gente começa a mudar o mundo.